Capítulo 12 🦋

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Cheguei ao hospital veterinário com o meu cachorro nos braços, sentindo um desespero horroroso no peito

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Cheguei ao hospital veterinário com o meu cachorro nos braços, sentindo um desespero horroroso no peito. Kal era minha única companhia, a única referência que eu tinha de família, por incrível que possa parecer. Desde que ele entrou em minha vida, ela passou a ser um pouco melhor, eu tinha algo para cuidar e chamar de meu, além do material.

Cresci em um internato, meus pais nunca se responsabilizaram por mim, me deixaram com o meu avô paterno, quando eu tinha cinco anos e foram viver a vida adoidado. Como resultado pela vida louca que levaram, morreram de overdose de drogas e anti depressivos, com uma diferença de seis dias entre um e outro.

Com o meu avô, eu não tive amor, ele era grosso, duro e cruel. Suas surras me marcaram por dentro e por fora e se teve algo que eu posso agradecer a ele, foi por ter investido pelo menos em minha educação, pois nem sua fortuna me salvaria se eu não tivesse me dedicado aos estudos e ocupado a minha mente com eles.

O dinheiro do meu avô, foi todo doado para caridade, assim que consegui ter minha estabilidade financeira, tudo que tenho, foi construído por mim, isso posso bater no peito e dizer. Lutei para que nada do que eu tivesse fosse decorrente da sua herança, nada que pertencesse a eles me encheu os olhos e não era pouco.

Quando o velho Wilson morreu, não posso dizer que senti tristeza ou chorei, foi algo indiferente, simplesmente fiz o seu enterro dignamente, como devia ser. Eu não tinha por quem sofrer, eu nunca tive o seu amor ou aprendi sobre isso. Quando se cresce em um internado com doutrinas e rigidez, você só aprende o que não deve fazer, eles não se preocupavam com o sentir e foi desse jeito que cresci e aos trinta e dois anos, não sabia nada sobre sentimentos a não ser, a raiva que as vezes era algo difícil de controlar.

Jamie era o único amigo em quem eu confiava, mas nem ele conhecia a fundo, as durezas da minha alma, eu gostava muito dele e sabia que era alguém de boa indole, Kal inclusive foi um presente de aniversário que Jamie me deu e de cara, recusei. Esperto como é, meu amigo me propôs um teste de dois dias e acabei me apegando rápido demais ao bicho, passando a enxerga-lo como um membro excenssial da minha família, afinal, cachorros costumam ser leais.

Mas eu estava ali, louco e temendo perde-lo, o levaram para a emergência e não davam notícias, o que foi desesperador. Eu não perdoaria a pirralha, se algo acontecesse ao meu cão e nem o fato de ser irmã de Jamie, a pouparia da minha ira. Não encostaria um dedo nela, claro. Isso jamais! Conviver com o meu ódio seria só um detalhe.

Alice estava me tirando dos trilhos, em todos os aspectos da minha vida e o complicado, foi ter provado do seu beijo, aquilo me fez querer repetir e tive que me controlar para não invadir o seu quarto, nos dias que se sucederam. No fim, tive que sumir da minha própria casa, tentar achar em outras mulheres todas as qualidades que vi em Alice e nada parecia funcionar, nada era tão bom quanto ela. Sua doçura, espontaneidade e até mesmo língua afiada me prendiam

A menina doce, de sorriso fácil e olhar singelo, havia dominado a minha cabeça, sua imagem meiga e natural, quando invadi o quarto outro dia, meus dedos massageando sua pele, as curvas perfeitas, seu cheiro, seu jeito e meiguice, o modo que dormia, e até mesmo sua petulância me fascinavam, me deixava atordoado, fazia o meu peito inchar com a descoberta de algo novo, algo que eu nunca havia experimentado na vida. Estava tudo ali, impregnado em minha cabeça, me fazendo perder o controle lentamente, mas eu não iria permitir, ninguém tinha mais poder sobre mim do que eu mesmo.

Refúgio no amor (vol. 1) O começo Onde histórias criam vida. Descubra agora