V

361 27 29
                                    

Jão Romania

No domingo foi dito e feito, ele não apareceu. Talvez eu deva estar sendo muito grosso com ele, mas eu não quero andar com um nerd!
Ele aparenta ser um nerd, pelo menos.

Tipo, ele não deve fazer nada de legal. Festas, amigos, sair pra qualquer lugar de noite, rolês de madrugada, beijar. Se duvidar ele ainda deve ser bv!

Não vou falar nada sobre o cigarro, nem o vinho, temos 16 anos e ele tá certo em não usar e beber.. Eu fui arrastado pra esse lado, pelos jogadores mais velhos.

Eu não fiz nada, além de tocar carinhoso várias e várias vezes no piano. Preciso aprender músicas novas, mas a vontade é pouca. Já tô acostumado com a Marisa Monte que eu tanto admiro.

Quando no final da tarde sento no piano mais uma vez, pra tocar, Isa abre a porta.

- De novo não! Pelo amor!

- É a única coisa que eu sei tocar e estou com falta de vontade de aprender músicas novas!

- Tenta tocar exagerado do cazuza!

- Isa, você é uma gênia!

Falo procurando as cifras do piano no computador. Isa senta da beira da minha cama pra ouvir. Assim que encontro, dou uma olhada rápida, me sentando no piano de novo.

Cantarolo a música com a Isa, enquanto toco.

Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nosso destinos foram traçados na maternidade

Paixão cruel, desenfreada
Te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras, minhas mancadas

Exagerado, jogado ao seus pés eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado...

Assim que termino Isa da um sorrisinho me olhando e me viro pra ela

- Eai, feliz agora?

- Muito! Agora chega de piano por hoje, né?

- Tá bom.. Chega de piano por hoje.

Digo indo pra porta do meu quarto

- Vai aonde?

- Subir no telhado..

- Iiih.. Faz muita coisa errada não hein.

- Pode deixar, senhorita Isabela!

Subo pro telhado, o que não era muito difícil e eu fazia isso toda noite depois do banho. Sento no meio, onde era mais seguro, tirando do meu bolso uma caixinha de cigarro e um isqueiro. Acendo o cigarro, encarando toda cidade.

Encarando a rua vejo um menino super familiar passando, segurando a mão de uma garota, ela dava uma risada alta da possível piada do menino.

Sem muita demora, os dois atravessam a rua a menina encosta ele no muro, o puxando pra um beijo e ali mesmo percebo. O garoto era o Pedro.

Ele faltou pra nossa aula pra sair com uma garota! Mas essa é a minha chance! Contar pros meus pais e eles proibirem do Pedro vir aqui!
Eu posso contar pro professor da irresponsabilidade dele e pronto, eu volto pro vôlei já que não vai ter ninguém pra me ensinar!

Apago o cigarro, jogando ele longe, descendo, pronto pra contar tudo pros meus pais.

- Pai! Mãe!

- Sim?
Minha mãe responde quando apareço na frente dela.

- Tenho que falar algo!

- Pera.. Que cheiro forte é esse? Cheiro de.. Cigarro.. Você anda fumando?

- Não.. É que um cara passou na minha frente, ele tava fumando...

- Vai tomar um banho, depois você fala!

- Mas mãe!

- escuta sua mãe! É impossível falar com você com esse cheiro forte!

Saio quase batendo o pé, correndo pra tomar banho. Tomei o meu banho em 20 minutos

- Mãe! Mãe! Mãe!

Assim que a encontro, vejo que ela estava dormindo, e meu pai também. Mas que droga!

Volto pro meu quarto, me trancando lá dentro, comendo um kitkat. Se meus pais não vão me ouvir, esse menino vai. Isso é maravilhoso, posso sair do teatro, mas também posso o chantagear..

Perfeito. Esse Augusto acabou de entrar em um grande buraco.

Amor teatral  | pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora