Cuidado - Parte 2

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POV LUIZA


A cirurgia da Valentina foi um sucesso. Estamos na provável última noite de internação e graças ao senhor Pai tudo corre como o esperado. A noite é a parte mais difícil, toda hora a enfermeira entra pra ministrar medicação, verificar temperatura, soro e afins, com isso a Valentina acorda, fica emburrada com o sono interrompido e nisso ela fica com um mau humor horrível, faça qualquer coisa, mas não deixe essa mulher sem dormir.

 Eu tenho oferecido toda a minha paciência nesses momentos, imagino que realmente seja chato estar presa numa cama, operada, ter alguém te cutucando a cada horário e ainda ser impossibilitada de dormir, principalmente quando você ama dormir. Sim, a Valentina ama dormir. 

São 3:12h da manhã e tem 20 minutos que a enfermeira saiu do quarto. Estou deitada no sofá e daqui observo a Valentina se mexer impaciente na cama. Decido levantar e ir até lá tentar fazê-la dormir:

- Oi, vida... - dou um beijinho em seus lábios - Chega um pouquinho pra lá pra eu deitar do seu lado - peço com a voz carinhosa e ela se arrasta um pouco para o canto da cama - Vem cá, vem! - aconcheguei ela no meu abraço e comecei um cafuné leve em seus cabelos - Quer que eu cante a nossa música para tentar fazer você dormir como nos velhos tempos? - perguntei e ela balançou a cabeça em confirmação, depositei um beijo em sua bochecha e comecei a cantar baixinho:


"Se você vier, pro que der e vier, comigo
Eu lhe prometo o sol, se hoje o sol sair
Ou a chuva, se a chuva cair
Se você vier, até onde a gente chegar, numa praça, na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar, nesse dia branco, se branco ele for
Esse tanto, esse canto de amor
Se você quiser e vier, pro que der e vier, comigo
Se branco ele for, esse canto, esse tanto
Esse tão grande amor, grande amor
Se você quiser e vier, pro que der e vier, comigo


Logo senti a respiração dela pesada, fiquei ali um tempo observando os detalhes do seu rosto e me perguntando como ela consegue ser tão perfeita mesmo doente e numa cama de hospital. Esses dias trouxeram tanta certeza pra mim, não que eu tivesse dúvidas quanto ao nosso relacionamento, quanto a vontade que eu sinto de construir uma família com ela, mas quando passamos por situações que nos levam ao limite, percebemos o real valor das pessoas em nossa vida. 

Fiquei velando o sono da Valentina e lendo um processo pelo celular, quando me dei conta já estava amanhecendo e no relógio marcava quase cinco da manhã, bloqueei o aparelho, me aconcheguei ainda mais nela e adormeci. 

O dia amanheceu e com ele vieram as enfermeiras. Graças a Deus quando a primeira entrou a Valentina já estava acordada e nós duas ríamos de uma piada bem idiota que ela havia me contado. Ela tinha acordado de bom humor e eu observei que suas bochechas estavam um tanto mais coradinhas, acho que saber que finalmente chegou o dia da alta deixou minha namorada bem mais animada.

- Bom dia Valentina - a enfermeira Glaucia entrou sorridente - Como acordou hoje? - perguntou cuidadosa e se aproximou de Valentina 

- Oi Glaucia, estou bem, graças a Deus chegamos no dia da alta e hoje eu vou pra casa - respondeu feliz - A Dra. Lorena já assinou os papéis? - perguntou e eu e Glaucia sorrimos juntas - Que foi gente? - perguntou arqueando as sobrancelhas - Ela disse que era no terceiro dia e nós já estamos nele - falou - E aí então, Glaucia?

- Valentina, são 7h da manhã, a Dra. Lorena só começa as visitas a partir das 11h, aquieta essa agonia que tem chão ainda pela frente - Glaucia respondeu e eu prendi o riso - Mas olha, trago boas notícias - olhou pra Valentina animada - Ela já deixou autorizado a retirada do seu acesso depois que esse soro acabar e suspendeu todas as medicações, isso significa que realmente a alta vem aí - concluiu 

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