13° Capítulo: Contato aberto

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                                                                       Monday
                                                      Winter/ 8:14 AM

      Era mais um dos congelantes dias de inverno em Amystic, e os flocos de neve começavam a cair sob as casas de tamanhos uniformes e as ruas estreitas e empedradas, dizendo-nos que o inverno seria mais intenso neste ano. Em breve, turistas chegarão na cidade após longas viagens de trem e dominariam todas as pequenas ruas, tirando suas fotos de recordação e gravando diversos vídeos. O centro de Amystic ficaria tumultuado e os estudantes de universidades vizinhas retornaram para suas respectivas casas, tirando proveito do período de férias. A alta temporada estava à espreita, contudo, enquanto se mantivesse nos planos para um futuro próximo, ainda era possível correr entre as avenidas sem esbarrar em ninguém. Era exatamente o que o ruivo estava fazendo.

        Os relógios marcavam 8h14 quando despertou e arrumou suas coisas, mal contando os segundos que se passavam e sendo completamente consumido pela ansiedade. Algo dentro de si ansiava saber se o primeiro contato havia dado certo, se o suposto cavaleiro das almas havia dado uma resposta e, caso fosse afirmativa, o que ele deveria ter escolhido para Apuh.

         Embora soubesse o quão desrespeitoso e intrigante seja a sua vontade repentina de ir embora, chegando a negar a carona oferecida por mente e por Dino após seu irmão acordasse, a ansiedade crescente em seu interior não o permitia que continuasse na residência dos Dinos por mais nenhum minuto. As imaginações perambulavam por todas as vertentes de seu cérebro, e cada passo perdido tornava-se responsável por aumentar tamanha euforia. Então, deixou um grupo curioso para trás e começou a correr pelas ruas não muito movimentadas, segurando com firmeza a alça da bolsa que estava sob seus ombros e tentando controlar o compasso acelerado de sua frequência cardíaca.

         Olhares de estranheza pairavam sobre si, principalmente daquelas pessoas que o conheciam como “o doce menino Apuh”, mas nem mesmo os julgamentos que eram direcionados a si estavam surtindo algum efeito em si, embora desviasse de contato visual. O desejo de solucionar as dúvidas existentes mostrava-se maior do que qualquer coisa, e não seria o julgamento alheio que mudaria tal fato.

         Virou a esquina que fazia a abertura de sua rua, correndo o sério risco de derrapar na calçada e ser levado ao chão, mas não demorou muito para que a fachada repleta de plantas dominava com maestria seu campo de visão. E antes que pudesse raciocinar alguma coisa, a resposta do chamado primeiro contato brilhou sob meu olhar.

          A resposta você verá ao amanhecer do mesmo dia. Uma rosa da cor que o mesmo escolher e seu acessório será levado. Pairou sobre sua mente as últimas palavras da Sra. Fourmay e, involuntariamente, um sorriso pequeno se formou em seus lábios ao vislumbrar uma rosa de cor branca de frente para a porta, intacta e aparentemente invulnerável ao vento. Não havia a jóia deixada por si, somente a bela e reluzente rosa branca.

E não é que ela tinha razão… — murmurou consigo mesmo, colocando uma mecha do cabelo flamejante atrás da orelha e sorrindo abertamente ao tomar a rosa nas mãos, admirando-a por mera voluntariedade. A Sra. Fourmay possuía razão daquilo que disse e o ruivo não conseguia pensar em outra pessoa para contatar. Ele precisava vê-la o quanto antes.

Desire — Jovem Apuh? — indaga a idosa com estranheza ao o ver, buscando todo o fôlego perdido durante a corrida, em frente a sua casa. O ruivo inspirou com profundidade, logo em seguida soltando o ar pela boca. — Você não deveria estar na casa dos Dinos?

É…deveria. — respondeu com um riso soprado, optando pelo total afastamento de pensamentos voltado para o grupo de amigos que deixou para trás, confusos e até mesmo intrigados com seu estranho comportamento. Ergueu a mão em direção a idosa, mostrando o que segurava. — Uma rosa branca, Sra. Fourmay.

O Cavaleiro Das AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora