Como Tudo Deve Ser

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Dias depois, no recreio, furo a fila mais uma vez e consigo comprar balas com rapidez, saio da multidão mas antes de sair do refeitório para ir na quadra, olho para os lados à procura de algum loiro ladrão de guloseimas, nenhum sinal dele, na verdade faz alguns dias que não vejo ele. Ao olhar para o outro lado, encontro Lucas, que quando me vê vem até mim.

— oi Oliviazinha, como você ta?

— estou bem, quer bala?

— não, valeu. Vai na festa sábado? falaria que você não vai, mas ultimamente você está em todas.

— festa de quem?

— do Luiz, você não foi chamada? foi mal, eu pensei que você ja sabia.

Eu recebi sim um convite por mensagem, mas não abri, estava ignorando as mensagens do Luiz fazia duas semanas.

— ah sim, do Luiz, fui chamada, eu ja tinha esquecido, é esse domingo?

— isso mesmo.

— você vai?

— você vai? se você for eu vou.
Lucas diz.

— seus amigos vão?

— quais amigos? o Murilo e o José? eu não falei com eles ainda, mas eles não vão deixar de ir em uma festa.

— acho que vou sim, Lucas. — falo, ele dá um sorriso com minha resposta. Antes dele ir embora, pergunto — você está sozinho hoje?

— ah, estamos em semana de prova e estamos saindo mais cedo, eu fiquei para ajudar nos preparativos da formatura, preciso de uns pontos extras e faltam quinze dias para a colação de grau. Mas a maioria estão indo embora mais cedo.

— entendi.

— você vai na formatura da minha classe né? se você não tem convite, eu te convido. Vai ser aqui no ginásio da escola, no primeiro sábado de férias.

— eu nem pensei em ir, talvez eu venha então, acho que vai ser legal.

— e vai, até tem que vir com roupa chique, eu vou com roupa social, você ja é linda de uniforme imagina de roupa chique.
Lucas diz, isso me surpreendeu, minhas bochechas queimaram.

— poxa Lucas, obrigada.

Vou para quadra e procuro Mariah, acho ela, porém ela estava com outras meninas, ela olha para mim do ultimo degrau da arquibancada, aceno para ela, mas ela continua a falar com as meninas em volta dela, não ligo para isso e passo o intervalo sozinha.
...

Em casa, abro as mensagens de Luiz, confirmo minha presença.

Luiz:
oi loira

oi

ta fazendo oq no feriado?

vou fazer uma resenha com os meninos aqui em casa mais tarde, se quiser aparecer...

oi gatinha

você passou o feriado na praia? vi suas fotos no insta

Olivia

saudade loirinha

* um convite*

Olivia, domingo vou fazer uma festa, se quiser aparecer vai ser muito bom🤪

Eu:
oi Luiz, estarei ai no sábado!

Luiz:
ótimo gatinha😍

Me lembro de José, e resolvo mandar mensagem.

Eu:
você não ta indo para escola mais não?

José:
oi

faltei hoje

ta sentindo falta de me ver?

Eu:
claro que não

José:
duvido muito

Eu:
eu só não lembro de ter te visto hoje

você não é muito discreto

José:
você sentiu falta

seja verdadeira

Eu:
af José, sentir falta é uma palavra muito forte

eu não vi você ultimamente e lembrei agora que vocês do 3° estão saindo cedo e hoje você não foi, apenasss

José:
se lembrou de mim

é pq sentiu minha falta

Eu:
ah ta bom José, pense o que quiser

José:
ok, bravinha

Eu:
você não mandou mensagem ontem? eu lembrei de você

José:
e eu lembrei de você
🤪

Eu:
eu não to bravinha

José:
parece estar kkk

Eu:
no final, você que lembrou de mim primeiro hein

José:
é kkkk

quer escutar minha playlist?

Eu:
eu quero

Ele me manda um link de mais uma playlist que ele montou, odiava admitir, mas ele tem um gosto musical realmente muito bom.

...

Era sexta feira, havia acabado de tocar o sinal pós intervalo e sai da quadra a caminho da minha sala de aula. Mariah novamente me evitou, ela diz que é coisa da minha cabeça mas sinto que ela está se afastando de mim, passei o recreio com ela, mas ao sair da quadra ela diz que precisa falar com uma Duda e me encontraria na sala.
Eu subi as escadas em frente da minha sala e me deparo com José.

— oi, pensei que tinha faltado hoje de novo.
fui até ele com o corredor cheio de alunos. Ele olha para mim, olha para dentro da minha sala e volta para mim.

— tem professor na sua sala.
ele diz com indiferença, percebo que ele não está sozinho, um outro garoto do terceiro ano estava conversando com ele antes de eu aparecer.

— e dai? acabou de bater o sinal, vou dar uma passada no banheiro.
começo a andar em direção do banheiro mas ele para na minha frente me impedindo.

— você vai não.

— e você manda em mim por acaso?
cruzo os braços. Me esquivo dele e continuo andando, mas quando passo dele ele pega no meu ombro me puxando para o caminho contrário.

— deu sua hora de ir para sala, garota.
eu tento tirar a mão do meu ombro mas quando eu tiro ele pega meu braço com a outra mão, ele consegue pagar minhas duas mãos e as segura com apenas uma mão, eu tento me soltar mas para ele parece que nem fazia esforço.

— qual é o seu problema?
grito no meio do corredor com alguns alunos, ele me ignora e me leva até a porta da minha sala.

— o professor, essa garota estava querendo matar a aula do senhor.
ele me empurra para dentro da sala, olho para ele incrédula com o que ele acaba de fazer, ele continua sério, como se fosse um coordenador da escola brigando com uma aluna do sexto ano, a diferença é que um coordenador não pegaria firme no meu braço para me colocar na sala. Sento na minha cadeira bufando de raiva.

Mariah é a ultima aluna a chegar na sala, ela se senta na cadeira do meu lado e percebe meu mau humor.

— o que rolou, amiga?
ela sussura enquanto o professor escrevia no quadro.

— não é nada, eu só não aguento mais esse terceiro ano, ainda bem que é a última semana de aula deles, assim eu nunca mais olho na cara dele.

— dele quem?

— não deu tempo de fofocar no intervalo e precisam continuar papeando na sala de aula, Mariah e Olivia?
o professor chama nossa atenção antes de responder Mariah.

— foi mal, professor.
Mariah diz.