08- Castigo.

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Assim que o táxi o deixou em frente a sua casa, Mickey agradeceu profundamente por ter conseguido um vôo Ventana- Ur na ida e Ur-Ventana na volta, caso contrário chegaria lá muito mais cansado na sexta e não aproveitaria quase nada do domingo com a filha.

Sabia que gastava muito dinheiro nas viagens semanais, mas nada era mais gratificante do que passar tempo com sua preciosa, e claro, as horas de sono que poupava por não ir ao volante.

Pagou ao senhor que dirigia para ver em seguida o motor roncar para longe de onde estava. Não restou fumaça ou algum cheiro bastante irritante no ar, apenas as marcas que deixaram os pneus naquela rua pouco movimentada.

Enquanto destrancava a porta, só conseguia pensar no quanto queria seu corpo banhar. Colocar algum calção e apenas relaxar.

No quadro eléctrico perto da porta, abaixou o interruptor que fez toda casa brilhar. De luzes acesas, o silêncio o recebeu.

Foi até seu quarto tomar banho, trocou a calça jeans, a camisa e o tênis por uma camiseta, calção e chinelas e depois seguiu para a cozinha. O único som eram de seus pés no chão.

" Invadi novamente sua casa... Queria me certificar que tinha a geleira cheia, e parece que dessa vez aprendeu.

Também senti saudades, mas não liguei para não atrapalhar seu tempo com a Alice.

E outra, eu, você e Isaac vamos jantar fora amanhã. Então se tiver compromissos, desfaça porque não vamos aceitar um não"

Sorriu ao encontrar o recado colado na geleira, Karen era uma benção, e ele amava o jeito que se preocupava com.

Mentalmente se lembrou que quando a visse deveria agradecer por tanto cuidado, e então pegou o jarro de água que havia ido buscar voltando em seguida para o isolamento que era seu quarto.

Já havia jantado no avião, então não se preocupou em cozinhar.

Pegou o computador em sua escrivania, sentou sobre a cama e entrou no e-mail. Desde sexta que não trocava e-mails com Athina, e  já estava até lhe incomodando.

Enquanto brincava com a filha conseguia ignorar a saudade que em seu peito crescia, mas depois, só queria saber como ela estava.

- Oi. - Digitou se acomodando melhor na cama. Recuou até que as costas tocaram a madeira alta que compunham sua cabeceira. Não tinha como saber se ela estava conectada , mas ainda assim com esperança, enviou.

Mesmo não no momento, ela  veria a mensagem e poderiam , talvez conversar pela manhã.

- Oi, já voltou? - E para sua sorte, Athina estava conectada e com vontade de saber mais sobre ele também.

- Já, acho que faz meia hora que cheguei em casa. - Respondeu olhando por hábito o pulso que normalmente repousava seu relógio, mas como não usava naquele momento, a dedução foi sua melhor arma.

- E como foi o seu final de semana, a sua filha está bem? - Perguntou a Garden. Sentada no tapete de seu quarto, vestia um short preto e um top da mesma cor. Seu cabelo estava húmido e cheio de produtos para tratamento, enquanto se ocupava de arranjar as unhas.

Antes do e-mail ter chegado, ela estava apenas ouvindo músicas direto do Spotify e esmaltando suas curtas unhas. Depois que o e-mail chegou, ela se esqueceu da música e das unhas, queria apenas teclar com o desconhecido.

- Está ótima, continua me fazendo de escravo. - Brincou ao responder, fazendo Athina imaginar como era o sorriso daquele moço já não tão estranho. A voz dele também deveria ser bonita. Ao menos ela imaginava ser bonita... - E você, como passou o seu? - Devolveu a pergunta lhe fazendo sair de mundo em que flutuava.

Querido Desconhecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora