Recomeços

AMOR³

POV VALENTINA

Dezessete dias. 

Exatos dezessete dias que conheci o maior amor que já preencheu o meu peito, o meu ser.

Eu nunca imaginei que ser mãe envolvesse esse turbilhão de sentimentos. Claro que a gente ouve relatos de como é intenso o sentimento e de como é transformador quando acontece, mas nada, absolutamente nada conseguiria explicar o que eu senti quando a minha filha me olhou pela primeira vez com aqueles pequenos olhos azuis.

A Cecília é uma bebê maravilhosa, muito tranquila e calminha, tão certamente puxou essas qualidades da mamãe Lu. Os dias com ela tem sido puro amor. Seu choro é suave e pouco existe reclamação, basicamente só quando tem sono e fome. A cada dia que passa seus traços ficam mais evidentes e nós vamos descobrindo pouco a pouco com quem ela mais se parece.

Parece mentira que um serzinho minúsculo consiga mexer tanto com a nossa vida. Nossa rotina está totalmente de cabeça pra baixo, nada funciona como planejamos e quando a gente pensa que as coisas estão entrando no eixo, algum evento nos mostra que não. Eu tento passar todo o meu tempo livre junto da minha esposa e da minha filha, tempo livre esse que tem sido um pouco mais longo visto que eu já havia espaçado bastante os ensaios no estúdio nos próximos meses pra poder estar a disposição por mais tempo para as minhas meninas. 

Assim que nós recebemos alta do hospital e que chegamos em casa, já tivemos ajuda da babá e da enfermeira particular, fora a Lucinha que não saiu do nosso lado um segundo sequer.

A rotina com um bebê em casa é cansativa, mesmo a Ceci sendo tranquila, são inúmeras as mamadas e trocas de fralda durante a madrugada. A Luiza tem sido uma mãe encantadora, protetora, cuidadosa e absurdamente babona. O cansaço pra vencê-la precisa estar no limite e até agora eu não vi a minha esposa se queixar de qualquer coisa, exceto dos seios doloridos e do quanto é desafiador cada mamada da nossa filha nos seus seios já machucados.

Hoje, dezessete dias após o nascimento da Cecília, foi o dia que escolhemos para o ensaio newborn, e claro que eu não permitiria que nenhum colega de profissão fizesse isso, então sim, eu farei todo o ensaio.

O dia amanheceu lindo e nós optamos por fazê-lo logo no início da manhã, a Cecília é mais tranquila nesse horário e aproveitar esses momentos é muito importante pra que as fotos saiam as mais lindas e especiais possíveis, eu pensei em irmos para o estúdio mas acabei decidindo junto da minha assistente trazer todo o equipamento e cenário necessário para nossa sala de casa. E acreditem, está tudo a coisa mais linda desse mundo. Eu mandei preparar um cenário totalmente inédito pra ela e a Luiza nem sonha quanto a isso.

Terminei de preparar o cenário e fui até o quarto da Cecília onde estava Luiza e a babá finalizando o primeiro banho da manhã. Assim que cheguei na porta do quarto fui surpreendida com a voz suave e doce da minha esposa, ela conversava com a nossa filha num tom baixinho e fazendo um carinho suave em seus cabelos enquanto tocava levemente com o dedo indicador na pontinha do seu nariz, eu fui incapaz de interromper o momento:

- Você é muito o amor da vida da mamãe, minha pequeninha! Muito muito, sabia? - disse carinhosa - Hoje a mamãe Valentina vai fotografar você e a mamãe Lu quer que você seja muito boazinha, certo? - avisou - A mamãe sabe que você é uma princesa e tem certeza que vai se sair muito bem! Linda da mamãe... Vem, vem cá! Vamos lá ver o que a mamãe Valentina está aprontado. - concluiu pegando cuidadosamente a nossa filha nos braços e deixando cheirinhos em sua cabecinha.

- Vocês que são os amores da minha vida... - falei chamando atenção da Luiza pra mim - E eu passaria toda a minha vida observando você conversar com a nossa filha... A vida inteira! - me aproximei dela e selei nossos lábios num selinho demorado.