"O fogo nas minhas veias sonha profundamente com o amor e me lembra que eu estou viva".
Morana sentiu o cheiro dele quando acordou e, ainda de olhos fechados, sorriu.
Estava na cama de Ithan e o cheiro dele preenchia todo o quarto. Morana se sentou na cama, esticando os braços, se espreguiçando. Se inclinou e alcançou seu celular. Passava das sete da manhã e se assustou por ter dormido tanto, nunca ficava na cama depois das cinco e meia. Felizmente não tinha mensagens ou ligações perdidas de seu comandante exigindo a morte de alguém. Viu algumas mensagens arrependidas de Lidia e de um número novo que, pelas mensagens, dizia ser Ruhn. Morana leu as mensagens do feérico.
A maior parte era sobre como todos eles tinham ficado preocupados com ela e que dariam um jeito de resolver isso juntos. Ruhn pediu que ela perdoasse Lidia pelas palavras grosseiras e maldosas, alegando que sua mãe estava descontrolada e que se arrependia por ter dito o que disse.
Morana salvou o número de Ruhn e deixou as mensagens sem uma resposta. Outra hora responderia, ou talvez não. Não estava muito interessada, no momento, em pensar na sua mãe e nas palavras que as duas tinham dito uma para a outra.
Ela deixou o celular de volta na mesa de cabeceira e engatinhou com suavidade até a borda da cama. Morana deita de barriga para baixo conforme observa o rosto adormecido de Ithan Holstrom. Um sorriso cruza seus lábios e ela toca sua boca com a ponta dos dedos, lembrando do beijo que tiveram ontem. O corpo de Morana se acende com um tipo diferente de calor, um que nunca tinha sentido antes. Lembra-se do frio na barriga que sentiu ao beijar o lobo e como se sentiu ao ser preenchida pela sua língua.
Quando ele a beijou, Morana desejou que ele nunca parasse. Desejou sentir mais, de uma forma diferente e mais carnal, mais intensa. Desejou sentir mais... só não sabia bem o que era, o que queria. Como Tharion havia dito, ela ainda era nova nesse tipo de coisa. Não sabia como as coisas funcionavam e, mesmo que já tenha lido alguns livros de romance erótico — o último sendo o livro emprestado de Malana —, Morana ainda não sabia o que fazer. Por em prática uma coisa que sempre esteve na teoria era complicado e vergonhoso, e Morana não queria passar vergonha. Não queria que Ithan pensasse que ela era uma inexperiente sem graça, mesmo que fosse.
Ela fica olhando para ele por longos minutos, observando com atenção os detalhes de seu rosto sereno. O desenho das sobrancelhas, a curva dos lábios, a espessura dos cílios, o formato do nariz, o cabelo castanho que tinha alguns cachos em cima... tudo nele era perfeito, Morana constatou. Ele era lindo — e tinha beijado-a ontem à noite como se fosse morrer caso seus lábios se separassem. O pensamento fez Morana enrubescer.
A menina se assustou quando o viu sorrir, ainda de olhos fechados, e dizer de forma presunçosa:
— Está gostando da vista?
Sentia que poderia morrer agora mesmo, tamanha sua vergonha em ser pega no flagra, observando-o. Morana girou na cama e voltou a colocar a cabeça no travesseiro, cobrindo o rosto com o edredom e miseravelmente fingindo que estava dormindo. Controlou a respiração e fechou os olhos quando ouviu Ithan se levantar de onde dormia no chão. O colchão ao seu lado balançou e afundou quando alguém se jogou sobre ele. O cheiro de Ithan atravessou o edredom que cobria o rosto dela. Morana ouviu sua risada e sentiu quando ele a cutucou.
— Eu sei que você está acordada — ele cantarolou, rindo baixinho. Ele a cutucou outra vez. — Vamos, olhe para mim. Da mesma forma que você estava aproveitando a visão do meu rosto quero ter uma vista do seu lindo rosto.
Ela estava corando quando se virou e colocou apenas os olhos para fora do edredom. O sorriso cintilante no rosto de Ithan o deixava mil vezes mais bonito, mais leve e mais jovem, sem aquele peso sobre os ombros de ser um líder. Os olhos castanhos brilhavam de alegria silenciosa quando ele apoiou a cabeça na mão e olhou para ela todo sorridente.
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✓ 𝑵𝒐𝒃𝒐𝒅𝒚'𝒔 𝑫𝒂𝒖𝒈𝒉𝒕𝒆𝒓 | (𝐶𝐶𝐼𝑇𝑌 𝑎𝑓𝑡𝑒𝑟 𝐻𝑂𝐹𝐴𝑆)
FanficMorana não tinha um sobrenome, não tinha uma história, não tinha um passado nem um futuro. Tudo o que sabia era que fora abandonada ainda recém nascida e enviada para um dos navios-cidades controlados pela Rainha do Oceano. Aos doze anos, após um in...