XXV

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Jão Romania

Dito e feito, tínhamos uma festa marcada pro dia 14 de dezembro. Confesso que achei estranho que o Pedro não tinha respondido as minhas mensagens. Ele não estava me respondendo a um tempo desde a peça.

Perguntei pra Malu e ela disse que também não tem notícias dele, o que é estranho, eles estão sempre um com o outro. O que me intriga um pouco.

No dia treze, antes da festa, resolvi mandar mais uma mensagem

"Jãoromania"

Oi Pedro..

"Jãoromania"

Pedro, tu tá estranho desde a peça.

"Jãoromania"

Pedro, você vai na festa? Eu tô com saudades, sei lá. Queria te ver.

Novamente nem uma visualização. Deitei pra dormir, e acordei tarde no outro dia. Aliás, férias, e também não queria ficar ansioso pra festa.

Acordei, tomei um banho, comi coisa rápida, e fui pra festa com isa e Gio.

Chegando lá, me juntei com a galera do time e Renan. Já acendi um maço de cigarro, conversando dando risada. Esperando que Pedro aparecesse em algum momento.

Eu pedia toda hora uma bebida diferente pro Renan, todo ansioso pela chegada dele.
Nem Malu tinha chegado ainda pra me tranquilizar.

- Jão, você não está bebendo demais não??

- Eu?? Não nanan! Relaxa aí!

- Jão, esse já deve ser seu 10° primeiro copo e nem é meia noite ainda!! Se você sair vomitando eu não vou ter como te socorrer sem avisar seus pais!!

- Poxa Renan, eu não tenho o corpo fraco, você sabe! Eu vou ficar bem! - soltei uma fumaça de cigarro na cara dele, dando uma risada

- Para com isso!

- foi mal! Foi mal.. trás um pouco de água pra mim então, por favor.

Renan me trouxe o copo de água, e eu tomei rapidinho. Quando Otto chegou, os dois foram sentar um pouco no sofá do salão, enquanto eu fui pra pista de dança.

Naquele momento que Pedro não aparecia, eu pensei que poderia ter estragado algo com aquele beijo no teatro. E sabe, tantas vezes o Pedro já me ajudou.. A fugir de problemas, me ajudou a não morrer aquele dia que eu escorreguei.. Me ajudou a entrar um pouco no rumo sobre a minha sexualidade..

Inclusive me ajudou muito a ver como eu me sinto ao estar apaixonado, e talvez eu esteja mesmo gostando dele. E daí, foda-se, ele não vai gostar de mim de volta. Então pra que não gritar pra todos que eu sou um garoto que não sabe sua sexualidade, que é confuso com sigo próprio e ainda confundiu coisas de teatro com um amor na vida real?

Sabe o porquê eu ainda não gritei? Porquê o Pedro me ajuda a não ser maluco.

Me juntei com as meninas na pista de dança, beijei tantas bocas, tentando achar aquele mesmo sabor dos lábios do Pedro. Mas nenhum tinha aquele sabor que me fazia aceitar estar apaixonado.

Eu sei que pode ser confuso, mas tudo mundo já deve ter entendido que eu estou apaixonado, e eu só entendi isso agora, nesses momentos esperando por ele.

E eu bebi, bebi mais do que deveria, passando correndo pelo banheiro, vendo Renan e Otto vindo atrás de mim, só me encontrando pendurado ao vaso, vomitando tudo..

- Jão??

- O Pedro já chegou? Eu quero falar com ele.

- Jão, fala a verdade. Por que você tá bebendo tanto?

- Porque o Pedro não esta aqui..

- Como você foi se apegar nele de uma hora pra outra?

- desde que eu aceitei que estou apaixonado por ele.

- Otto, vai atrás da Malu, pergunta pra ela sobre o Pedro.. - Otto sai correndo, e Renan me ajuda a levantar, me limpando na pia

- Quando você percebeu que estava apaixonado por ele? Da onde você está tirando isso?

- Eu acho que tô.. Desde daquele dia no teatro, a noite.. Falando com a Isa e a Gio, eu acho que tô apaixonado por ele.. Eu só preciso olhar pra ele pra ter certeza.

- Como você vai ter certeza com um olhar?

- Porque eu já tive certeza de outras paixões assim... Renan, não me diz que eu tô maluco.

- É, você tava meio assim com ele mesmo.. Não duvido que seja uma paixão.

Otto chega no banheiro, correndo tempos depois

- O Pedro não vem, ele tá na casa dele, fazendo as malas. Ele vai voltar pra BH..

- Oiê? - me levanto do chão- qual o endereço dele?

- Esse- Otto me entrega um papel, Malu tinha escrito ali. No mesmo momento sai do banheiro correndo. Sem condições algumas, sai na rua, indo pra casa dele. Pedro não podia se mudar.

Eu ouvi os gritos do Renan, mas nada me parou. Bagunçado, meio tonto, não cheirando nada bem, eu fui atrás do Pedro.
Tenho certeza que foi duas horas pra chegar na casa dele.

Eu quase fui atropelado umas duas vezes. Eu tava mal, e bêbado.

Ele estava colocando as malas no carro que estava fora da garagem..Quando eu vi ele uma luz instalou na minha cabeça, e eu pude melhorar em instantes.

- Pedro!!

- Jão!?

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