07- Obrigado.

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- Alice, por favor  não vá tão rápido. Vai cair, filha. - Mickey alertou-a, que de forma animada corria para dentro de casa. Usava um macacão jeans azul, blusa de mangas compridas listradas e um laço  rosa na cabeça. E quanto a energia que tinha, era enorme.

- Porquê ela está correndo desse jeito, o que vão fazer agora? - Ema perguntou desconfiada. Se sentava na pequena escada de sua casa, havia folhas secas no chão e uma fonte desativada no centro do pátio, ao longe se via o pequeno portão de ferro e a estrada de ladrilho até ali. Era uma residência antiga, havia sido de seus avós, e agora era sua e de sua filha.

- Vamos fazer pizza. - Mickey respondeu sentando do seu lado. Estava ofegante por ter corrido atrás dela pelo vasto quintal, e só se sentiu mais descansado quando suas nádegas tocaram o concreto gelado de que eram feitas as escadas.

- Acho que você não percebe, mas essa menina te escraviza sempre que aparece por aqui. - Ema comentou divertida, seu cabelo caía até os ombros tingidos em  tom rosa, combinando perfeitamente com seus olhos verdes.

O ex-marido deu de ombros.

- Eu deixo, e mesmo que me canse, eu amo. - Comentou olhando brevemente o céu azulado. O sol não queimava, apenas se mantinha ali conjugando com a frescura que emanava do ar.

- Autêntico pai babão, é isso que você é. - A médica disse jogando para trás o cabelo.

- Não deveria ser? - Provocou o advogado.

- Sabe que te mataria se deixasse de ser. - Brincou divertida e depois adotou uma expressão mais séria  passando a fitar o ex. - Está chateado comigo, sabe, por ter saído de Ventana e vocês não se verem o tempo todo? - Perguntou. Já faziam quatro anos, mas ela ainda perguntava.

- Não se cansa de fazer a mesma pergunta sempre? - Rebateu o moreno.

- Não é como se eu gostasse de ser chata, eu apenas não gosto da maneira que me sinto as vezes... Como se estivesse vos separando. - Comentou inclinado um pouquinho as costas para trás. Os braços espalmados no chão eram seu apoio.

- Nós já falamos sobre isso Ema, e você não está nos separando. - Lembrou o Percival. - É claro que eu preferia que fossemos vizinhos, mas eu entendo que sua vida é aqui agora, e eu sempre  estarei pronto para vos apoiar. - Falou pousando a mão no ombro da médica. - E nos temos uma rotina também, enquanto não a quebrarmos, ficaremos todos bem - Acrescentou.

- Obrigado por ser tão compreensivo. - Emanuela agradeceu o olhando com ternura.

-  Você agradece agora, mas sou quem te deve o mundo. E eu nunca agradeci o suficiente.  - Mickey soltou em tom baixo quando voltando a posição inicial a rosada apoio a cabeça em seu ombro.

- E pelo quê deveria agradecer,  por ter pedido o divórcio e levado sua filha de dois anos comigo? - Perguntou confusa.

- Não. Mas por ter me amado quando fui uma criança mimada, um adolescente revoltado ou um jovem instável. E principalmente, por ter me dado o espaço que não sabia precisar para apreender a me amar. É por isso que estou agradecendo - Respondeu fazendo carinho em sua cabeça.

- Isso é tão raro vindo de você... Mas você está agradecendo atoa, foi tudo tão fácil, porque eu sempre amei você, então sempre, independentemente da altura, sempre vou desejar o melhor para você. Então não fique surpreendido com o quanto eu faria para ver você bem...Não é assim com você também? - Ema perguntou.

A história deles havia sido bonita, e mesmo depois do término, ela continuava sendo bonita.

Haviam se conhecido na infância, quando suas famílias se tornaram amigas...Brigaram na adolescência e se apaixonaram na juventude, se casaram e tiveram uma filha. E como nem todas as almas gêmeas são amantes, eles se separaram.

Querido Desconhecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora