Capítulo 01

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—— O seu chefe está sendo muito generoso para o meu gosto —— Exclamou a menina colocando a roupa dentro da sua mala, o seu pai sorria feliz por estar indo começar a trabalhar na semana seguinte.

—— Ela disse que o senhor Ironhrust tem uma cerimónia de abertura e gostaria que nós fossemos, só isso —— Respondeu fechando a mala de Yumna que franziu o cenho.

—— Ainda acho estranho essa pressa mas se te faz feliz, está tudo bem —— O estômago de Kito pediu por alimento, Yumna riu do seu pai —— Eu não estou com fome mas não quero ter que chamar os bombeiros —— O homem mais velho sentiu o rosto esquentar com o comentário da sua filha.

—— Você é um anjo! —— Beijou o rosto do menina que revirou os olhos ao ouvi-lo. O seu pai era um terror na parte da cozinha porém conseguia fazer o básico para se sustentar ao contrário de Yumna que era boa por causa da sua avó, mãe de Kito —— Quanta bajulação, senhor António —— Falou indo saindo do seu quarto.





Kito terminou de arrumar a casa enquanto a filha preparava o pequeno almoço para os dois. O homem olhou para o anel dourado no seu dedo e uma foto do homem que tanta amava, e guardava belas memórias.

—— Pai? O pequeno almoço já está pronto —— Sobressaltou-se, limpou as lágrimas que mal havia notado que caiam, foi até a filha.

—— A vovó não vai gostar nada quando descobrir sobre a mudança —— O Kito suspirou ao lembrar de sua mãe, ela não gostava que ele não vivesse na mesma casa que ela imagina numa noutra cidade —— Essa é uma oportunidade única para nós. Eu vou lecionar numa escola de Bom renome e você ganhou uma bolsa na mesma escola, terás um futuro brilhante, não vou desperdiçar isso para agradar a ninguém nem mesmo a minha mãe —— Disse levando os ovos mexidos a boca.





—— Espero ganhar um padrasto e um irmãozinho —— O mais velho engasgou-se com a comida assim que Yumna murmurou com os olhos claros por detrás dos óculos e continuou comendo normalmente mesmo vendo o espanto no rosto do pai —— O que? Eu quero um irmãozinho —— Disse sincera.




—— Sabes bem que não posso dar-te isso. Vamos indo ou iremos chegar tarde e não conhecemos bem as ruas, pode ser perigoso —— O rosto vermelho de Yumna mostrava a sua indignação porém o mais baixo apenas fingiu, ele não queria ter um parceiro, mesmo passando 10 anos ainda sentia que era muito cedo para entrar num relacionamento novo.







A viagem de Namuno para Springville levaria umas 4 horas de carro caso a estrada estivesse em boas condições mas não era o caso enquanto a viagem durou mais tempo com algumas paragens para irem a casa de banho ou comer.



—— Esse acento vai arrancar a minha bunda se eu ficar sentada por mais um minuto —— Yumna reclama puxando as madeixas douradas, as tranças cobriam às suas orelhas até o queixo, ela tinha o cabelo crespo assim como os seus pais porém Kito era moreno e tinha mexas que ia até à suas costas.



—— Eu também mas aguenta um pouco, falta pouco para chegarmos —— Disse ao ver a placa escrita "Bem-vindo à Springville" e Yumna agradeceu internamente quando viu um caminho que levava à floresta que ficava cada vez mais densa.

—— Isso é o fim do mundo —— Exclamou cruzando os braços chateada ao ver o luar iluminar a floresta densa que os cercava, podiam escutar lobos uivando e grilos cantarolando e Kito concordava com a filha, os dois tinham pavor de insectos ou roedores —— Não julge o livro pela capa, Yumna —— Sorriu ao conseguir contemplar lâmpadas acesas e viu algumas casas.


Continuou até chegar ao endereço que havia recebido, parou em frente a um portão gradeado, no seu interior era possível ver a grande cachoeira de água cercada por várias flores e o estátuas de pedra que lembravam a época mediaval que via nos filmes. O portão abriu dando passagem para os dois que estavam cada vez mais curiosos com aquele lugar misterioso.


—— Fomos parar no inferno! —— Yumna disse descendo do carro e o pai fez. O Kito, um pouco assustado olhou para a filha que se aproximava dele também com medo visível nos seus olhos, caminharam até chegar a porta ilumina da enorme casa, os dois gritaram quando uma mulher apareceu na sua frente.

—— Você não está totalmente enganada, senhorita Yumna —— A mulher vestida de branco disse revirando os seus olhos castanhos diante a reacção dos seus visitantes. A Yumna olhou com admiração para fugira esbelta da mulher de grandes olhos azuis que a encaravam cansados, os fios pretos presos num rabo de cavalo dizia realçam o queixo definido, Kito belisca a filha quando notou os seus olhos que olhavam para a anfitriã sem piscar.





—— Eu sou a Sara Ironhrust, entrem, por favor —— Bateu palmas e em segundos vieram duas moças e um homem de terno para recebê-los —— Levem tudo para o quarto deles —— O homem mais velho quis protestar pois não queria incomodar ninguém com as suas malas entrentando o olhar penetrando de Sara o fez se calar.

—— Sigam-me! —— Pela sua compostura, Kito e a sua filha havia percebido que a bela Sara gostava de dar ordens entretanto a seguiram para dentro da enorme casa, as paredes pintadas à branco enalteciam as lâmpadas brancas espalhadas pelo enorme salão. Os dois ficaram sem palavras ao contemplar tamanha beldade, os quadros nas paredes e vasos com aparência exótica porém belas e caras acrescentava o mistério e ar mediaval na casa.




—— Você devem estar com fome, irei mostrar onde ficarão depois. Por favor, sirvam-se e sintam-se a vontade para pedir o que quiserem —— Os olhos claros de Yumna brilharam fascinados com a enorme mesa recheada de todo o tipo de comida e as empregadas à espera delas, ela sentiu-se uma princesa vindo directo de um conto de fadas.

—— Essa comida serve para fazer um banquete, não quer nos acompanhar? —— Kito disse sério porém estava pulando de alegria por não ter que sofrer queimando a comida e depender da filha que cozinhava sempre para os dois. A mulher com as costas rectas sentou à mesa apenas uma cadeira a separando de Yumna.





—— Vamos logo, eu estou faminta e morrendo de cansaço —— Um sorriso brotou leve se via em Sara quando a menina exclamou com o rosto vermelho e o homem mais velho quis se enfiar num buraco —— Onde está o senhor Ironhrust? Não o vi desde que entramos —— O professor questionou querendo amenizar a vergonha, algo que funcionou pois a mulher tornou à sua atenção para si.




—— Ele e a minha mãe foram supervisionar a cerimónia de abertura que vai acontecer amanhã mas devem voltar antes da meia noite —— Murmurou levando o garfo cheio à boca, o seu beef estava quase cru porém ele não quis comentar as pessoas têm diferentes gostos culinários.





—— Agora estou curiosa sobre essa cerimónia —— Conversaram e após a refeição as longas horas de viagem mostraram o seu efeito sobre os dois humanos, a mulher quase da mesma idade de Yumna os guiou até o quarto —— O seu quarto, senhorita Yumna —— Abriu a porta para jovem albina porém Kito foi impedido quando fez menção de entrar.




—— O seu quarto é aquele, senhor Meneses, ordens do meu pai —— Disse Sara e Kito sem escolha apenas assentiu, deu um abraço apertado na filha antes de cada um ir para o seu devido quarto. O homem caiu na cama deixando o cansaço tomar conta do seu corpo, com muito esforço tirou a roupa, fez uma banho quente sem molhar as tranças. Vestiu uma roupa confortável e caiu no sono sem perceber que estava sendo observado.

—– Tens a certeza disso, Hunter? —— Perguntou uma voz feminina para o homem moreno que olhava para a janela do quarto onde Kito dormia alheio a sua presença —— Absoluta, Layla ou o futuro da nossa alcateia estará condenado. Se o nosso filho não nos ouve, talvez ele dê ouvidos ao seu parceiro —— Balbuciou incerto.

—— Que Luna te ouça, querido, Luna te ouça —— Dito isso os dois olharam para a lua cheia que brilhava no céu antes de voltar aos seus afazeres.

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