romântico incurável

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Décimo Nono 

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Décimo Nono 

Na sexta-feira à noite, por volta das seis e dez, eu deixei a empresa sem pressa. Marquei de encontrar Selena em um barzinho que fica pelas redondezas, segundo ela, Ruby já está por lá. Pensei em chamar Regina, mas assim que entrei em sua sala a vi totalmente compenetrada nos seus afazeres, então somente perguntei se já poderia ir.

Respiro fundo o ar gelado e fecho brevemente os olhos. Penso na minha família, no meu trabalho e na Regina, refletindo sobre tudo e me perguntando se estou satisfeita.

Não há dúvidas sobre mim e Regina. Eu sei, foi tudo muito fácil e rápido! Mas, antes de tudo que ela me falou àquela tarde em seu escritório, eu já sabia que tudo daria errado, no fundo eu sentia – pode parecer loucura, eu sei. Nunca é fácil gostar de alguém, nunca e quando tudo é tão rápido e intenso como nos aconteceu, deixa as coisas piores e mais dolorosas de serem sentidas. Eu sempre soube do seu receio em se relacionar, em se abrir e se permitir outra vez, mas por achar que não lhe dava motivos para desconfiar, achei que tudo bem ir um pouco mais rápido, que tudo bem falar o que eu sentia. Agora, sem a raiva que eu sentia na hora, vejo que talvez eu devesse ter ido mais devagar, ir no seu tempo. De qualquer forma, a maior parte de mim ainda acha que tudo ocorreu corretamente.

Qual a graça de passar pela vida sem arriscar-se ao menos um pouco? E os meus sentimentos por ela não eram frágeis e arriscados, não mesmo! Eu só queria que ela se permitisse sentir, que me deixasse lhe cuidar e amar, sem cobranças e, também, sem patadas, grosserias e muralhas reerguidas. Regina não precisava me falar que era recíproco – porquê isso eu já sentia -, eu queria que ela somente baixasse a guarda e me deixasse mostrar quem eu era, o quanto eu a queria. Bem, agora tudo se ajeitou. Tenho medo? Sim, com certeza. Mas o que é a vida sem um risco ou outro?

Depois das semanas que se passaram sem ter ao menos uma aparição sua, minha ideia era nunca mais vê-la, já estava decidida! Não tinha esperanças de que ela realmente fosse me procurar, mas caso viesse a acontecer, eu não a ouviria, bateria a porta na sua cara, pensei em ser cruel, usar palavras para feri-la. Eu pensei em muitas coisas, mas tudo caiu por terra quando eu a vi. Quando eu abri a porta e a vi segurando uma rosa artificial, com aqueles olhos tristonhos e expressão cabisbaixa, tudo se esvaiu e eu só queria que ela me desse motivos suficientes para que eu a perdoasse sem me arrepender, que eu a perdoasse sem questionar meus sentimentos e o quão recíprocos eram. A certeza viera assim que eu amo você saiu pelos seus lábios, depois a sua pergunta se era tarde demais me desmontou e eu não poderia dizer que sim, eu a queria e não poderia dizer o contrário.

No fundo, eu queria ter sido mais difícil e vê-la implorar, mas sou fraca demais e não conseguiria. É foda gostar tanto de alguém...

Leio os letreiros na faixada do bar e respiro fundo sorrindo. Não está tão cheio, há uma música ambiente e poucas pessoas do lado de fora fumando. Entro no lugar sem demoras e logo vejo-as em uma mesa bem iluminada. Me aproximo.

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