O grande dia da verdade havia chegado: o dia que o resultado do vestibular sairia. Peguei o notebook para acessar o resultado e Elisa e minha mãe estavam atrás de mim.
Algumas horas antes eu e Elisa tínhamos jogado "pedra, papel ou tesoura" para saber qual a felizarda que veria o resultado primeiro, e claro, a felizarda foi eu.— E que rufem os tambores. — Elisa começou a batucar alguma coisa atrás de mim e eu não sabia se ria ou se reclamava com ela.
Depois de longos minutos alternando entre alguns cliques e respirações profundas lá estava o meu resultado. Imediatamente fechei a cara e me virei para as duas.
— Então gente... Eu... —fiz uma pausa tentando fazer suspense.
— Você o que Anne? Desembucha logo! Essa sua cara está me assustando. — A morena disse em completa aflição.
— Tenho que concordar com ela. —
Minha mãe declarou.— Eu passei! Gente, eu passei!
E então uma sequência de pulos e gritinhos tomaram conta do meu quarto e logo em seguida foi a vez de Elisa acessar seu resultado, assim que ela começou a gritar sabiamos que ela também havia sido aprovada. E lá vamos nós em outra rodada de pulos e gritos.
— Precisamos comemorar, Anne. Que tal o café aqui próximo? Não o que inaugurou, e sim o mais próximo que íamos durante o ensino médio. A torta de morango de lá era ótima, lembra?
— Como eu poderia esquecer? Por mim, tudo bem, vamos?
De repente Elisa e minha mãe me olharam da cabeça aos pés e se entreolharam.
— Querida, sei que geralmente você preza pelo conforto, mas que tal colocar uma roupa mais arrumadinha? Nunca se sabe quando iremos esbarrar com o amor da nossa vida... — minha mãe aconselhou e
Elisa acenou com a cabeça em concordância, e minha intuição me dizia que estavam me escondendo alguma coisa.— Vou fingir que não percebi que estão me escondendo algo. Está bem, me dêem licença por um momento que irei tentar ficar mais "arrumadinha".
Elas saíram e escolhi um vestido midi branco de mangas bufantes com estampa de flores azuis, minha cor preferida. Tentei fazer algum penteado, mas acabei me frustrando e deixei meus belos cabelos ruivos soltos. De maquiagem apenas disfarcei as olheiras, preenchi as sobrancelhas e dei uma corzinha de cereja aos lábios. Uma das muitas coisas que Deus havia mudado em mim era a forma de me vestir e me maquiar, agora priorizava mais ainda roupas modestas e um estilo romântico e usava maquiagem apenas para realçar meus traços naturais.
Depois de chegarmos ao café entendi tudo: Josh estava lá. As duas haviam me encurralado.
—Mal chegamos na porta e Elisa fingiu receber uma ligação de alguém, ela era uma péssima atriz. — Amiga, sinto muito, aconteceu um imprevisto em casa e preciso ir, mas por favor, fique e aproveite a torta de morango. Bye bye.
E então, ela simplesmente sumiu e lá estava eu dividida entre ficar ou desaparecer também. Acabei escolhendo a primeira opção, afinal eu já havia me arrumado e já estava ali, e de fato a torta de morango era fantástica.
Ao abrir a porta reparei que Josh estava de costas, mas ao ouvir o sino se virou rapidamente.
—Seja bem vin-... Anne? — aparentemente ele ficou tão surpreso que não terminou a frase.
—O que você está fazendo aqui Josh?
—Eu não faço a mínima ideia do por quê perguntei isso, mas ele riu.—Eu trabalho aqui. E você?
—Vim pela torta de morango...
—Certo... é bom te ver Anne, por favor sente-se que irei lhe servir a torta, e se não se importar de esperar, podemos conversar daqui a pouco, quando eu fechar a loja.
—Por mim, tudo bem.
Ele se retirou por um momento e retornou com minha torta, e enquanto eu me deliciava com ela, voltou aos seus afazeres. Tive a sensação de estar sendo observada, mas ignorei e me concentrei em meu prato.
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Uma segunda chance
SpiritualAnne Smith é uma jovem de família católica que mora com sua mãe, Helena Smith. Com o tempo Anne já não tinha tanta intimidade com Deus, mas em um piscar de olhos se vê em uma situação que irá virar sua vida do avesso. E se pudéssemos bater um papo c...