Um pesadelo acordado

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Foi uma questão de dias para que a morte do "comerciante" se espalhasse. O pior de tudo não era apenas o fato da morte do comerciante, mas aquilo que a polícia encontrou dentro da mansão juntamente com o cadáver. Vários corpos do que seriam os seus supostos guardas e demais funcionários, todos sem seus olhos. A polícia incrédula já não cogitava mais a ideia de um assassino, mas sim de uma seita. As notícias chegavam até a cidade de Londrine, para o único oficial que acompanhava os casos desde seu começo. Porém, agora, mais do que nunca, eles estavam mais perdidos do que antes, sem nenhuma pista sequer. Além disso, a morte do "comerciante" desencadeou o que seria chamado de conflito civil. Após a queda do comerciante, as outras máfias que eram ofuscadas tentavam se reerguer, porém a maioria sem sucesso, agora que a concentração policial na área tinha sido aumentada. Após esse conflito, o preço das moradias despencou, assim como o custo de vida, devido ao fato das pessoas passarem a evitar o local.

E neste mesmo estado, em uma aldeia que ficava um pouco longe de onde esses fatos aconteceram, uma família acabou de se mudar. Eles, que conseguiram após tanto tempo vivendo como quase nômades sendo despejados, finalmente conseguiram seu maior desejo, algo para chamar de lar. Um pai trabalhador e honesto que, embora o estresse do seu mais novo trabalho, praticamente seu 4° emprego só nesse trimestre. Uma mãe que, por enquanto desempregada, cuida dos afazeres daquela casa, e um filho um tanto quanto problemático. Desde que Jeffrey era mais novo, ele falava coisas sem sentido. Seus pais o levaram a um médico que o diagnosticou com alguns distúrbios de esquizofrenia. Mas hoje ele acordou de forma diferente das outras vezes. De todas as besteiras que ele parecia ter dito até hoje, essa última foi a que mais enraiveceu seu pai, que não compreendia os problemas que o garoto enfrentava. Embora dessa vez, não era totalmente um delírio de loucura. O garoto contava para seu pai, enquanto ele dormia, que ele tinha sonhado. Mas não era um sonho qualquer, ele estava a caminhar pelo corredor de sua casa, quando um homem bem aparentado, com vestes elegantes em tom negro, o olhava fixamente. Ele congelou, dizia ele, afirmando ter acordado em seguida. Seu pai murmurava:

"Com licença, perdi meu apetite. Já não bastasse meus problemas, agora tenho que almoçar ouvindo as histórias de um menino louco." - dizia ele sobre seu próprio filho.

Enquanto era repreendido pela sua mulher, que não gostava daquele tratamento. Entre discussões, o homem saiu da mesa e foi se refrescar no lado de fora de sua mais nova varanda, com sua vista, seus únicos 2 vizinhos, que deviam ser bem simpáticos, embora ele não tivesse interagido com nenhum dos dois ainda. Um dos vizinhos, "Sr. Carter", ex-coronel que atuou nas forças militares do país, agora um senhor de idade que procurava apenas paz em sua vida. O outro vizinho, um homem que parecia solitário, ele não costuma sair de sua casa. Na verdade, já se fazem 3 dias, e este pai de família nem sequer viu como ele é. Isso não deve importar muito de qualquer forma, mas aquela casa, ela parece estranha. Ele não parece cuidar muito dela, pelo lado de fora é possível sentir o odor do mofo, que no lado de dentro daquela casa habita. O pai de família senta em sua cadeira de balanço, enquanto olha para a casa daquele vizinho. A imagem se escurece aos poucos, até que ele cochila em sua cadeira, fechando suas pálpebras, fechando nossa visão. Em um salto no tempo, vemos a noite daquele dia, já com todos daquela casa adormecidos. Mas dentre eles, o garoto parece se levantar. Ele esfrega seus olhos e anda em direção à porta de seu quarto. Ele sente uma sensação de que já passou por aquilo antes. Na verdade, aquela cena era exatamente a mesma que seu sonho o tinha proporcionado. Quando ele abre a porta, no fim daquele curto corredor, uma figura com vestes elegantes o observava fixamente. Ele realmente congelou, como ele havia dito. Enquanto o domador apenas dizia:

"Você sente medo, garoto?" - Perguntava ele com uma certa curiosidade.

Enquanto o garoto respondia:

- Fui capaz de ver você em meus sonhos. Quem é você? Meus pais não acreditam em mim. O que quer comigo?

O domador se intrigava pelo garoto não expressar medo, mas sim, uma simples confusão e curiosidade. Então o domador apenas responde:

- Se eu estou aqui, é porque preciso estar. E se eu preciso estar, algo vai acontecer.

O garoto perplexo questionava:

- O que vai acontecer? Você não me disse quem é você. Como faz isso? - perguntava o garoto que possuía uma mente confusa na maior parte do tempo.

Mas ele não obtinha resposta. O domador simplesmente se virava de costas enquanto ia embora. O garoto corria atrás dele e continuava questionando sobre quem ele era, até que o domador vira metade de seu rosto novamente. Com apenas um olhar, do seu olho esquerdo, fixo no garoto, o congelou mais uma vez. O garoto acorda assustado. Em sua cama, ele não entende se o seu pesadelo da noite anterior realmente aconteceu, ou se ele apenas teve o mesmo pesadelo duas vezes seguidas. Ele se levanta e se dirige ao banheiro de seu quarto com o objetivo de enxugar seu rosto com o balde de água que ali estava, enquanto a cena se aproxima da janela do quarto do garoto. É possível ver o vulto de alguém. Parece que o olhar de um homem observa a casa pela janela do garoto, de uma certa distância. Aquele, com quase toda certeza, é alguém com bastante interesse naquela casa..."

The crows who cryOnde histórias criam vida. Descubra agora