Faça-me rir

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A chegada à ilha era recebida por homens que ao lado de um navio atracado, aguardavam sua busca. O primeiro imediato descia e os saudava com a saudação formal da marinha. Lauliet teria agora uma tripulação de quase 30 homens para comandar, em seu retorno para o porto que deu origem a essa viagem. Lauliet, ordenava aos homens um reparo em sua embarcação. Mas os homens insistiam que eles descansassem por hoje. Embora Lauliet seguisse regras à risca, ele acabou permitindo um descanso aos seus homens. Enquanto víamos todos os marinheiros. Já fora da embarcação, algo repentinamente saía por uma das janelas daquela embarcação. Um corvo, que passava sobre os marinheiros. O primeiro imediato, que via a cena, fazia uma pequena pergunta aos seus homens:

- Hmm, corvos são normais por aqui?

- Não senhor. Pelo menos até hoje não tinha visto nenhum.

dizia um dos marinheiros da tripulação que há pouco aguardava a chegada da frota de busca.

- E quanto à ilha?

 o imediato nunca tinha ido àquele lugar antes, então era normal seu questionamento.

- Bem, senhor. Mais acima, subindo por essas montanhas, tem um vilarejo pequeno. São uma boa quantidade de moradores. A marinha costuma nos enviar para cá para fazer a segurança do material que esse pessoal produz com os recursos da ilha. Só que há uma coisa que eu sempre estranho.

 o marinheiro explicava.

- O que seria?

 questionava o imediato.

- Eles têm uma atração local nesse vilarejo. O chamam de palhaço Chocho, bem conhecido por sinal. Só que como eles disseram, Chocho só faz seus shows aos domingos à noite. Nós nunca o vimos em nossas vindas por aqui - terminando sua explicação, ele falava.

- Não temos tempo para isso, marinheiro. - afirmava o imediato, enquanto ordenava a seus homens que voltassem a reparar o barco assim que descansassem.

Nossas vistas eram afastadas daqueles marinheiros. Nós sabíamos que eles partiriam novamente para o lugar de onde vieram logo logo. Porém, a nossa visão agora focava em outro ser. O corvo que voava subindo por aquelas montanhas. Ele chegava rapidamente, por sua vantagem em voo, diferente dos humanos que deveriam subir com dificuldades aquele morro irregular cheio de pedras. Era um vilarejo realmente pequeno. E aquele corvo que sobrevoava algumas casas distantes umas das outras. Via um poço onde os moradores pegavam água. Ele via bastante coisas. Porém, seu destino era o meio daquelas árvores que cercavam o vilarejo. Onde, ao entrar, entrava em uma diferente metamorfose, nos dando o mesmo vislumbre. Do domador se originando daquele corvo. Enquanto saía do meio daquelas árvores, duas meninas que corriam enquanto brincavam de pega-pega se deparavam com aquele jovem saindo de dentre as matas. As garotas se assustaram e imediatamente saíam correndo pelo caminho que vieram, rumo às suas casas. A expressão do domador nos indicava seu desleixo quanto aquilo, apenas se virando e indo para onde ele precisava ir. Sendo guiado pelos sentidos do corvo, que era atraído pelo leve odor de desejo vingativo que ali emanava. Ele seguia agora seu caminho restante a pé. Aquela expressão, sempre aquela mesma expressão. Embora isso talvez não importasse. Seguindo bem mais para a frente, após passar por algumas pequenas casas, estradinhas de terra, ele chegava a um ponto sem saída, cercado por cercas de madeira. Ali dentro tinha uma grande tenda. O que tudo indicava ser um circo. O jovem domador apenas observava aquele lugar. Enquanto, após alguns segundos parado na frente daquelas cercas, olhando para aquelas tendas que pareciam vazias e sem graça, o corvo se inquietava sobre seus ombros. Ele sentia algo. Até que a atenção do domador mudava ao ouvir uma voz:

- Quer entrar ali? - o domador não se virava para trás, mas rebatia a pergunta que havia sido feita para ele.

- O que eu encontraria lá dentro?

- Olha, meu rapaz, talvez veria o palhaço Chocho. Eu não sei, ninguém vem aqui exceto aos domingos à noite. Os últimos garotos que tentaram entrar nessas tendas durante o dia, voltaram contando histórias estranhas. Eles falavam de sombras que se moviam sozinhas e risadas silenciosas ecoando do nada. Desde então, ninguém mais ousou entrar na tenda fora do horário do show.- Aquela voz continuava. Pela voz e modo de falar, nós assumíamos imediatamente ser uma idosa, talvez uma velha moradora do lugar.

- Eu entendo. - Dizia o domador com sua expressão calma e pensativa.

- Ora, meu rapaz, não se intimide. Isso é apenas o que dizem, Embora, realmente ninguém veja Chocho, fora aos domingos. Bem, eu preciso ir. Espero que aproveite, não recebemos muitos turistas assim.

A idosa ia embora naquele momento. O domador, que após ficar alguns segundos parado observando aquelas tendas, também se virava. Ele planejava, com toda certeza, esperar o próximo dia e entender por que o corvo sentia tanta atração por aquela tenda de circo. Enquanto caminhava devagar, em busca de um lugar para passar a noite, em meio àquele estranho vilarejo. Já longe daquele lugar, tanto o domador quanto a já idosa mulher, não veriam mais. De dentro daquelas tendas, na porta escura sombreada por essas mesmas, uma figura máscara olhava para o lado de fora. Aquela máscara de palhaço apenas nos permitia uma olhadela, antes da cena em nossa mente acabar...

The crows who cryOnde histórias criam vida. Descubra agora