Visita

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POV VALENTINA

- Não vai me convidar para entrar? - a mulher a minha frente tinha um sorriso cínico no rosto.

Era a minha ex namorada, Renata e eu terminamos o nosso relacionamento a exatos 8 meses, mas devo confessar que ele já tinha acabado de fato bem antes disso. Nos conhecemos logo quando eu voltei para o Brasil em um dos sábados em que sai com a Debs, na época eu não me sentia pronta para um relacionamento sério, mas por mais que eu deixasse isso claro o tempo inteiro para Renata, ela sempre conseguia quase tudo que queria de mim. No início, mesmo com toda a minha resistência ela sempre encontrava um jeito de estar nos mesmos lugares que eu e isso acabou nos aproximando, até que ela me venceu pelo cansaço e começamos a namorar.
Renata sempre foi uma pessoa carinhosa e atenciosa comigo e sempre esteve disposta a me deixar confortável dentro da nossa relação, foram poucos os momentos em que ela questionou sobre a maneira fria de me relacionar e isso meio que me deixava mais à vontade em continuar com o que tínhamos, mas as coisas ficaram insustentáveis pra mim e quando decidi terminar ela não reagiu da melhor maneira e eu acabei descobrindo uma pessoa completamente diferente da qual eu tive ao meu lado.

- O que você está fazendo aqui? Como você conseguiu entrar sem ser identificada? Como você conseguiu meu endereço? - eu falava desesperada e em choque enquanto ela sorria debochada entrando no meu apartamento.

- Valentina, pudera, né? Você não achou mesmo que viveria escondida de mim por muito tempo!!! - ela me olhou com desdém

- Renata, o que você quer aqui? Pelo amor de Deus, será que eu não fui clara o suficiente na nossa última conversa? - respirei fundo - Se é que podemos chamar aquilo de conversa né - bufei passando a mão nos cabelos

- Eu não estou aqui para brigar, Valen, eu realmente preciso conversar com você - nesse momento eu senti que havia algo errado com ela

- Fala, Renata! Você tem exatos 10 minutos ou eu interfono e peço que os seguranças venham te tirar daqui - suspirei demonstrando chateação

Não demorou muito e Renata começou a chorar e dar o show dela, mais uma vez, me pediu que por favor repensasse minha decisão e que eu não podia continuar sustentando essa ideia de estarmos separadas, eu tentei de maneira civilizada fazê-la entender de uma vez por todas que era impossível reatar com ela, mas ela não me ouvia de maneira alguma, infelizmente ela acabou saindo da minha casa arrastada pelos seguranças e me ameaçando das piores coisas possíveis.

Passei o resto da manhã em casa colocando umas coisas que ainda estavam fora do lugar desde a mudança em ordem, no início da tarde eu sentei pra fazer a edição de um último projeto que eu precisava entregar hoje antes de me sentir oficialmente de férias e mesmo com a mente ocupada, vez ou outra me pegava pensando e tentando entender onde exatamente eu tinha errado na minha relação com a Renata, me questionava do porque terminamos desse modo. Eu sei o quanto fui inconsequente quando aceitei o pedido de namoro, sei que não tive responsabilidade afetiva quando entrei naquela relação amando outra pessoa, mas também não é como se eu simplesmente tivesse a enganado, ela sempre teve total consciência de que eu não a amava como ela esperava e que provavelmente nunca amaria, nem ela nem ninguém.

Quando a noite chegou eu pedi um macarrão num restaurante que eu adorava e sentei para jantar, observei o silêncio dentro daquele apartamento e como num passe de mágica logo me veio a Luiza em mente e a lembrança clara e nítida da vez que ela me levou para jantar alegando que eu comeria um dos melhores pratos da vida, foi assim que comi então o melhor macarrão que já provei na vida, nesse dia a gente estava completando 2 anos juntas, Luiza estava num daqueles dias em que iluminava qualquer ambiente com o seu sorriso, linda, simplesmente radiante e transbordava a felicidade que carregávamos no peito por estar ali comemorando mais um ano juntas. Nesse dia saímos do restaurante apenas quando o Sr. Demétrio veio nos informar que já estava fechando, ele é dono do local e um grande amigo do pai da Lu, sempre nos recebia muito bem. Terminamos a noite numa suíte que Luiza tinha reservado de surpresa pra gente, de frente para orla de Atalaia e antes de subirmos pra o quarto decidimos caminhar na praia e ali eu eternizei em mim o amor que sentia por ela. Nós trocamos inúmeras juras de amor nessa noite, mas sou capaz de lembrar perfeitamente dela me dizendo que nunca havia se sentido tão apaixonada, seu sorriso não cabia no rosto e ela me confessou naquele momento que quanto mais o tempo passava mais essa paixão crescia e que pra ela era muito louco amar alguém tanto assim, eu apenas te devolvi o sorriso e fiquei boba ouvindo o amor da minha vida relatar o quanto era apaixonada e me fazendo sentir absurdamente grata e sortuda. Em meio as minhas lembranças, fui surpreendida por uma ligação da minha mãe, dona Eugênia tinha o hábito de me ligar todos os dias a noite, sem falta. Decidi que não atenderia e que retornaria logo mais e foi justo nesse momento que percebi uma única lágrima escorrer pelo meu rosto, senti o meu coração doer de saudades e fui consumida pela sensação conhecida de ter deixado pra trás a pessoa que mais amei na vida, respirei fundo e procurei levar meus pensamentos para outro rumo.

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