8° Capítulo: Dúvidas e Certeza

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14:57 PM Saturday 
Fim do outono 

       A manhã do sábado surgiu de uma maneira péssima, trazendo consigo aquele detestável ar gélido do inverno e nuvens cinzentas para o céu, por conseguinte, fazendo o dia já amanhecesse nublado. 

     Não era um clima agradável, tampouco bom ao ver dos cabelos flamejantes e a situação do seu atual psicológico estava cultivado por tamanha tristeza. 

      Fungou seu nariz ao recobrar os sentidos, segurando firmemente enquanto olhava com fúria a maldita carta, tão indecifrável ao mesmo que lhe causava rancor só de olhá-la. A caligrafia era antiga e apresentava falhas, já nota-se que é em mandarim, mas, mesmo colocando em um tradutor as falhas ortográficas dificultaram na tradução. Não passava de umas letras estúpidas em uma folha velha e rasgada, para o maldito azar do rapaz. 

Merda de carta.. — resmungou com um tom rancoroso, amassando a carta e a jogando longe. Não o sabia quem havia o colocado dentro de sua casa, nem seus avós ou irmão reconheceram e isso o irritava profundamente

       Embora o jovem, no fundo saiba que a  falta de atenção foi totalmente do mesmo, seu psicológico confuso persistia em culpa a carta, tornando mais simples o fato de odiá-la. Em sua cabeça, se não tivesse agido de uma forma idiota tentando decifrar o que a maldita carta dizia, teria prestado atenção no trotar do cavalo antes do mesmo passasse a correr e talvez ele conseguisse sair a tempo para salvar Mente, mesmo que estivesse em um veículo. Poderia ter corrido da mesma forma que fez ao ajudar Foka Ludwig, poderia ter ajudado Mente antes deste maldito cavaleiro começasse a correr. Poderia. Até mesmo deveria. 

       Entretanto. Quando o trotar do cavalo reverberou a frente de sua casa e seguiu pela rua, seu irmão desceu as escadas eufórico e o impediu que abrisse a porta, segurando-o dentro da casa e proibindo que sua impulsividade fosse à frente. Então, incapacitado de fazer algo com maior eficiência, sentiu uma tontura ao passo que o trotar se distanciava cada vez mais, como o tilintar de um relógio que estava com a bateria fraca. 

Pedrux — Apuh? — Escutou o chamado de seu irmão e logo enxugou suas bochechas molhadas pelas lágrimas recentes, fungando algumas vezes. 

Entra. — Responde de volta, endireitando-se na cadeira em frente a escrivaninha. O mais novo abriu a porta do cômodo e não demorou a entrar, fitando-o com um olhar preocupado. 

Pedrux — Irmão, já são quase três horas e você ainda está enfurnado no quarto. — disse o moreno, colocando-se ao lado do ruivo e o endereçamento um sorriso fraco — Não acha melhor sair um pouco ou ficar comigo e nossos avós? 

Estou bem aqui. — Falou sem humor, mantendo o olhar fixo na tela clara do notebook e segurando qualquer lágrima resistente que queira ser derramada. 

Pedrux — Você sabe que eu só não queria que algo ruim acontecesse, apuh. — o tom do mesmo soou com seriedade, com uma ponta de tristeza, bem como todas as vezes que disse ao ruivo a mesma coisa toda manhã. Suspirou, olhando frustrado o mais novo. 

Esse cavaleiro não existe. — reverberou em tom baixo, um tanto quanto irônico. 

Pedrux — Eu também não acreditava, mas o ouvimos pela segunda vez. Precisa de uma prova a mais pra acreditar? 

Ouvi um cavalo correndo, mas isso não significa que acredite nesse mito ridículo. — Falou enquanto lutava contra si mesmo para não derramar uma única lágrima. O mais novo suspirou, exausto.

Pedrux — Se não acredita no cavaleiro, por que pensa tanto na noite passada? — indagou, cruzando os braços 

      A pergunta do mais novo trouxe em mente alguns pensamentos recorrentes, o que acabou instaurando um silêncio desconfortável. As indagações em relação a esse tal cavaleiro nunca foram tão presentes em sua vida, mesmo durante a infância não se lembrar de sequer pensar no mito, tampouco ouvi-lo durante as madrugadas. Sempre foi algo distante ao ruivo, pois além de jamais ter testemunhado algum resquício de existência, nunca teve alguém próximo a si que foi levado, logo não via muita importância em pensar sobre isto. 

O Cavaleiro Das AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora