3° Capítulo: Murmúrios

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                                                         8:40 AM Tuesday                                                                             Outono

   Após desenterrar um passado traumatizante, era quase impossível para o ruivo não abater-se, o clima que se instalou na casa dos Amsterdam era sufocante. Apuh conseguia compreender o porquê de seu avô ter ficado tão retraído e perdido em sua própria mente, afinal de contas, se esses seres mitológicos existirem mesmo, deve ser uma das piores sensações ficar cara a cara com um, e claro, deve ser horrível perder uma pessoa de uma maneira tão brutal. O ruivo não conseguia nem imaginar o quão seu avô, na época ainda jovem, deve ter ficado traumatizado. 

    O ruivo fazia um pedido mental para que nunca, nunquinha mesmo passe pela mesma situação que seu avô, se essas lendas existirem mesmo. 

    A cidade de Amystic voltava a clarear novamente, mas, além de raios cintilantes e o aroma fresquinho de café, um burburinho rondava por todas as pontas da pequena cidade de Amystic. Enquanto o ruivo fazia sua caminhada matinal a padaria da cidade, tentava escutar a conversa alheia, a fim de entender o caso que havia acontecido para gerar tal falatório. 

? — Eu não teria coragem de abrir essa padaria hj. — Uma senhora próxima a Apuh comentou 

   O ruivo deu alguns passos para trás e se escondeu atrás de uma coluna, afim de ouvir a conversa de ambas as senhoras. 

? — Também me pergunto isso. O proprietário deveria estar envergonhado. — comentou a outra mulher, enquanto olhava com indignação a outra que soltava um riso irônico

   Esse era o lado ruim de morar em uma cidade pequena, praticamente um ovo. Como não há muitas ocupações, a fofoca rola solta com o mínimo acontecimento possível. Lamentável. 

? — Fiquei sabendo que o Foka…

? — Apuh? — Uma voz interrompeu a minha tentativa de bisbilhotar conversas alheias, logo reconhece a voz e vira-se em direção ao proprietário. Victor estava logo ali, me encarando com um olhar de julgamento. 

Victor, o que você tá fazendo aqui? — Perguntou o ruivo, logo tocando-se da lerdeza que acabou de sair de sua boca. — É claro, o que se faz em uma padaria, não é mesmo? 

Victor — Não me vem tanta coisa em mente. — falou enquanto ria ironicamente do mais velho 

   Olhei novamente por alguns segundos para as senhoras fofoqueiras, mas ao contrário do que eu pensei, elas olhavam para mim e o moreno ao meu lado com um olhar de indignação. Vagarosamente me escondo atrás da coluna, o meu rosto possuindo uma cor avermelhada. 

Muito obrigado Victor, me descobriram por sua culpa. — Falou enquanto cobria o rosto, sentindo o calor de suas bochechas — Aliás, você não tem o costume de frequentar a padaria, o que foi? Sua mamãezinha pediu pro bebê comprar leite? 

Victor — Hahaha, muito engraçado senhor idoso. — indagou enquanto revirava os olhos — Vim pelo mesmo motivo que você, minha mãe pediu que eu viesse descobrir o que tanto o pessoal fofoca essa manhã. 

É algo relacionado a um empregado daqui, o Foka. — Sussurro, olhando agora para o balcão da padaria 

     Lá se encontrava Ralls, o proprietário da padaria, habitualmente com suas veste de padeiro e o cabelo bagunçado. Seu olhar era opaco, não continha uma expressão contagiante rotineira, estava explícita para que alguém visse que a situação não estava boa. O que tenha acontecido, o afetou bastante. Corri o meu olhar por toda a padaria, à procura daquele que vez ou outra ressurge em meus devaneios, mas Foka não estava em lugar algum. Lembrei-me do estado que o vi na noite passada, tenho certeza que esteja relacionado a esses murmúrios. 

O Cavaleiro Das AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora