XXVII

429 35 26
                                    

Pedro Tófani

Confesso que acordar bem resolvido com meus sentimentos, estando em uma.. podemos dizer.. início de duas pessoas que se gostam e querem se conhecer melhor.. É bom..

Acordei cedo pra viagem, acordando o Jão, que não acordava por nada naquele mundo

- Só se eu ganhar um beijo na bochecha!! - Ele diz ainda de olhos fechados

- Pelo amor de Deus.. - Resmungo, dando um beijinho nele, vendo ele se levantar.

- Bom dia Pedro!

- Bom dia! Levanta aí que a gente vai te deixar na sua casa.. sua roupa tá lavando, ela não estava com um cheiro bom..

- Mas quem vai tirar ela da máquina? Vocês vão viajar, não é?

- Vamos! E por isso a Malu sempre fica com minha chave nesses momentos, daqui uma hora ela vem estender.

- Olha,um dia eu quero ter uma amizade igual a de vocês!

- quem não quer!? Vamos tomar café!

Puxo ele pela mão, descendo pra tomar café. Ele pediu pra que eu não contasse nada sobre o beijo, mas eu deixei uma coisinha ali, outra aqui, escapar pra minha mãe, então ela nos encarava como duas obras de arte no museu a serem estudadas.

Dei um empurrãozinho no ombro dela, que parou imediatamente.

- Jão, aonde você mora?

- ah não! Fiquei tranquila, eu peço pro meu pai me buscar!

- Nem pensar! Pode deixar que vamos te levar pra casa. - meu pai insiste, querendo ajudar minha mãe a ganhar no argumento.

- Tudo bem então.. se não for incomodo..

- Não será nenhum querido!

Tomamos nosso café da manhã, Jão não comia muito pela manhã, igualmente a mim. Subimos pro andar de cima, já que ele fez questão de me ajudar a descer com as malas dos meus pais.

- eu sinto que você quer falar alguma coisa. - olho pra ele

- Não é nada, só queria dizer.. Boa viagem..

- Obrigado! Quando voltarmos podemos nos encontrar pra conversar um pouco sobre a gente..

- Se você achar necessário.. Mas quando você voltar quero te encontrar de qualquer forma.

- Eu acho um pouco necessário, começamos de um jeito aleatório, não acha?

- É.. Nem eu sei como fui me apaixonando por você.. Eu só percebi na festa, vendo que eu estava dando importância demais pra sua presença. É uma linha do tempo que nem eu sei seguir.

- Tá vendo! talvez poderíamos falar do daqui em diante.

- Tá bom.. Você acha necessário, então eu também acho. - ele da uma risadinha

- Mas você vai ficar tranquilo?

- Claro! É que você é mais racional.. Eu só me jogo

- Eu percebi! Bom, você pega as malas da minha mãe e eu pego as do meu pai

- Por que eu fiquei com as maiores?

- Uai, porque eu quero.

- Muito obrigado pela consideração!

- Que isso! Se quiser por mais é só pedir.
Dou uma risadinha, então descemos, colocando as malas no carro. Meus pais logo vieram, entrando no carro. Entrei juntamente com ele. Então o deixamos na casa dele.

Confesso que gostaria de uma despedida com um beijinho, mas não teria coragem de fazer isso na frente dos meus pais. Até porquê eu nunca me assumi pro meu pai, também, começamos agora, e talvez, não seja tão legal uma despedida com um beijinho.

Espero que os pais dele sejam tranquilos com essas coisas de dormir na casa dos outros depois de festas, além de que deve ser puxado você chegar meio virado, porquê ele tá claramente muito virado, e deve começar a sentir uma dor de cabeça insuportável daqui a pouco, e já ter que ouvir coisa dos pais.

Seguimos com o carro, seguindo viagem. Estava com saudades de minas. Saudades da minha família em si.

Daqui alguns minutos, eu adormeci no carro. Deu umas 3 horas eu acordei, vendo que tinha mensagens do Jão no insta.

"Jãoromania"

Oi Pedro! Me avisa quando chegar em BH! Pode me passar o seu whatsapp? Acho melhor

"Pedropalhares"

Oi! Eu tava dormindo, acordei agora. Ainda temos 4 horas de viagem. Te passo sim!
****-****

"Jãoromania"

Dormir em viagens só não é legal pra mim pq eu divido banco com a Isa. Vamos um em cima do outro. Vou te chamar lá, me responde quando puder. Beijo.

"Pedropalhares"

Um beijo! 

Desliguei o celular dando um sorrisinho, olhando pra janela.

- filho

- sim mãe?

- Esse seu amigo, ele é muito bonito, não acha? - eu sabia aonde Ana Palhares queria chegar.

- Eu acho sim..

- ele faz muita coisa?

- ah, ele só quer ser jogador de vôlei, mas, toca violão e piano.

- que legal!

Minha mãe ficou em silêncio, aproveitei a deixa então engoli seco

- pai.

- sim?

- então, eu tenho um segredo, que não deve ser mais um segredo.

- Sua mãe sabe?

- sabe.. É apenas você que não

- Pode me dizer filho

- eu gosto de meninos e meninas. Eu sou bissexual, gosto dos dois gêneros.

Meu pai fica em silêncio, parando no primeiro posto que ele vê. Descemos, assim que ele oferece comprar algo pra comer.

Assim que minha mãe entra na lanchonete, meu pai me para me olhando. Eu senti meu coração parar de bater, até sentir o quente do abraço do meu pai me apertando.

- Eu te amo meu filho. Obrigado por ter essa confiança em me contar.

Ali eu senti um grande amor do meu pai, coisa que as vezes eu pensava não ter..

Amor teatral  | pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora