Querido Desconhecido.

09- Com amigos.

O dia no trabalho foi agitado e um pouquinho estressante... Primeiro teve problemas com a impressora, depois com a máquina de café e por fim com o chefe do canil que  foi visitar a trabalho. Parecia que o senhor havia batido com a cabeça e esquecido completamente que ela estava apenas tentando fazer o próprio trabalho.

Foi  cansativo ter que explicar para aquele homem magro e careca que não estava envenenando seus animais... Segundo ele, não tinha como Athina saber o que estava fazendo, foi necessário ligar para a chefe confirmar seu profissionalismo, só assim aquele homem um tanto quanto amargo lhe deixou em paz.

Athin suspirava ao lembrar da tarde chata que viveu.

E depois na hora do almoço foi fazer uma visita ao filho de Ima, que felizmente já estava voltando para casa com a mãe. Ela não entendeu direito o que ele tinha no dia anterior, mas ficou feliz que estivesse melhor. Elas conversaram rapidamente antes que  voltasse para o trabalho.

E quando o expediente terminou, Athina arrumou suas coisas. Guardou o jaleco no cacifo da sala e saiu apagando as luzes. Passou pela porta principal, encontrando seu carro na vaga em que havia estacionado. Ligou o motor e partiu raspando seus pneus na estrada movimentada.

Parou em algum mercado  perto de seu bairro, fez algumas compras para abastecer seu armário de cereais e latarias... E claro, aproveitou para acrescentar algum queijo.

Voltou para casa e fez o macarrão que Heloise sugeriu.

E quando terminou de cozinhar e  arrumar a mesa, sentou-se com o telefone na mão para esperar... Pensou em Mickey, e em como não haviam falado o dia inteiro.

Ela estava muito agitada e mal teve tempo de pegar no telefone. Mas também não haviam mensagens dele, ou mesmo chamadas perdidas.

Se perguntava se ele estaria bem?

Ou se deveria ligar já que trocaram os números, ou incomodaria?

Mas ainda nem era tarde, só eram sete e poucos. Mas talvez ele estivesse chegando do trabalho, ele mesmo disse que chegava perto daquela hora quando estava muito atarefado.

Ia divagando sobre ligar ou não quando o telefone vibrou em sua mão. E quase o derrubou quando viu o nome na tela.

- Oi -  Respondeu a chamada de forma tímida. Já se falavam, era bom, mas estava nervosa por ser em "tempo real".

- Athina, sua voz é ainda mais bonita do que imaginei. - Mickey saudou.

O... obrigado. - Agradeceu e em seguida bateu na própria testa. Por que estava nervosa, por que estava gaguejando? Seu coração também estava acelerado, disse a si mesma que precisava se acalmar, não era a primeira vez que conversava por telefone, não precisava agir como uma criança. - A sua voz também é bonita. - Elogiou de volta. E aquilo era totalmente verdade, mais do que imaginou, a voz dele também era bonita. - E como foi o seu dia? - Perguntou.

- Desculpe não ter ligado, hoje foi um sobe e desce infernal. Não consegui ficar quieto... Mas acredite quando digo que tive saudades. - Mickey se justificou se sentindo em falta com ela.

- Não se preocupe, eu também estava correndo feito louca... - Athina garantiu que não havia problemas, que ele não precisava se sentir mal, ela poderia ter ligado também.

- E saudades minhas, não sentiu? - Mickey perguntou lhe lembrando do que ele havia dito antes. Ele sentiu, e claro que ela havia sentido a falta dele também.

- Sim, também senti saudades. - Admitiu um pouquinho mais baixo. Um sorriso bobo desenhou os lábios de Mickey, e Athina sentiu o estômago dançar. Se lembrava daquela sensação, daquele sentimento, só na queria lhe nomear.