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— ... usei a saia prata com a blusa rosa, ja que meus pais brigaram comigo por causa da tamanho do vestido vermelho, aquele vestido vermelho que tem o decote em V e tem um lascado no lado, ele nem é tão indecente assim. Olivia você está me ouvindo?

— ai caramba!

estava concentrada em furar a fila da vendinha de doces da escola, era intervalo e Mariah não parava de contar todos os detalhes da viajem dela, como eu não estava dando cem porcento da minha atenção para ela, ela então cutucou com o dedo o meu ombro que estava super sensível e vermelho.

— foi mal amiga, está tão dolorido assim? você não sabe o que é protetor? se você usar bronzeador você pode ficar bronzeada em vez de ficar como um camarão.
Mariah diz andando atrás de mim até o balcão.

— oi Clau, me vê pra mim balas e paçoca por favor?
tento pedir com o máximo de confiança, pela primeira vez estou comprando sozinha, sem o José para me dar um "passe vip", mas quando a senhora do outro lado do balcão me vê, ela vem me atender.

— amiga do José, não é? é pra já, florzinha.
solto uma risadinha ao ouvir isso, Mariah ao ouvir o que a Clau disse, olha para mim como se tivesse algo de errado.

pego as balas e paçoca e saio da fila imensa com as mãos cheias em direção à quadra.

— perdi alguma coisa nos dias que estive fora?

— você não perdeu nada Mariah, relaxa.

Em nossa direção, chegava o José junto do Lucas, assim que vi o Lucas meu coração começou a bater forte, vê-lo ele com as bochechas vermelhas do feriado na escola fez cair a fixa que o fim de semana foi real, assim que ele me viu, deu um sorriso.

— hm, paçoca.
José vem tentando roubar alguma das paçocas das minhas mãos.

— ei! não José! eu comprei poucas!
tentava impedir que ele pegasse algumas mas ele é mais ágil que eu, agarrou um braço meu e tentou pegar uma, porém fechei mais a mão. — quer uma bala de iorgute? eu te dou, duas se quiser.
ele solta meus braços e abro as mãos para dar duas balas, e ele pega três balas antes de eu dar para ele.

— pensando bem, bala é melhor, já que as suas paçocas viraram farofa.
ele diz desembrulhando uma bala. Olho para as três paçocas amassadas, filho da mãe! olho para ele com ódio nos meus olhos.

— quer alguma bala, Lucas?

— se quiser me dá uma eu aceito.
dou três balas para ele também.

— fez o que de bom no feriado garota? pela insolação, ficou um pouquinho no sol.

— passei na praia, e você?

— por aqui mesmo, um dia passei no interior, mas voltei no mesmo dia.

— bom pra você. Agora, vou na quadra, vamos Mariah?

— vamos sim, tchau meninos.
eles dão tchau para ela, eu dou um acenos para Lucas e ele sorri para mim.

— o que deu no José?
Mariah diz assim que sentamos na arquibancada.

— eu não sei, ele sempre foi babaca assim.

— e desde quando vocês são amigos?

— nós não somos amigos.
abro com cuidado uma paçoca toda quebrada e como um pedacinho que estava inteiro.

— ele é estranho isso sim, quero distância de meninos como ele.

— é, eu também.
digo sem muita empolgação cansada desse assunto, pego um farelo e ponho na boca, olho para fora da quadra e José estava me observando de longe do pátio, o ignoro e olho para quadra novamente.

No caminho de casa, estava andando sozinha, até José me alcançar.

— ô garota!
eu paro de andar para ele me alcançar.

— oi garoto, o que você quer?

— foi mal pela paçoca.

— tudo bem, deu pra comer. —  falo, ele me encara sem dizer nada, como sempre. — aqui, você não mora por aqui e o Murilo nem foi para escola, o que você está fazendo aqui?

— por Deus garota, você não para de fazer perguntas.

ele começa a andar e eu vou andando junto com ele, para o caminho da MINHA casa.

— que por acaso você não respondeu nenhuma delas.

— hoje você vai poder me assistir jogar?

— por qual motivo eu iria te assistir?

— como você complica as coisas, fiz uma playlist nova e queria que você ouvisse.

— eu entro na call hoje a noite e ouço as benditas músicas, está bom pra você?

— okay.

ele dá um sorrisinho.

Chegamos na rua da minha casa, onde eu normalmente costumo me despedir de quem está comigo e entro na rua sozinha.

— tchau José.

— porque tchau?

— porque chegamos na minha rua, você segue seu rumo e eu vou para casa.

— o caminho da minha casa é indo por essa rua.
Ele começa a andar na frente entrando na minha rua, respiro fundo e vou indo atrás dele até minha casa.

— agora sim, tchau garoto.

ele olha para minha casa e as janelas do segundo andar.

— qual das janelas é o seu quarto?

— eu não vou dizer, você é estranho e eu não confio em você.

— é a que a cortina é rosa?

— não vou dizer, ja falei. tchau José.
me despeço indo em direção à porta.

— tchau, Olivia.

...

Eu:
oi José

estou livre, está jogando?

José:
coe

dez minutos

Eu:
okay

Espero os dez minutos, na verdade se passaram quinze minutos e nenhum sinal de vida, penso em desistir, subo as escadas para meu quarto quando ouço a campainha tocar, ia descer e atender mas minha mãe que estava na cozinha, atende no meu lugar.

— Olivia, para você, uma caixa de... paçoca?
minha mãe diz da sala, quando ouço "paçoca" vou até a janela rapidamente e vejo José de moletom preto cruzando a rua caminhando com as mãos no bolso, antes de sair da minha rua ele olha para trás e me vê na janela.

Desço para sala e pego a caixa de paçoca, nela estava um post-it amarelo escrito um recado em caneta.
Sorrio incrédula com o presente, minha mão vem por de trás de mim lendo em voz alta.

— "foi mal pela paçoca hoje cedo", quero o contexto disso ai, garotinha. Um rapaz bonito mandou te entregar, mas que tipo de presente é esse?

— um colega insuportável da escola quebrou minhas paçocas, pelo visto ficou com peso na consciência.

— colega insuportável, Olivia?
ela diz com um sorriso malicioso, respiro fundo, pego o post-it e subo as escadas.

— é melhor não comer mãe, podem estar envenenadas!
falo antes de fechar a porta do meu quarto.

Como Tudo Deve SerOnde histórias criam vida. Descubra agora