𝐷𝐼𝐴 5

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"Há um grito interior que todos nós tentamos esconder; nós suportamos tanto e não podemos esconder que isso nos devora por dentro".


Na manhã de sábado, Morana se levantou, arrumou a cama perfeitamente e foi até a academia. Quando voltou, tomou um banho, escovou os cabelos, se vestiu com o uniforme costumeiro e repetiu a rotina anterior à sua saída: verificou a trava da arma, enfiou uma faca no cano da bota, colocou o celular e o cartão de crédito num bolso e apertou os cadarços bem firmes. Ela tomou café tranquilamente no restaurante do terraço, vazio a aquela hora da manhã. Em seguida, quando o sol já estava começando a esquentar o dia e evaporando a neblina da madrugada, Morana saiu do hotel e caminhou sem pressa até o antiquário da senhorita Bryce Quinlan.

Tentava usar aqueles minutos sozinha e com as ruas movimentadas para refrescar a cabeça tão tempestuosa desde ontem a noite. Seu encontro com o foragido da rainha terminou em pouco tempo; Morana fez a ele as perguntas enviadas em uma lista por Davos, exigindo uma resposta. O macho respondeu menos de meia dúzia, mesmo com todo o sofrimento tortuoso que Morana infligiu a ele. Depois, implorou por sua vida até se engasgar em choro e sangue.

Morana foi implacavelmente fria quando ergueu a pistola e atirou entre os olhos do macho. Ela ficou um tempo olhando para o corpo sem vida antes de enviar uma foto do seu trabalho concluído para Davos, informando-o sobre a localidade do corpo para que outras pessoas pudessem lidar com o cadáver.

Morana agradecia por não ser sua função lidar com a vítima depois da morte. Seria crueldade demais ser a responsável por se desfazer da pessoa que havia passado os últimos quarenta minutos torturando em busca de informações para sua rainha. Ela era forte, sabia disso; seus tutores se asseguraram de que ela tivesse uma resistência formidável no que diz respeito a sessões de tortura, mas ela sabia que seu interior não conseguiria lidar com os trâmites posteriores a uma morte causada por ela mesma. Ela ficava meramente aliviada por seus superiores conhecerem-na bem o bastante para saber sobre seus limites.

Antes de chegar ao antiquário, ela entrou em um bistrô e comprou três caixas de bolinhos. Pediu que fosse embalada e pagou uma taxa extra pela decoração com um laço em cima. Morana segurou firme a alça da sacola entre as mãos, olhando o tempo todo para o conteúdo dentro do saco durante os últimos quarteirões até seu destino.

Empurrou a porta de vidro e teve que se espremer para dentro. Quinlan não havia mentido ao dizer que o lugar fica lotado aos finais de semana. A recepção estava cheia de pessoas de diferentes Casas e idades. Ester tentava ser o mais ágil possível em entregar as pulseiras de acesso e receber o pagamento da entrada. A mulher humana sorria simpática mesmo que alguns clientes resmungassem pela demora.

Morana se sentiu irritada pela falta de empatia com a recepcionista, claramente sobrecarregada pela multidão à espera de ser atendida. Não conseguiu evitar lançar um olhar feio para uma dupla de amigas feéricas à sua frente, resmungando como a humana era lenta e que deveria ser substituída. O sangue de Morana correu mais rápido, e teve que pressionar os lábios para controlar suas palavras e o temperamento esquentado que começava a aparecer sobre sua personalidade treinada para suprimir os próprios sentimentos.

Depois de alguns minutos, Morana finalmente estava em frente a recepcionista. Ester lançou um olhar de reconhecimento alegre ao vê-la outra vez.

— Bom dia querida, outro encontro com a senhorita Quinlan? — Ester deslizou o dedo sobre a página aberta de uma agenda, provavelmente procurando sobre o agendamento do encontro das duas. — Eu não vejo um encontro hoje entre vocês.

— Ela está me esperando. Mas também vim pelos livros — Morana respondeu, sendo verdadeira. Ela estendeu o cartão de crédito para Ester. — Um ingresso, por favor.

✓ 𝑵𝒐𝒃𝒐𝒅𝒚'𝒔 𝑫𝒂𝒖𝒈𝒉𝒕𝒆𝒓 | (𝐶𝐶𝐼𝑇𝑌 𝑎𝑓𝑡𝑒𝑟 𝐻𝑂𝐹𝐴𝑆)Onde histórias criam vida. Descubra agora