Capítulo 17: Amiga da onça

18 3 4
                                    

O grande dia da verdade havia chegado: o dia que o resultado do vestibular sairia. Peguei o notebook para acessar o resultado e Elisa e minha mãe estavam atrás de mim.
Algumas horas antes eu e Elisa tínhamos jogado "pedra, papel ou tesoura" para saber qual a felizarda que veria o resultado primeiro, e claro, a felizarda foi eu.

— E que rufem os tambores. — Elisa começou a batucar alguma coisa atrás de mim e eu não sabia se ria ou se reclamava com ela.

Depois de longos minutos alternando entre alguns cliques e respirações profundas lá estava o meu resultado. Imediatamente fechei a cara e me virei para as duas.

— Então gente... Eu... —fiz uma pausa tentando fazer suspense.

— Você o que Anne? Desembucha logo! Essa sua cara está me assustando. — A morena disse em completa aflição.

— Tenho que concordar com ela. —
Minha mãe declarou.

— Eu passei! Gente, eu passei!

E então uma sequência de pulos e gritinhos tomaram conta do meu quarto e logo em seguida foi a vez de Elisa acessar seu resultado, assim que ela começou a gritar sabiamos que ela também havia sido aprovada. E lá vamos nós em outra rodada de pulos e gritos.

— Precisamos comemorar, Anne. Que tal o café aqui próximo? Não o que inaugurou, e sim o mais próximo que íamos durante o ensino médio. A torta de morango de lá era ótima, lembra?

— Como eu poderia esquecer? Por mim, tudo bem, vamos?

De repente Elisa e minha mãe me olharam da cabeça aos pés e se entreolharam.

— Querida, sei que geralmente você preza pelo conforto, mas que tal colocar uma roupa mais arrumadinha? Nunca se sabe quando iremos esbarrar com o amor da nossa vida... — minha mãe aconselhou e
Elisa acenou com a cabeça em concordância, e minha intuição me dizia que estavam me escondendo alguma coisa.

— Vou fingir que não percebi que estão me escondendo algo. Está bem, me dêem licença por um momento que irei tentar ficar mais "arrumadinha".

Elas saíram e escolhi um vestido midi branco de mangas bufantes com estampa de flores azuis, minha cor preferida. Tentei fazer algum penteado, mas acabei me frustrando e deixei meus belos cabelos ruivos soltos. De maquiagem apenas disfarcei as olheiras, preenchi as sobrancelhas e dei uma corzinha de cereja aos lábios. Uma das muitas coisas que Deus havia mudado em mim era a forma de me vestir e me maquiar, agora priorizava mais ainda roupas modestas e um estilo romântico e usava maquiagem apenas para realçar meus traços naturais.

Depois de chegarmos ao café entendi tudo: Josh estava lá. As duas haviam me encurralado.

—Mal chegamos na porta e Elisa fingiu receber uma ligação de alguém, ela era uma péssima atriz. — Amiga, sinto muito, aconteceu um imprevisto em casa e preciso ir, mas por favor, fique e aproveite a torta de morango. Bye bye. 

E então, ela simplesmente sumiu e lá estava eu dividida entre ficar ou desaparecer também. Acabei escolhendo a primeira opção, afinal eu já havia me arrumado e já estava ali, e de fato a torta de morango era fantástica.

Ao abrir a porta reparei que Josh estava de costas, mas ao ouvir o sino se virou rapidamente.

—Seja bem vin-... Anne? — aparentemente ele ficou tão surpreso que não terminou a frase.

—O que você está fazendo aqui Josh?
—Eu não faço a mínima ideia do por quê perguntei isso, mas ele riu.

—Eu trabalho aqui. E você?

—Vim pela torta de morango...

—Certo... é bom te ver Anne, por favor sente-se que irei lhe servir a torta, e se não se importar de esperar, podemos conversar daqui a pouco, quando eu fechar a loja.

—Por mim, tudo bem.

Ele se retirou por um momento e retornou com minha torta, e enquanto eu me deliciava com ela, voltou aos seus afazeres. Tive a sensação de estar sendo observada, mas ignorei e me concentrei em meu prato.

Uma segunda chance Onde histórias criam vida. Descubra agora