aniversário da vovó Mills

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Décimo Quarto 

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Décimo Quarto 

Pela primeira vez em cinco anos, não vou reclamar do seu silêncio. Eu até aprecio isso hoje, o que é ridículo, convenhamos.

A Megera não larga o celular, mas não me importo pois assim eu posso olhar para ela sem receber suas encaradas de volta.

Em algum momento durante o percurso até a casa da avó dela, iniciei um assunto qualquer com Sidney. Entre uma conversa e outra, percebo como minha risada chamou sua atenção, seus olhos não saíram de mim pelo restante do caminho.

Quando Sidney estacionou, ela finalmente me olhou. Talvez para saber se estou bem, se quero desistir, não sei exatamente. Desço do carro e lhe estendo a mão.

Do lado de fora já é possível ouvir música, mas nada estrondoso. Tem uns carros chiques do lado de fora que chamam minha atenção, sempre gostei de carros – claro que nenhum é mais bonito que meu fusca.

— O nome dela é Soledad. — diz contra meu ouvido e toca a campainha.

Fico meio anestesiada depois de ouvir sua voz tão perto, as lembranças daquela noite me invadem sem permissão, fazendo meu corpo esquentar e minha respiração alterar de um jeito ridículo.

Não demora para uma senhora bonita aparecer, está bem vestida e seus cabelos são longos e bem lisos, muito bonito. Seus olhos são castanhos e profundos, sua pele é clara e sorriso é de quem sabe demais, apesar de bonito com os dentes perfeitos e covinhas nas bochechas. Seu vestido é vermelho sangue, chique e aposto como é bem baixinha, mas ela está sobre saltos.

Essa é a avó dela?! Tá explicado porque a Megera é tão perfeita, toda sua família é bonita.

— Vovó. — a Megera abraça a mulher, que retribui sem desgrudar seus olhos de mim. — Essa é... — ela começa ao se afastar, mas a Soledad interrompe.

— Emma. — diferente do que pensei, ela me puxa para um abraço. Algo no seu tom me faz pensar que ela me conhece.

— Oi!

— Querida, parece que viu um fantasma. — ela rir discreta. — Eu conheço seu avô desde quando éramos jovens, vi você quando era bem pequenininha.

— Ah... Eu não lembro de você, desculpe.

Soledad nos puxa para dentro e só então percebo como a casa está cheia, há convidados de todas as idades. A música é boa, todos parecem simpáticos e nos cumprimentam amigavelmente, as vezes demorando um pouco mais para fazer perguntas sobre nosso namoro – cada um deixando evidente a surpresa em ver que a Megera está namorando.

Encontramos com Cora, Henry, Zelena e Matthew no quintal em uma das mesas, e foi lá que nós ficamos.

É esquisito eu estar tão à vontade aqui, com a família dela e diante de uma mentira? Não vou pensar.

Eu não quis beber, mas a Megera deixou claro que não se importaria. Entre uma taça e outra, meu corpo já estava quente e eu ainda mais solta, rindo atoa e entrando nas provocações de Zelena.

Em algum momento fui dançar com Matthew, que estava sozinho e querendo flertar com alguma mulher. Nem sei porque topei, mas me diverti muito. Matthew consegue ser muito divertido e não sabe dançar, mas ele não se importa com isso, nem um pouco! Suas mãos estão em minha cintura, me movendo de um lado para o outro de maneira desajeitada enquanto eu segurava seus ombros para me equilibrar, eu ria tanto que poderia cair a qualquer instante.

Quando Matt nos girou, eu vi a Megera de braços cruzados nos encarando. Engoli seco e me retrai, sem graça.

Aviso ao Matt que preciso ir ao banheiro e ele me solta, dizendo que até o fim da festa gostaria que dançássemos de novo. Me afasto e vou até minha chefe.

— Preciso ir ao banheiro, vem comigo. — apesar de claramente brava, ela levanta para me acompanhar.

A Megera seguiu na frente, ignorando todos que falavam com ela e subiu as escadas. Eu somente a segui, sorrindo para quem acenava para mim. Ela parou em frente a uma porta e nós entramos, dentro daquele quarto ela abriu outra que dava para um banheiro.

— Por que estava me olhando daquele jeito? — perguntei deixando a porta encostada.

— Eu estava normal. — reviro os olhos.

Termino de pôr a roupa e lavo as mãos calmamente, jogo um pouco de água no rosto e saio do banheiro.

— Não estava, não! Combinamos que nada de mentiras.

— Combinamos?

Fico encarando-a com as sobrancelhas franzidas.

— Você disse que tudo bem eu beber e eu não estou bêbada. Você está com vergonha ou...?

— Vergonha!? Do que está falando?

— Por que não fala, Regina? Você não o faz e quando tento fazer, você não deixa!

— Você está mudando totalmente o assunto. — se vira, mas não permito que saia do quarto.

— Eu não sou nenhum bicho, Regina, é só você me falar o que há da errado. — digo com a voz mansa. Estou cansada. — É por que eu dançava com seu irmão? Caso não tenha ficado claro, eu não gosto de homem. E, muito menos, flertaria com o seu irmão. O que você pensa de mim?

Ela se volta para mim, olhando para meu rosto atentamente e eu espero. Somente espero que ela tenha uma reação, que fale qualquer coisa.

— Eu não me importo.

Assinto, engolindo a lista de palavrões que gostaria de falar e sorrio.

— Ótimo, porque tem uma mulher lá embaixo, é... Brooke? Sim, ela está flertando comigo. Talvez eu dê corda.

Eu sei, foi ridículo. Mas não me arrependi, não depois de ver seu rosto todo se contraindo em raiva. Tento passar por ela, mas sua mão segura meu pulso e antes que eu possa falar, sua boca está colada na minha. Suspiro, sentindo meu corpo amolecer e a beijo de volta.

Sinto minhas costas contra a porta e aperto seus cabelos entre os dedos, sentindo sua língua invadir minha boca sem resistência alguma.

— Eu... — começo, sentindo suas mãos me apertarem. — Eu acho que você deveria me soltar.

Estou ofegante demais quando sinto ela frear imediatamente suas mãos, mas sem se afastar. Tento normalizar a respiração buscando seus olhos, mas ela não retribui.

— Devemos descer...

— Emma... — meu coração bate forte e eu espero.

O foda é que o que eu mais quero é trancar essa maldita porta e passar a noite com ela, conhecendo seu cheiro e seu gosto, decorando cada parte do seu corpo perfeito.

A Megera não fala, somente se afasta. Sinto um gosto amargo na boca e abro a porta.

Maldita hora que aceitei esse acordo. Maldita hora que me deixei apaixonar.

Bem, eu lembro que voltamos para a festa e eu me entrosei ainda mais. Dancei com quem queria dançar, não bebi muito mais. Em algum momento teve karaokê e eu cantei com Zelena alguma música do Elvis Presley, depois uma da Beyoncé com Matthew e uma da Cher com Sr. Henry (que se mostrou muito divertido e com certa desenvoltura na cantoria). No fim da noite, eu estava dançando com Cora e Soledad.

É, eu me diverti muito.

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Comentem e até a próxima! ♡

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