Terça-feira. O sol ainda sonolento, escondido no horizonte pensava em dar as caras e iluminar todo aquele espaço, o nevoeiro nas ruas se dissipava e a temperatura já começava a subir.
Nas ruas, as pessoas começavam a se locomover. Algumas se dirigiam ao trabalho, outras indo se exercitar, e outras apenas tinham como passatempo ficar em frente ao próprio portão prestando atenção na vida alheia.
O complexo habitacional Luzia, no fundo era como todos os outros bairros. Pessoas fofoqueira, pessoas trabalhadora, pessoas preguiçosa e até mesmo mães rabugentas que acordavam cedo para gritar com os filhos que iriam a escola.
Era bonito e belo aquele complexo, mas as vezes se tornavam barulhentas as ruas do qual fazia parte.
E naquela mesma manhã, um pouco mais cedo que o normal Mickey se viu sendo acordado pelo toque insistente de seu smartphone.
Ainda de olhos fechados e um sentimento nada hospitaleiro por estar sendo acordado, procurava o aparelho que sabia estar assim como ele, sobre a cama.
Era uma chamada do tribunal. Bom, mais propriamente de um amigo que conhecia dentro do tribunal.
Só existia uma razão para Mirco estar lhe ligando aquela hora, então a tensão se fez presente antes de atender e a preocupação o invadiu quando desligou.
Saltou da cama em um misto de irritação e ansiedade indo direto para casa do pai. Apenas lavou a cara e trocou de roupa.
- Mickey o que está fazendo aqui, ainda nem são seis horas direito. - Com uma voz de sono e o pijama amassado no corpo, Angel se surpreendeu com a visita repentina do filho. No entanto, a surpresa não durou muito.
O senhor fez cara de tédio, lhe liberou a passagem e começou a caminhar para sua cozinha. Descalço, ele tentava alongar os braços.
A casa de Angel ficava em um bairro isolado no lado oeste de Ventana. Relativamente perto do mar, a temperatura costumava ser fria pela manhã e ventos fortes ao entardecer. Era um bairro calmo, a casa havia sido presente de um de seus clientes e ele adorava viver lá com o filho.
A construção era toda inspirada em algum modelo de algum século passado. Então as casas pareciam pequenos castelos por fora, mas com certa modernidade por dentro.
- Ligaram do tribunal. - Mickey anunciou seguindo-o.
- Que surpresa senhor advogado. - Angel ironizou lavando as mão na pia. Olhou a própria cozinha e agradeceu pelo filho não ter feito nenhuma bagunça na noite anterior.
- Não foi engraçado, o senhor está procurando problemas desnecessários só porque está obcecado com essa história. - Falou se aproximando mais do balcão que os separava. - Foi o Mirco quem ligou, para avisar que o senhor vai ter uma audiência hoje com o juiz para falar sobre o caso da Amélia. - Contou. Angel não expressou qualquer reacção, ao menos não externa. Por dentro ele revirava os olhos e estava a língua o mais alto que podia. - Silêncio, é só isso? - Questionou incrédulo.
- Se já sabe porque está perguntando? - Angel devolveu. Era um tanto quanto irritante a reacção que estava recebendo de sua cria. Não que esperasse por abraços ou felicitações, mas também não esperava que o filho colocasse um "espião" de olho nele.
- O senhor recebeu uma ameaça do marido daquela mulher louca, será que não teme pela sua vida ou pela da sua família? Por que insistir nisso quando a decisão já foi tomada? - Questionou o menor. Eles nunca haviam tocado no assunto diretamente, não depois que seu pai se afastou, mas conhecia tão bem toda aquela história.
Sabia tudo que a envolvia, desde o princípio ao fim. Sabia que tão logo o pai começou a representar a filha de Amélia, o marido daquela mulher cujo a tornozeleira não lhe permitia sair da cidade, o ameaçou de morte se a esposa passasse um dia na cadeia.
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Querido Desconhecido.
Romance🏅 - Melhor Sinopse - Concurso Dulce Tentation. Com a vida toda programada, Athina toma uma decisão que considerou depois como sendo a mais precipitada, desencadeando uma série de arrependimentos, mágoas e incertezas em sua vida amorosa. Chegando ao...