16- Força necessária.

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- Não precisava ter vindo. - Mickey falou após solta-la do abraço. Com o cabelo bagunçado pela quantidade de vezes que lá passou a mão, a camisa meio húmida pela lavagem forçada a fim de retirar os vestígios do sangue de Angel, ele se encontrava com o coração partido.

- E como ele está? - Athina perguntou ignorando completamente o que havia ouvido.

- Foi para a cirurgia.- Respondeu sentindo um peso enorme em seus ombros. Aquilo tudo estava sendo um pesadelo do qual só queria acordar.

Ele viu o pai pela manhã logo que chegou ao trabalho, e ele estava bem. Eles ainda se cruzaram no corredor quando estava saindo para o tribunal, mal se falaram naquele dia, mas ele ainda estava bem.

Como aceitar agora que ele havia sido baleado?

- Cirurgia? - Athina se mostrou alarmada e depois tampou  a própria boca sentindo  vergonha. Ela deveria confortar, não aterrorizar.

- Eh, ele levou um tiro. Vão precisar  retirar a bala, estancar a hemorragia interna... - Mickey explicou. Estava cansado, pensar demais o deixou assim.

- Espero que ele melhore logo. - Athina desejou segurando as mãos do advogado.

- Obrigado. - Alexandre respondeu.

- Esse é meu avô, Alexandre. - Mickey apresentou indicando com a cabeça o homem em questão. - Vovô, essa é a Athina. Amiga minha. - Terminou as apresentações se afastando um pouco para que a morena pudesse ver o senhor.

Com o cabelo totalmente cinzento, algumas poucas rugas no rosto e aquele olhar que transmitia sabedoria, Athina pensou que aquele senhor elegante não se enquadrava bem no cenário que agora estavam. Então mais uma vez pedia que melhorasse o seu filho.

- Apesar das circunstâncias, é um prazer conhecê-la, Athina - Alexandre  disse polidamente. Ele ainda estava sentado, olhando na direção de que Karen vinha, mas a moça notou seu estado cansado.

Como não, se aquele que estava sendo operado era seu único filho.

- De igual modo, Senhor Alexandre - Athina  retribuiu. Karen se aproximou e parou na frente dele.

- Aqui, beba isso. - A ruiva estendeu uma bandeja com sumo e sanduíche para o senhor de idade. - Toma Mickey, coma você também. - Chamou pelo amigo lhe estendendo apontando com a cabeça a bandeja.

- Karen, o que é isso? - Alexandre perguntou, o prato ainda estivesse em sua frente, embora a ruiva estivesse olhando noutra direção.

- Não me olhe assim, vocês nem almoçaram... Pensei que poderia comer alguma coisa. - Karen argumentou vendo a cara feia do mais velho

- Olhe para mim Karen, parece que estou com fome? - Alexandre rebateu, irritado se colocou em pé. E Athina se surpreendeu com a mudança de aura, primeiro era calmo e amigável, depois estava sendo  até assustador.

- Vovô deixe ela em paz, só queria ajudar. - Mickey pediu.

- Quer ajudar, fique quieta. Não me ofereça comida. - O senhor disse chateado. Pegou o prato da mão dela e colocou no banco.

- Por que está com raiva de mim senhor Alexandre, eu não fiz e também estou preocupada com o Angel - Karen protestou sentindo os olhos molhados. - Eu também estou preocupada. - Repetiu.

Alexandre inspirou pesadamente, mediu seu próprio comportamento e então se aproximou. Não era com ela que estava chateado, não era com ninguém além do atirador, então não precisava se comportar de forma diferente.

- Me desculpe querida, não quis lhe ofender. - Pediu abraçando a moça que considerava como neta, deu um beijo no topo de sua cabeça e a deixou repousar em seu abraço.

Querido Desconhecido.Onde histórias criam vida. Descubra agora