Recomeços

Decepção

POV LUIZA

Acho que eu jamais conseguiria colocar em palavras como venho me sentindo desde que a Laura conversou comigo sobre as coisas que o Gustavo fazia com ela. É uma sensação imensa de impotência, como se eu estivesse amarrada e não fosse capaz de fazer nada pela minha irmã. Eu sempre tentei protegê-la de tudo e achei que tinha feito um bom trabalho quanto a isso, o que eu não podia prever, de maneira se quer hipotética, é que ela foi maltratada por uma das pessoas que tinha por obrigação protegê-la também.

Fazem exatos 22 dias hoje que tivemos aquela conversa. Olhar a minha irmã tem sido difícil pra mim. Eu sinto dor, culpa, tristeza. Há 15 dias ela vem sendo acompanhada por uma psicóloga de confiança da minha sogra. Já eu, ainda não me sinto pronta pra mexer nessa ferida recém aberta. Só de lembrar eu consigo imaginar as cenas e isso me destrói, me consome, me deixa dilacerada.

Acordei nessa sexta feira e hoje não vou para o fórum. Assim como a Valentina não fará ensaios e as meninas não irão pra aula. Amanhã nós mudamos para a casa nova e estamos finalizando a arrumação das malas e objetos pessoas que iremos levar, então optei por tirarmos todos o dia livre pra isso.

Eu acordei perto das 5:20h da manhã com o hábito de todos os dias, mesmo sem despertador acordo sempre no mesmo horário. Coloquei um tênis e uma malha e decidi sair um pouco para caminhar, preciso espairecer. Peguei o meu celular e liguei pra Valentina para chama-la pra ir comigo e logo no primeiro toque ela já me atendeu, avisei que passava pra busca-la em 10 minutos e fui.

Durante o caminho até a casa dela eu passeei por aquele assunto que tanto tomou meu pensamento esses últimos dias. Até onde as maldades do Gustavo chegaram? Essa perguntava martelava na minha mente o tempo inteiro e por mais que eu sentisse medo do que poderia descobrir, decidi que eu iria procurar.

Cheguei na frente do prédio da minha namorada e assim que a vi se aproximar do carro imediatamente um sorriso se formou em meus lábios, como alguém consegue ser assim tão linda em plena 6h da manhã? Assim que ela entrou no carro e nossos olhares se encontraram meu coração de certeza se encheu de amor.

- Bom dia minha vida! - dei um selinho nela e alisei a lateral do seu rosto com carinho - Como você consegue ser assim tão maravilhosa logo cedo? Meu Deus do céu! - brinquei

- São seus olhos, certeza! - ela sorriu - Seus olhos apaixonados, meu amor! - me deu outro selinho - Pensei de irmos caminhar na orla, topa? - sugeriu - Depois podemos dar um mergulho!

- Eu não trouxe toalha, amor - avisei - Mas podemos caminhar lá sim!

- Sem problema, eu trouxe pra nós duas - sorriu apontando pra bolsa.

Fomos o caminho inteiro conversando sobre a semana puxada que tivemos, ela perguntou como tinha sido a terapia da Laura essa semana com a Celeste e se ela já estava se alimentando melhor. Esses dias que passaram foram difíceis pra ela também. A alimentação dela que já não é perfeita acabou sendo afetada com por conta das emoções que ela vem sentindo, mas graças a Deus aos poucos tudo tem voltado ao normal. Estacionei o carro no estacionamento dos lagos da orla e descemos para caminhar. Esses momentos com a Valentina me fazem bem demais. Só nós duas, no nosso mundo, do nosso jeito. Sem reservas. Depois de 40min de caminhada, sentamos num quiosque para tomar uma água de côco e de novo, aqueles pensamentos me consumiram.

- Terra chamando Luiza - ouvi a voz da Valentina me chamar distante e voltei a minha atenção pra ela - Uma concha pelos seus pensamentos? - sorriu fraco e eu respirei fundo

- Na segunda eu vou começar a investigar a vida do Gustavo - ela arregalou os olhos e ficou em silêncio me olhando - Eu tenho muito influência, conheço pessoas importantes - afirmei - Sei que tem muita coisa camuflada por ele ter sido militar, mas eu tenho os meus contatos - tomei um gole da água de côco em minha frente - Eu preciso saber até onde ele foi, se ele fez o que fez com você e com... - neguei com a cabeça - a Laura... sendo só uma criança, imagina as coisas que ele não fez por aí - conclui