11

6 2 0
                                    

— Olivia? o que você está fazendo aqui sozinha?

eu estava nenhum pouco afim de socializar com as pessoas da festa, estava sendo um saco essa noite, Mariah, a estrela da noite esta curtindo cada segundo, e eu estou sentada nos primeiros degraus da escada da sala sozinha, bem, estava sozinha até Lucas chegar e sentar no meu lado.

— festa não é para mim, eu nunca sei o que fazer, ja fiz o que todos fazem, já dei uma volta, falei com no mínimo vinte pessoas do colégio e bebi uma latinha de cerveja, minha única amiga daqui está ocupada demais para mim.

— por que você não curte a noite? sem ser como se fosse uma tarefa para cumprir, do jeito que você falou festa parece uma coisa super chata, só deixa rolar.

— não sou uma pessoa extrovertida como você, Lucas, não é tão fácil. Você ficou com alguém essa noite?

— eu não fico em festas, não acho graça de beijar sem sentimentos. Seguinte, vamos eu e você, você e eu lá para frente do som e te ensino como curtir uma festa, jae?

— jae?

Lucas se levanta e pega minhas duas mãos me levantando da escada e me levando para fora, numa pista quadriculada improvisada, estava tocando um rock brasileiro que não era a música mais apropriada para dançar, mas ele pegava minhas mãos e dançávamos para lá e para cá de um jeito desengonçado, ele me rodava e pulávamos. Depois de nós, entrava mais gente para dançar conosco na pista, mas para mim, havia apenas o som e as luzes coloridas e nós na casa inteira.
Quando começa "Na sua estante - Pitty", ja estava cansada de pular e dançar, então sentamos nos bancos próximo da pista.

— quer uma água? eu pego para você.

— por favor.

— ja volto, não some e nem entra.

— não vou, relaxa.

Lucas vai até a bancada onde tem umas garrafinhas de água, olho ao redor e encontro Luiz beijando uma garota num canto, mas não consigo sentir nada, apenas desgosto, como pude deixar esse garoto encostar seus lábios e suas mãos em mim?

— tudo bem, Olivia?

Lucas chega com duas garrafas de água, me dando uma e sentando no meu lado.

— melhor impossível, obrigada por ajudar a me divertir.

Bebo a metade da garrafa de vez.

— eu também te agradeço, depois a gente volta para o meio da pista.

— você é incrível, Lucas.

— você que é Oliviazinha.

Enquanto descansávamos um pouco olhando o povo se divertir, tudo parecia muito perfeito, Lucas me olhava como se soubesse o que estava pensando naquele momento, me aproximo lentamente dele e fechando meus olhos para um beijo, mas quando estava prestes a encostar minha boca na dele, ele recuou.

— Olivia... — ele diz na defensiva.— eu gosto muito de você, mas não posso, esse não é o momento, você entendeu errado.

me afasto rapidamente dele, tentando arrumar minha postura tentando disfarçar minha vergonha.

— não, sim, isso seria um erro, somos amigos, apenas, foi uma loucura minha, eu e você... você não fica com quem não tem sentimentos, está certo. Eu preciso ir ao banheiro.

meu nervosismo me impedia de dizer qualquer coisa, me levanto rapidamente e corro para dentro da casa, subindo as escadas em direção a suite do quarto da Mariah.

Olho para o meu reflexo no espelho da pia, meus olhos marejados e meu cabelo grudado na testa e suado, eu estava horrível, as minhas lágrimas caiam sujas de rímel enquanto lembrava o que havia acabado de acontecer.

Ouço alguém bater na porta e tento limpar meu rosto com as mãos.

— Olivia?

— Lucas, desce, estou bem, vai aproveitar a festa com seus amigos. Eu não gosto de você romanticamente, eu só achei que o clima estava bem para eu te beijar, mas tudo bem. — falo de dentro do quarto para ele do outro lado da porta. — você não beija quem você não é apaixonado.

— Olivia, não é assim, eu... eu gosto da nossa amizade, não queria te confundir. E eu não podia fazer isso porque...

— você não me confundiu.

o interrompo antes dele se enrolar mais, engulo o choro e tento dizer com a voz menos trêmula possível.

— te espero lá em baixo?

— a gente se vê na escola, segunda-feira.

— tudo bem. boa noite, Olivia.

— tchau.

ouço os passos se afastarem e me jogo na cama da Mariah e fico uns minutos ouvindo o som abafado da festa rolando de dentro do quarto.
Decido ir embora mais cedo dessa festa, me levanto da cama e tiro a mancha de rímel do rosto em frente da penteadeira.

Assim que abro a porta do quarto me deparo com José de braços cruzados, escorado na parede do corredor em frente a porta.

— o que você esta fazendo aqui em cima e sozinho?

ele desencosta da parede.

— procurando um banheiro que não tenha gente se pegando ou cheiro de vômito. Coitado de quem for arrumar essa casa depois.

— tem um banheiro no quarto da Mariah, ninguém dos convidados usam, mas você pode usar, só não conta para ninguém.

aponto para dentro do quarto e ja ia embora mas ele pega no meu ombro me deixando de frente para ele e analisa meu rosto como se estivesse algo muito errado nele.

— ei, o que rolou contigo?

tento virar o rosto para que ele não veja o desastre que está minha maquiagem e a minha cara de acabada.

— nada que é da sua conta, agora, usa o banheiro e me deixe ir embora.

ele solta a mão do meu ombro e vou andando saindo do corredor.

— está cedo, garota.

deixo José falando sozinho e vou para o andar de baixo, Lucas recebe uma ligação e quando atende olha diretamente para mim  nas escadas, olho para ele tentando demonstrar que estava bem, pelo menos tentei com um sorriso forçado.

...

Era madrugada, no meu quarto, deitada na cama após tirar o vestido e tomar um banho, com apenas a luz do celular acesa, estava assistindo os stories da galera que estava na festa, vários vídeos de pessoas dançando, selfies, bebidas e luzes coloridas, ocorreu tudo como Mariah havia planejado, assistindo os stories dela feliz me deixou feliz, pelo menos algo deu certo para alguém.
O próximo story era de José, uma foto da cidade a noite, pelos prédios e a Lua, era da sacada do quarto da Mariah, espero que ela não repare isso pois eu que deixei ele entrar no quarto. No story, José colocou a música "Lugar Ao Sol - Charlie Brown Jr", me fazendo lembrar do começo da festa.

Eu:
eu sei quem colocou Charlie Brown estourando na festa.

José:
quem?

Eu:
aquela música é muito boa.
pena que todo mundo odiou.

José:
você curte esse tipo de música?

Eu:
não muito, mas conheço algumas

José:
então me manda umas músicas que você curte, to precisando atualizar minhas playlists

Eu:
as músicas que escuto são aquelas que só meninas ouvem, sabe?

José:
fala po

Eu:
taylor swift.

José:
eu gosto mais ou menos

Eu:
só de você gostar mais ou menos, para um garoto ja é muito.

José:
realmente kkkk
tipo Adelle

Por algum motivo, conversar com José não foi tão desconfortável quanto conversar com Luiz ou outro colega da escola. Ficamos até mais tarde falando sobre músicas, ele me ajudou a me distrair e parar de pensar um pouco no melhor amigo dele e da noite ruim que foi hoje

Como Tudo Deve SerOnde histórias criam vida. Descubra agora