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Não era suposto se sentir assim, afinal ela mesma decidiu sair da clínica. E não era como se estivesse indo cair em uma rotina de nada, em breve abriria a própria
e seguiria com sua vida. Mas não conseguia ignorar o sentimento de desânimo enquanto dirigia até casa.

Já sabia que sentiria falta daquele pessoal, mas não que fosse tanta e em tão pouco tempo. Talvez fosse apenas seu lado dramático e pouco agradável tentado lhe mandar para baixo, mas por uma fração de segundos pensou que talvez não fosse capaz de realizar o que havia planejado.

Que não seria possível abrir e tomar conta de uma clínica sozinha, então derramou algumas lágrimas no percurso... Se sentia triste, desanimada e novamente começava a se arrepender de suas escolhas. Queria um ombro amigo para chorar, mas ao mesmo tempo não queria preocupar ninguém com seus problemas.

Então com a caixa dos pertences em mãos, ela sentiu que novamente sua vida estava se esvaziando.

Agora ela podia retirar trabalho de sua lista de coisas que lhe deixavam satisfeita com a vida.

O que lhe restava mesmo?

Uma casa bonita,  carro e amigos por perto. Bom, nem todos estavam perto.

Deveria adotar um  gato, um cão ou um outro animal enquanto estava em casa  desempregada?

Não, ela não conseguiria cuidar de um animal enquanto estivesse tão desanimada. Pensava sobre coisas demais, e outras até sem sentido, e no final só conseguia se sentir idiota por estar tão mal por uma coisa que ela mesmo escolheu.

- Hina, estou com tantas saudades. Venha me ver. - Sorriu com a mensagem da irmã. Deixou a caixa ao lado do sofá e deslizou até o chão, tentou se animar percebendo que não haviam motivos reais para estar  assim... Então fungando o ar, se esforçou para mandar toda aquela confusão de sentimentos embora.

Não queria voltar ao mesmo, ser aquela pessoa mal resolvida que chorava pelos cantos da casa, rua ou trabalho e guardava em seu coração uma expressão amarga.

- Brevemente. - Garantiu.

- Que esse seu brevemente não seja muito estendido. - Aithana escreveu. Fazia tempo que nenhuma das duas visitava a outra. Aithana por conta da falta de tempo, e Athina por ter estado "mal humorada".

- Está bem Hana, não será muito estendido. - Novamente garantiu. Desta vez certa de que não demoraria muito para tal, afinal a festa de casamento de Heloise se aproximava, e não havia  jeito de não comparecer. De um jeito ou de outro ela iria, e se não fosse, a noiva lhe arastaria até lá. - E como está sendo no jornal, estão tratando te bem? - Perguntou.Ela assistiu pela internet algumas das reportagens que a irmã fez  recentemente como âncora principal e se sentia orgulhosa, mas ainda assim, para ter certeza de que tudo estava bem, precisava perguntar.

- Estou adorando. - Aithana escreveu passando seu entusiasmo para as letras. - Falando nisso, tenho que ir falar com meu chefe de redação agora. - Escreveu em tom de despedida.

- Durma bem Hana. -  Desejou a mais velha.

- Você também Hina. - Devolveu a mais nova. Athina se levantou, deixou a caixa em seu quarto e depois seguiu para  cozinha lavar as mãos.

Abriu a geladeira se perguntando o que poderia fazer para o jantar. Olhou uma vez, olhou outra e decidiu que sairia para fazer compras e que naquela noite,  encomendaria comida.

Pegou um bloquinho de notas e lapiseira em uma das gavetas do armário de cozinha, e se colocou a fazer a lista das coisas que compraria para encher dignamente seu aparelho doméstico.

Inclinando-se sobre o balcão, ela escrevia o que acha ser necessário e um pouquinho saudável para sua dieta alimentar.Torcia o rosto em caretas, mordia o lábio inferior em sinal de pensamento se surpreendendo com o som estridente da  campainha.

Querido Desconhecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora