10:40 AM Sunday
InvernoMais difícil do que lidar com o interminável falatório dos seus avós após o fatídico episódio da madrugada, era ser obrigado a absorver o ocorrido e simplesmente voltar a viver, como se nada tivesse acontecido. Além disso, ter que excluir o vídeo sem ao menos vê-lo, podendo colocar uma resposta definitiva nessa coisa de cavaleiro, foi tão difícil implodir quanto ao fato que quase foi “levado”. Era a sua única prova, a sua única alternativa de solucionar tamanho mistério, e ter que apagá-lo por intermédio do medo alheio foi o auge de sua indignação. No entanto, apenas a aceitação o restou.
Na manhã seguinte ao esquisito episódio, seus avós o despejaram sobre sua mente confusa todos os acontecimentos da madrugada, e dessa forma pode compreender o porquê de tanto alarde, mesmo com os gritos raivosos de Amélia Amsterdam. Aparentemente, por volta das 03:15 e após o seu cérebro inundar na mais profunda sonolência, seu avô despertou com barulhos estranhos se ecoando por todas as paredes e cômodos da casa, como se aquele famoso trotar do cavalo estivesse rodeando a residência. Após despertar sua avó, não demorou nem meio segundo para que ambos ouviram um estrondo vindo do andar de cima, especificamente da janela de seu quarto. Algo havia sido arremessado contra a vidraçaria da sua janela.
Entre correrias e relinchos brutais do cavalo, meu irmão adentrou seu quarto e viu a câmera na janela, logo entendendo que o ruivo estava querendo registrar uma imagem do ser místico. Então seus avós começaram a misturar as explicações, desde as batidas até o seu suposto estado de transe, o qual estava guiando-o para fora da casa e, ao que parece, após a pronúncia completa do seu nome em voz alta, o ruivo simplesmente adormeceu e o silêncio se instalou na casa, na rua e em todos os lugares.
Contudo, na cabeça dos olhos ébanos só existiam recordações do exato momento em que colocou o celular na janela. A partir daí, não existia lembranças e muito menos flashbacks do que veio a acontecer depois, tampouco da sua voluntariedade em sair de casa enquanto alguém esmurrava a porta.
O ruivo simplesmente não conseguia lembrar. Era como um apagão, como se nunca tivesse acontecido, ou mesmo como se sua mente estivesse desligada no processo. Embora force o cérebro ao máximo para extrair algo, as lembranças não ultrapassam minutos antes da sonolência.
Supostamente, o ruivo seria levado e nem teria consciência disso.
Pedrux — Ele disse que não tinha nenhum livro que falasse do Cavaleiro. — a voz do mais novo rompeu sua linha de raciocínio, fazendo-o olhá-lo um tanto quanto aéreo.
— Ah, de boa. — respondeu forçando um sorriso. O de cabelos cacheados toma o lugar vago no banco, entornando em seu ombro carinhosamente. — Por que isso teve que acontecer logo comigo?
Pedrux — Eu não consigo imaginar o porquê, puh. — Falou o mais novo, acariciando com sutileza seu braço, e não tardou em deitar a cabeça no ombro do ruivo. — Mas, não fique triste ou se culpando por causa da câmera. Você só estava curioso.
— Nossos avós ficaram com tanto medo e eu nem consigo me lembrar do que eu fiz.
Pedrux — Só estavam com medo de te perder, mas logo tudo vai passar. — ditou o de mechas ruivas escuras soando com sabedoria. Não contive um sorriso tênue nos lábios ao sentir tamanha afeição do irmão, que foi o primeiro a demonstrar apoio ao mais velho, mesmo depois de ter ficado desesperado com o acontecimento da madrugada. Mendrake certamente gritaria consigo em 10 idiomas diferentes se o contasse.
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O Cavaleiro Das Almas
FantasyGostaria de informar primeiramente, isso é uma fanfic dos personagens, não dos criadores. Se em algum momento algum dos criadores se sentirem desconfortáveis com essa história, eu estarei apagando e dando um fim a isso. Essa fanfic tbm contém go...