Capítulo 7: Uma mãozinha de Deus?

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Josh

Eu sou o Josh, Josh Bonavite. Cresci em um lar católico com meus pais e minha irmã Sophie. Amo a Deus acima de todas as coisas, e sei que, mesmo que um dia me seja tirado tudo, ainda terei o que mais amo. Mas, claro, espero conhecer uma garota que compartilhe da mesma fé e valores que eu, e construir uma família. Tenho orado por isso desde os meus 12 anos; atualmente tenho 18, então faz um tempinho. Acabei de iniciar na faculdade de Engenharia Civil e tenho tentado conciliar com o emprego de meio período, tempo com a família e servir na igreja no grupo de louvor durante as missas.

Mas a questão no momento é que eu estava no meu lugar favorito de sempre, em frente a um hospital (no qual costumava ir nas minhas horas vagas para praticar as músicas que tocaria durante as missas sem ser incomodado, ou para relaxar com alguma outra música romântica ou sem vulgaridade que gosto; outras vezes arriscava compor alguma), quando, de repente, houve uma ventania tão forte que minhas anotações foram parar dentro do hospital. Inacreditável.

Me dirigi até lá e, graças ao meu bom Deus, o hospital estava quase vazio, seria menos constrangedor. Comecei a juntar as folhas espalhadas próximas ao quarto de algum paciente e, quando terminei e estava levantando, pude ver, através de uma parte de vidro da porta, uma garota internada ali, ou melhor, um anjo adormecido. Seus cabelos ruivos eram como o sol poente. Parte de mim sentiu como se a conhecesse. Aquela ventania foi realmente só uma ventania? Era como se alguém me chamasse: "Entre, Josh", "não tenha medo".

"Será que eu realmente deveria entrar? Ou seria muito errado invadir assim o quarto de uma paciente?"

Por via das dúvidas, resolvi ir à recepção para me informar melhor sobre aquela garota.

— Com licença, estou procurando por uma jovem que acredito estar naquele quarto de número 2. Poderia confirmar pra mim o nome dela?

A senhora da recepção semicerrou o olhar me analisando —
parecia confusa, mas ainda assim checou as informações em seu computador—
e em seguida, voltou sua atenção para mim.

— Anne Smith, de 18 anos. Ela e a mãe sofreram um acidente de carro recentemente; a mãe dela está fora de perigo, mas ela está em coma — ela declarou fazendo uma breve pausa e respirando profundamente demonstrando certo cansaço ou talvez tédio, não pude diferenciar.
— Enfim, era quem você estava procurando? — questionou por fim.

— Sim, eu sou um amigo dela.


Não sei se a recepcionista realmente acreditou no que eu disse, mas, ainda assim, autorizou que eu entrasse.
Eu só não podia demorar muito na minha visita. Ao adentrar o quarto daquela jovem, percebi que Anne era um nome que realmente combinava com ela. Me comovi com a situação em que ela estava e, segurando sua mão com cuidado, fechei os olhos e fiz uma prece silenciosa aos céus:
  
"Senhor, não sei por que sinto que devo estar aqui, mas algo dentro de mim me impulsiona a interceder pela vida dessa garota. Por favor, dê-lhe outra chance. Cure seu corpo, mas, acima de tudo, restaure sua alma para que ela viva os planos que tens para ela."

Abri os olhos e, por um instante, achei que sua mão se mexeu. Não sabia se era um milagre ou apenas minha imaginação, mas senti que algo havia mudado naquele momento.

Sem ter certeza do que vi, resolvi me retirar antes que alguém aparecesse, mas eu voltaria mais vezes. Senti em meu coração que deveria continuar intercedendo por ela — e talvez também pelo fato de ter ficado encantado em conhecê-la. Teria que sustentar a mentira de que era seu amigo, mas uma mentirinha do bem não faria mal, certo?

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