XXXVI

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Jão Romania

O filme não chegou acabar tarde, mas puxei assunto assim que acabou.

Muitas das meninas que eu gostava antes de encontrar o Pedro, me julgariam por esse tipo de assunto, mas ele não, riu e prosseguiu.

- Pe.. Eu posso te chamar de amor?

- Uai, pode - ele me disse dando uma risadinha. - Por que essa pergunta?

- É porque a gente se definiu como duas pessoas se conhecendo, fiquei com medo de você me achar adiantado.. Exagerado.

- Jamais, lindo. - ele voltou com o apelido, não pude deixar de sorrir. - acho que nem somos mais isso.. Ficantes, talvez?

- Olha só.. - dou uma risadinha.

- Você pensa em voltar pro vôlei?

- Com toda certeza! Eu tô morrendo de saudades de jogar!

- Saiba que eu vou estar sempre na primeira fileira torcendo por você!

- E eu sempre vou estar na primeira fila do  teatro te vendo!

- Até se eu tiver que beijar outro alguém!?

- Ah.. Que isso Pedro? Querendo me dar ciúmes!? - Ele começa a rir, com aquela risada silenciosa dele, mas uma risada boa. Mesmo que eu não pudesse escutar, ela ainda não tivesse som, ela fazia barulho no fundo do meu coração.

Eu nunca gostei de ninguém, como venho gostando do Pedro.

- Foi mal! Não era pra te fazer ciúmes não.. - Ele fala com uma cara malandra, dando um beijo no meu queixo.

Logo ficamos quietos, apenas ali no abraço. Enquanto Pedro fazia carinho nos meus cabelos.

- Pe.. Na formatura da minha irmã. Quer ir comigo? Tipo, você sabe, formatura tem sempre os pares.. Minha irmã vai com um crushzinho dela.. Porquê depois tem a festa.. e aí precisa de par.. - eu ia continuar falando, até ele me parar..

- Eu vou sim! É como se assumir?

- Talvez.. Tenho muita vontade..

- mas você já descobriu sua sexualidade?

- Já.. - ele fez uma cara estranha. Acho que não botei confiança nele. - Não.. Desculpa.

- Tá pedindo desculpas por que?

- Porque você não quer namorar com um cara que sequer tem ideia da sua sexualidade, e anda mais confuso que tudo. Quer?

- não quero não.. Por isso eu vou te esperar. Jão, tudo isso é um processo. Longo pra uns, rápidos pra outros. Me descobrir não foi difícil, mas difícil foi contar pro meus pais. Não tenha pressa.. e olha, eu tô sempre aqui pra gente conversar.

Ele me olhava bem nos olhos, e eu sentia aquela calma dele. Sua voz era suave como seu olhar. Ele estava sereno, e aquilo me passava confiança, e mais vontade de me descobrir logo. Por nós dois.

Eu sempre fui muito emocional, e não pude deixar de ter algumas lágrimas rolando. Elas continham todo o meu medo guardado no meu coração.

- Jão.. O que foi? - ele disse se sentando no sofá, me olhando por inteiro, passando a mão em minhas bochechas, na intenção de enxugar meu choro.

Voei pra cima dele com um abraço,  molhando o ombro de sua camisa.

- Eu tenho medo de não ser aceito pelos meus pais. Eles sempre pedem pra que eu de orgulho pra eles! Você sabe, te colocaram pra me dar aula todo final de semana! Tenho medo de não ser o orgulho deles.

- Para com isso.. Você é incrível.. um garoto inteligente, bom no vôlei, toca e canta bem.. Atuou como ninguém! Não deve ser uma coisa dessas que vai te colocar como o pior filho, porquê você não é! - Ele levantou meu rosto, sorrindo de canto. - Relaxa.. Você é o orgulho dessa família! Até sua irmã deve ter um orgulho gigante de você! E eu tenho também! Seus amigos estão aqui por você, e pode apostar que sua família também..

Eu não respondi nada, apenas sequei minhas lágrimas, me deitando, puxando ele comigo. Olhei pro teto, ouvindo apenas o silêncio do meio da noite.

A luz da varanda brilhava nos mostrando apenas nossos rostos. Ele deu um beijo na minha bochecha, e se deitou sobre meu ombro. Sua respiração ficou dócil, e quando olhei ele estava dormindo.

Não deixei de sorrir, dando um beijo no topo da sua cabeça, e tentar dormir também.

Não sei quando Pedro virou "garoto esquisito do teatro" pra "o menino que eu quero namorar". Não sei exatamente quando ele teve essa reação de se apaixonar por mim, não sei quando eu me apaixonei por ele. Não sei quando viramos "amigos" não sei de nada disso. Mas eu sei que aconteceu naturalmente. A vida juntou a gente como tinha que juntar, e aconteceu! Pode ser que não estejamos escritos no pra sempre. Mas por mim, eu fico com ele pela eternidade. Se eu for condenado por amar alguém, que eu seja condenado, mas não me tire, o amor que eu tenho por ele.

Pedro me encanta. E eu espero, que eu  também encante ele.

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