Capítulo 31

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A adolescente albina divagava enquanto espreitava o céu iluminado pelas estrelas daquela noite, o som do vento batendo contra as folhas transmitia uma paz que contrastava com o turbilhão dos seus sentimentos.



Yumna estava sentada no campo de flores que balançavam seguindo o vento, escondeu o rosto entre os seus joelhos.


Ela odiava discutir com o seu pai mas a conversa que tiveram a deixou num mistura de sentimentos. Deseja conhecer o seu pai desde a infância, porque Kito refutava a ideia de encontrá-lo novamente? Será que Joelson a aceitaria ou a rejeitaria?




Yumna ergueu o rosto quando sentiu algo frio contra o seu braço. A primeira coisa que encontrou foram os olhos dourados realçados pelo seu pelo branco iluminado pelo luar.


—— Sara? —— Fascinava tocou o focinho da alfa que fechou os olhos e balançou a cauda mostrando gostar do gesto.

Yumna ficou boquiaberta ao ver o lobo se transformando em Sara, alguém normal e autoconsciente teria saído correndo entretanto a humana acompanhou cada movimento ansiosa.


Sara tirou os longos fios negros do seu rosto quando assumiu a forma humana. Os olhos azuis cansados encaram a albina que a olhava como se fosse uma escultura divina e não podia culpá-la.




Yumna soltou um grito ensurdecedor ao ver o que Sara tinha entre as pernas, bem, todos os humanos normais reagiam assim sempre que a viam nua.





—— Você tem… —— Sara sorriu fraco das bochechas avermelhadas da albina que jogou o casaco que vestia.



—— Os meus olhos! A virgindade dos meus olhos! —— Dramatizou fingindo horror e a morena gargalhou alto segurando a sua barriga, fazia tanto tempo que não ria daquela forma.





—— Humanos são engraçados —— A alfa disse limpando as lágrimas do canto dos seus olhos.

—— Eu sou uma alfa dominante, é normal que tenha um pénis —— Comentou calma como sempre recebendo o casaco que a humana usava para se cobrir.

—— O meu pai vai me matar se descobrir que vi um pau —— Deu tapinhas no rosto se recompondo. Sara riu das caretas que Yumna estava fazendo mas não podia culpá-la.




—— Por falar em pai, o seu está bastante preocupado e ficar sozinha aqui pode não ser a decisão mais segura a tomar —— Falou enquanto enrolava o tecido envolta da sua cintura.




Yumna abraçou o próprio corpo chateada por lembrar da discussão que teve com o seu pai.



—— Ele sabe que sempre quis conhecer o meu pai. Depois de anos, ele volta e não me diz uma palavra, doeu saber disso —— Falou a menor ressentida e Sara sentou atrás da humana a envolvendo num abraço.





—— Vocês sentem mais frio que nós —— Explicou quando Yumna fez menção de abrir a boca e calou-se aproveitando calor da pele da alfa.





—— O Kito passou por muita coisa desde que vocês chegaram aqui. Bem, ser o escolhido de Luna, parceiro do meu irmão, ter um povo inteiro para liderar. Qualquer um iria surtar caso acontecesse e ainda acredito que ele tenha os seus próprios motivos para não ter contado antes —— Comentou olhando para a mansão ao longe.






—— Não me entenda mal. Eu sei que o meu pai passou por muito e não sou contra o relacionamento dele com o Patrick mas eu me sinto traída —— Yumna olhou para cima quando notou o corpo tenso da morena.

—— Não se mexe! —— Sara ordenou ainda olhando fixamente para a frente como se alguma coisa estivesse vindo até eles e realmente algo vindo.


O coração da albina quase saiu pela boca quando viu a ponta de uma flecha bem no meio da sua cara.

Yumna estremeceu de medo quando viu um vulto se movendo nas sombras, os olhos vermelhos carmesim olhavam para si sedentos por sangue.

—— É ele! —— Sara murmurou perto do ouvido de Yumna que estava imóvel por causa do medo, os seus ouvidos estavam em estado de alerta por causa do que acabou de acontecer.

Ela olhou novamente para a flecha que tinha a ponta de prata ainda incrédula que o seu próprio pai havia tentado mata-la.


Enquanto isso, dentro da mansão, Kito andava de um lado para outro preocupado com o paradeiro de sua filha.



—— A minha irmã está com ela, não vai acontecer nada —— Patrick disse segurando a sua mão e o trouxe ao seu colo. O homem tatuado segurou o corpo magro do seu parceiro que estava tenso.




—— Eu não devia ter contado sobre o pai dela —— Retrucou sentindo os seus olhos arder e os seus olhos voltaram para o dedo onde o seu anel devia estar.


Desde o momento que viu Joel vivia se questionando se tinha feito a escolha certa ao se entregar a outro homem, se o seu relacionamento com o alfa não era um erro.


O alfa sentia a angústia do humano que estava perdido nos seus pensamentos. Patrick encostou os lábios no pescoço de Kito que inclinou a cabeça permitindo a carícia.



—— Fizeste a coisa certa e de certeza que ela volta, só precisa de um tempo —— Kito entrelaçou as mãos cobertas pela tinta preta, como era possível sentir-se tão seguro num simples abraço?


Os braços fortes envolvendo o seu corpo, o calor de Patrick, o seu cheiro, o som da sua respiração calma, o coração batendo forte contra o seu peito, o humano desejava ficar ali para eternidade.



—— Porque me sinto tão seguro quando estou contigo? É por causa da marca? —— Questionou dobrando as pernas desnudas para se encaixar no colo do alfa.

Patrick aumentou o aperto ao redor de Kito que ficou assustado ao notar os olhos dourados do parceiro.

—— É porque eu te amo e quero vocês seguros, você e a nossa filha —— Kito mostrou um sorriso genuíno ao notar a reacção sincera do maior.



O homem negro mordeu o lábio inferior externizando o seu nervosismo e Patrick percebeu através da sua ligação que algo incomodava Kito.

Porém o barulho dos passos rápidos despertaram a sua atenção e o casal se levantou quando viu a albina correndo em sua direcção.


—— Pai! —— Yumna disse pulando nos braços do humano que ficou sem reação por uns segundos antes de voltar atenção para a sua filha.



Kito baixou o olhar envergonhado ao contemplar o peito nu de Sara que não mostrava sinais de constrangimento por estar nua.



—— Veste uma roupa, mulher! —— Kito cobriu os olhos de Yumna chocado com a cena completamente alheio ao seu namorado que segurava a risada.




Sara, sem pressa alguma caminhou tranquilamente pela enorme sala e os empregados que também pareciam estar acostumados continuaram  com os seus afazeres.



—— Estás bem filha? —— O professor perguntou apertando as bochechas coradas de Yumna, provavelmente por causa do frio que fazia durante a noite.




—— Tou, tou. Pára de apertar a minha cara! —— Resmungou fingindo estar irritada. Kito deixou um beijo na testa da sua filha que abraçou o pai.



—— Eu te amo —— Kito fintou Patrick que o encorajou a retribuir o gesto da adolescente albina.

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