Praticamente não dormi durante a noite, por receio que a febre da Alice voltasse e eu não pudesse socorre-la. Sem falar que era estranho dividir a cama com uma mulher, unicamente para dormir, então, optei por ficar acordado e tive a companhia de Kal.
No meio da madrugada, a voz mansa chamou minha atenção. Eu estava no computador, dando uma checada nas câmeras de segurança externas da casa. O costume de controle caminhava comigo
- Christian?
Desviei os meus olhos da tela, para encarar aquele rosto bonito de olhos expressivos a me encarar
- Diga, Alice! Se sente mal?
Meu tom de voz entregou uma certa preocupação, mesmo tentando não demonstrar
- Não, eu estou melhor!
- Então?
- Você não vai dormir?
- Depois...
Voltei a atenção para o computador novamente. Mas Alice continuou a me encarar insistente
- Que horas são, Christian?
- Quatro da manhã, Alice
Seus olhos se arregalaram assustados
- É muito tarde, precisa descansar, você tem trabalho!
- Eu estou bem, não se preocupe comigo
- Costuma passar a madrugada acordado ou é por que eu estou na sua cama?
Soltei uma lufada forte de ar e revirei os olhos, Alice e suas perguntas difíceis. Tirei o computador do colo e apoiei os cotovelos nos joelhos, juntando as duas mãos e a encarando em seguida. Ela não desistiria
- Eu não durmo com estranhos, Alice!
Ela apertou a mandíbula com força, seu rosto se fechou. Aquilo era decepção?
- Entendo...
- Mas fique a vontade, vou malhar daqui a pouco!
- Tudo bem, Christian... Acho que posso me virar sozinha! Já me sinto melhor
- Ok!
Levantei e fui ao banheiro, alguns minutos se passaram, quando voltei, Alice estava quieta, não havia voltado a dormir, ela não me disse mais nada, fitava o teto branco de gesso, como se fosse seu ponto de refúgio
- Precisa tomar o anti inflamatório para a garganta, já é hora!
Informei depois de olhar no relógio. Peguei o remédio na caixinha e entreguei, junto a água. Sem dizer nada, ela tomou, eu já estava incomodado com aquele seu silêncio repentino, era certo que eu havia a deixado chateado pelo modo que me referi a ela, como uma estranha. Não que Alice fosse, pelo contrário, eu tinha uma certa empatia com ela e por incrível que parece, apreciei sua companhia, vê-la em minha cama era estranho e bom ao mesmo tempo
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Refúgio no amor (vol. 1) O começo
RomanceO amor pode curar até mesmo as feridas mais profundas... Alice é uma garota descolada e divertida que decidiu mudar-se do Brasil para a casa do seu irmão, em Toronto no Canadá, com o foco em estudar arquitetura. Uma romântica de carteirinha, mas co...