POV LUIZA
Eu fui pega completamente de surpresa ao ler aquele cartão. Meu Deus, será que eu não teria sido clara o suficiente com a Val? Mas como não? Depois da nossa última conversa onde eu deixei tudo tão claro pra ela? Inclusive que seguiríamos apenas como amigas e colegas de profissão. Isso não faz nenhum sentido pra mim. Será que essa é uma aproximação totalmente inocente e que ela quer me encontrar apenas como amiga? Mas isso também não faz sentindo algum, nem quando éramos um pouco mais que isso ela me enviou nada parecido.
Eu fiquei minutos pensando o que estaria passando pela cabeça dela, ate ser surpreendida com o interfone tocando. Deixei meus pensamentos de lado e corri para atender. Sim, é claro que toda essa situação tinha como piorar, a Valentina estava subindo e eu fiquei estática olhando pra tudo aquilo na minha mesa pensado em como começar a explicar pra ela toda essa situação. Deus do céu, essa mulher vai ficar uma fera.
Eu sempre fui muito mais ciumenta que a Valen, graças a Deus com os anos de terapia isso mudou bastante, mas isso não anula o fato de que ela odeia lidar com situações desse tipo. Conhecendo ela tão bem como conheço, com certeza ela irá dizer que se ela me enviou tal presente com tanta intimidade que existe nesse cartão, algo existia ali. E pudera também né? Até eu imaginaria algo a mais.
Fui arrancada dos meus pensamentos com o toque da minha campainha. Respirei fundo com a intenção de me sentir um pouco mais tranquila para o que viria e encarei aquela porta. Valentina tinha um sorriso capaz de iluminar toda a cidade e uma embalagem de papel nas mãos, me deu um selinho demorado e então dei passagem para que ela pudesse entrar em casa.
- Oi amor! Te atrapalho? - perguntou deixando a embalagem na mesa da sala e dando de cara com o presente na outra ponta. Ela arqueou as sobrancelhas demonstrando surpresa, voltou o olhar para mim e continuou um pouco desconfiada - Eu saí da terapia e como sabia que você está sem nada de supermercado em casa decidi passar e comprar uma comidinha pra almoçarmos juntas, trouxe filé a parmegiana que sei que você adora - concluiu dando um sorriso
- Você nunca me atrapalha, amor! - me aproximei dela passando os braços por cima dos seus ombros, encostei nossos nariz num carinho suave enquanto eu sentia o cheiro doce dela - Você sempre pensando além, né? - ela sorriu e balançou a cabeça concordando - Eu não faço ideia qual seria meu almoço se não fosse você - assumi - Agora senta aqui no sofá comigo que preciso conversar uma coisa com você - pedi
Sentamos juntas no sofá da sala e conversamos algumas amenidades, ela comentou comigo que havia separado duas escolas de inglês pra sentar e decidir com a Laura qual ela achava melhor e me passou alguns valores enquanto explicava como cada uma funcionava, pareceu não ter dado tanta importância ao presente exposto na sala de jantar. Eu comentei que tinha ido em casa ver a que pé estava a obra e que me surpreendi por realmente estar andando como planejado e inclusive a convidei para irmos antes de pegar a Laura na escola no escritório da arquiteta que a Débora tinha me indicado pra começar a dar andamento nessa parte e ela disse que iria comigo sem problema.
Trocamos alguns beijos e carícias e eu decidi por fim entrar no assunto.
- Amor? - chamei atenção dela que estava deitada sobre o meu peito e ela virou o rosto olhando pra mim
- Oi amor - respondeu sorrindo fraco
- Preciso falar sobre um assunto com você, senta de frente pra mim, por favor.. - pedi e ela fez - Lembra quando conversamos no restaurante sobre nossos relacionamentos durante o tempo que passamos distante? - perguntei calma e ela apenas assentiu - Primeiro de tudo, quero esclarecer que eu não mencionei sobre isso no dia porque pra mim não foi um relacionamento, nunca existiu sentimento da minha parte muito menos alguma relação além de amizade que partisse de mim - ela me olhou arqueando uma das sobrancelhas e quando ia falar algo eu a interrompi - Calma, deixa eu terminar, por favor.. Você deve ter reparado no presente que está em cima da mesa, né? - ela fez que sim com a cabeça - Então, estava na minha portaria quando cheguei um pouco antes de você, de imediato eu achei que se tratava de um presente seu, mas não era isso... - fiz uma pausa e respirei fundo - Quem me enviou foi a Valquíria, ela é uma amiga de São Paulo, nos conhecemos logo quando eu comecei a atuar como juíza em uma reunião na casa de uma amiga em comum, nunca fomos mais que isso, pelo menos não pra mim e eu sempre deixei claro pra ela que não iria existir mais que isso, inclusive ela sabia sobre você e sobre o meu sentimento. Com o tempo acabou que nos envolvemos, saímos algumas vezes mas ainda assim, eu sempre fiz questão de pontuar que éramos apenas amigas com alguns privilégios vez ou outra, até então ela parecia entender bem quanto a isso.. - ela me olhou um pouco desconfiada, coçou a cabeça e fez um sinal de negação com a mesma
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Recomeços
FanfictionCiclos. Oportunidades. E quando no meio de tudo, um recomeço refaz a rota do seu coração e te leva a um lugar não tão desconhecido? Até onde você estaria disposta a recomeçar? Depois de 7 anos, Luiza decide recomeçar. Ela sabia que isso te levaria...