Capítulo 12

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—— Sinto muito —— Pediu Kito assim que entrou no escritório do seu chefe. Hunter aguardava ansioso pelo humano pois queria esclarecer o que estava acontecendo mas o profissional desculpou-se assim que entrou no escritório.

—— Sei que mereço ser demitido mas eu peço, me dê uma chance —— Explicou-se deixando o velho alfa sem reação por uns segundos. Hunter ergueu a sua grande altura caminhando para o menor que tinha a cabeça abaixada.


Kito ergueu a cabeça quando escutou um grande estrondo e correu desesperado para ajudar o homem caído no chão.

—— As minhas costas —— Grunhiu de dor ao levantar, o homem tinha uma presença imponente que dificilmente alguém acreditaria que é desajeitado em casa.

Kito lutou para ajudar o homem a sentar-se, ele tinha quase o mesmo tamanho de Patrick tirando que o seu filho possuía mais músculos definidos diferente do seu pai.

—— É a dona Layla, senhor—— Rosa informou ofegante, ela deve ter vindo a correr. O homem grisalho levantou-se sem reclamar da dor nas costas logo que percebeu o que a mulher quis dizer.

—— Você tem certeza? —— Kito seguiu os dois pelo corredor da mansão, a cada passo que davam podiam ouvir os gritos ensurdecedores de Layla e o humano parou, lembrava muito bem da sensação de trazer uma vida ao mundo.

—— É normal o bebé nascer uns dias antes do previsto. Vamos levá-la ao hospital ou o médico vem pra cá? —— Comentou de repente quando chegaram a porta do quarto de Layla, ele não queria entrar nos aposentos do chefe.


—— O médico já está a caminho —— Respondeu Rosa, elas eram ricos claro que teria um médico particular.

Abriu a porta, revelando a mulher gemendo de dor na cama. Layla tinha os fios negros bagunçados, a pele estava molhada de suor. Hunter ajoelhou-se ao lado da sua esposa e segurou a sua mão.

—— Me ajuda —— Layla pediu com urgência na voz. O seu marido seguiu os olhos da mulher que estavam presos na porta ainda aberta onde Kito estava em pé esperando autorização para poder entrar.

—— Eu? Não sei nada sobre isso, será melhor esperar o médico —— Rosa empurrou levemente o humano, nervoso entrou no quarto e direcionou-se em direcção da mulher ofegante.

—— Só segura a mão dela —— Hunter afastou-se da esposa dando espaço para o seu futuro genro. Angústia tomava conta de si, era como se podesse sentir o sofrimento de Layla.

Segurou a mão da mulher e em segundos ela parou de se contorcer. Todos incluindo Kito ficaram espantados com a cena, o alfa percebia o motivo do seu filho estar tão preocupado com a sua alma destinada.

—— Você é mais especial do que imagina, Kito —— Disse Layla com um leve sorriso e Kito sentiu um formigueiro leve abaixo do ventre.

—— O médico chegou! —— Suspirou em alívio, saiu do quarto as pressas, ansioso para ver o que estava formigando abaixo do seu ventre porém esperou que a criança nascesse.

Passados alguns minutos, o choro do bebê ressou pelo corredor e Hunter junto de Kito soltaram o ar que prendiam em alívio.

—— É uma menina forte e saudável. Parabéns! —— Disse o médico saindo do quarto. O humano parabenizou o seu chefe e sem mais demora seguiu em direção ao seu quarto.



—— Decidiu sair do seu quarto? —— Apertou o seu vestido azul escuro na tentativa de reprimir o seu nervosismo, ele não estava pronto para enfrentar Patrick depois do cio porém sabia que não tinha volta.

Patrick frustrado com o silêncio do seu companheiro, caminhou até parar atrás de Kito que olhava para a maçaneta da sua porta.

Os seus olhos azuis entediados brilharam ao observar o homem que estava o enlouquecendo e lembrar dos momentos que possuiu aquele corpo maravilhoso.

—— Patrick! —— Choramingou quando este presou o seu grande corpo contra o seu. O alfa afundou o nariz nas tranças do homem negro exalando o aroma que adorava.

Kito virou-se para o homem tatuado, ele podia sentir o cheiro a álcool vindo dele e pelas pupilas dilatadas, pareciar estar chapado.

—— Não vou ter essa conversa com você bêbado —— Patrick sorriu com a resposta dele, ergueu-lhe o rosto pelo queixo para encontrar aqueles olhos castanhos vividos.

—— Porque você está me evitando? Não sou bom o suficiente? Te machuquei? —— Kito mordeu o lábio inferior ao perceber o sofrimento na voz do mais novo.


—— Não é isso, Patrick —— Disse tentando fugir do seu toque porém o maior não permitiu e rodeou a sua cintura o aproximando de si.


—— Então o que é? —— Kito sentia como se o seu coração fosse pular do peito a qualquer momento, os seus lábios coçando para serem usados pelo homem mais novo, a pele formigando para sentir o toque atencioso daquelas mãos ásperas.


—— Eu sou casado —— Mentiu convencido de que era a melhor maneira de dar um fim àquele sentimento que estava brotando dentro dele.

—— Amo o meu marido e não posso trair a sua confiança —— Falou, desviando o olhar de Patrick que olhava desapontado, ele já havia visto o anel no seu dedo mas mesmo assim deixou-se levar pelo seu desejo.


—— Ama? Porque não disse isso antes de se entregar a mim? —— Patrick soltou um suspiro pesado, afastando-se lentamente. O álcool misturado com a tristeza estava estampado em seu rosto.

Kito sentiu um grande remorso por estar usando o seu falecido esposo para fugir do moreno. O alfa sentiu-se decepcionado e o silêncio do menor apenas piorava a situação.

—— Deixe-me levar pelo calor do momento e estava sem sexo há tempos, só isso —— Patrick não gostou nada de escutar aquilo, só piorava as coisas para o seu lado pois mesmo que quisesse não conseguia estar zangado com ele pois em parte sabia que o seu cio havia contribuído.

Kito sobressaltou-se assustado quando o alfa bateu o punho contra a parede em puro ódio.

—— Foram três malditos dias de puro sexo. Você consentiu a cada momento que tivemos e vem me dizer que foi o calor do momento? —— Disse em fúria, por saber que nunca poderia estar no lugar do homem que tinha colocado o anel no dedo de Kito.

—— Eu sei, mas se coloca no meu lugar, Patrick! Tudo está acontecendo tão rápido que não consigo acompanhar e tem o meu marido —— Disse abraçando o próprio corpo, estava se contendo para não chorar.

—— Devia ter me dito antes de tudo isso, Kito. —— Ele murmurou, deixando o humano sozinho no corredor, dividido entre o dever e os sentimentos confusos.


Patrick estava espumando de raiva e escutar os soluços do humano estava piorando tudo, odiava fazer alguém chorar.

Foi ao bar procurar mais bebida, ele precisava se embriagar o máximo que conseguia para esquecer aquela dor deliserando o seu peito.

—— Que merda! —— Bateu contra a mesa e mesmo sentindo dor não se comparava ao que sentia emocional.

Em momentos como aqueles que detestava ser um alfa dominante, mesmo não tendo marcado o humano podia sentir o seu sofrimento.

—— Porque está fazendo isso comigo, Luna? —— Lamentou quando ouvia os gritos angustiados do seu companheiro afinal, porque Kito chorava se quem sofria era ele?

—— Patrick! —— Hunter correu imediatamente para o filho assim que o vídeo bebendo álcool como se fosse água.

—— O que você quer? —— Perguntou rudemente e Hunter apenas tirou-lhe a garrafa de vodka antes de acompanhar o filho caindo de bêbado para o seu quarto.

—— A sua irmã nasceu, filho —— Contou para o seu primogénito. Este cantava com lágrimas nos olhos e por um momento Hunter se questionou onde havia errado para o seu filho ter se tornado naquilo.


—— Que Luna nos ajude —— Orou olhando para o céu na esperança que as suas preces fossem atendidas.

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