Senhor do tempo

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POV LUIZA

A imagem da Laura chegando em casa da maternidade nos braços da minha mãe foi o último flash que veio em minha mente antes de tudo se tornar um grande borrão. Meu corpo entrou numa espécie de paralisia, eu não conseguia sentir mais nada.

Eu sempre cuidei de tudo. Da escola. Das obrigações. Das atividades. Da educação. Da saúde. SAÚDE... Ainda ontem a minha irmã era uma adolescente saudável que apenas me dava dor de cabeça quando por birra decidia me chamar de "Luiza". Eu não sou Luiza pra ela. Mana... Ou Lu.

Antes que eu pudesse abrir os olhos escutei distante o bipe de aparelho hospitalar. Jurei estar no quarto da Laura e assim que abri os meus olhos, a procurei. Surpresa. Eu que estou deitada numa cama de hospital. Os fios dos aparelhos estão conectados em mim agora. O que diabos aconteceu?

Senti um gosto amargo em minha boca e a minha cabeça doía absurdamente. Me movimentei devagar e meio sem jeito e quando finalmente consegui enxergar com clareza onde estou, encontrei a Valentina se aproximado de mim ao me ver acordar.

- Oi meu amor... Que bom que você acordou, como está se sentindo? - segurou em minha mão e deixou um beijo em minha testa. A voz dela ainda estava distante, eu me sentia um tanto... Zonza?

- O que aconteceu? Por que eu estou nessa cama de hospital? Cadê a Laura? Quem está com ela? - perguntei preocupada.

- Calma, a sua mãe está com ela no quarto, ela está bem, apenas preocupada com você, ela viu você desmaiar e acabou passando um pouco mal com isso, mas ela já está bem e dormindo, a médica achou melhor dar um calmante pra ela.

- E a Cecília, amor? Tá tudo bem com ela? - perguntei alisando a minha barriga ao lembrar da minha filha.

- Ela está sim, vida... O Dr. Eduardo está pra chegar mas já entrou em contato com a equipe que te atendeu, o médico do hospital pretende te manter internada por alguns dias por precaução. - neguei com a cabeça e ela respirou fundo - Você está desidratada, amor... E perdeu peso também. Não dá pra continuar assim, você precisa se alimentar direito, precisa pensar mais na sua saúde e na nossa menina que depende de você estar bem pra que ela fique também. Seus pais já falaram que nada de passar todas as noites aqui como vinha acontecendo, você abusou, Lu... Abusou e olha no que deu.

- Mas que droga! - resmunguei - Por que essa merda toda tá acontecendo, Valentina? Que inferno todo é esse, eu não aguento mais isso. - disse passando as mãos no cabelo em agonia - Me desculpa por colocar nossa filha em risco desse jeito, por me colocar em risco desse jeito, eu só não consigo ficar longe dela sabendo que ela está nesse hospital, Valentina... - meus olhos encheram - Como eu deixo ela sozinha aqui? Me diz, como?

- Amor, ela nunca fica sozinha aqui, tem eu, tem seus pais, a Debs já se ofereceu pra reversar também... Eu sei que você prefere cuidar de perto, estar sempre junto dela, mas tudo isso aconteceu porque você está exausta, amor... E você tá grávida, não pode tá nesse pico de exaustão, isso não faz bem pra Cecília. - tocou meu rosto num gesto carinhoso - Pensa nela, vida... Por favor! - pediu e eu fechei os olhos aproveitando do toque quente dos seus dedos em meu rosto e do seu perfume doce que ia direto em minhas narinas - Eu vou te deixar ciente de tudo que ocorrer com ela, sem esconder um ponto que seja, eu prometo, certo? - concordei.

- Eu quero vê-la... É impossível ir até ela com tudo isso. - disse triste olhando os aparelhos conectados em mim.

- Eu tenho uma ideia, espera.

Valentina foi até a bolsa e pegou seu celular, fez uma chamada de vídeo com a Laura e logo veio até mim quando a imagem da minha irmã apareceu na tela.

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