Paralisia do sono

5 4 0
                                    

Um aroma de café da manhã quente vinha da mesa daquela cozinha, indo pelos corredores até preencher aquele quarto. O garoto, que acabara de enxugar seu rosto, ia diretamente para a cozinha tomar seu café da manhã, um horário que ele comeria tranquilo, pois seu pai não estava em casa para julgar cada ação do rapaz. Enquanto ele comia, ele questionava sua mãe:

- Mãe, já faz 4 dias que estamos nessa casa, por que não fazemos amizade com nossos vizinhos? - Dizia ele com sua inocência.

Enquanto sua mãe o respondia:

- Não é tão simples assim, meu filho. Não sabemos como são as pessoas, até as conhecermos de verdade.

Enquanto o garoto ouvia e se calava, comendo seu café da manhã que aparentava estar realmente muito bom, ao menos ele tinha o que comer, e agora tinha uma casa fixa para chamar de lar, nada poderia tirar seu sossego. Ao menos é o que todos querem que aconteça.

Após o merecido café da manhã, o garoto saía pela porta, se deparando com seu quintal esverdeado, pronto para brincar naqueles verdes pastos de grama, que o deixavam bem alegre. Ele se jogava no gramado, enquanto rolava e brincava.

Meio dia se passou dessa forma, até que o garoto se via deitado no gramado, já cansado de brincar, avistava seu pai, vindo de longe, ele chegava de seu exaustivo trabalho, o garoto sorria, apesar do jeito ranzinza de seu pai, ele possuia certo carinho por ele. ele saudava seu pai com um abraço, que apenas passava a mão na cabeça do garoto, e dizia:

- Seu pai está cansado, deixe de ser tão meloso.

Dizia ele com aquele seu jeito, embora ele tenha acariciado a cabeça do rapaz. Eles entraram em sua casa, ambos com uma vontade grande de comer, após suas atividades fora da casa. Enquanto vemos os dois entrarem pela porta, um olhar do outro lado, observando por dentro da casa vizinha, um olhar frio, mas calculista. Quem sabe os desejos que se passam por aquele olhar. Que agora fechava suas cortinas.

Com o passar de tudo isso, víamos o garoto que na mesa com seu pai comia. Ele parecia alegre, enquanto seu pai, como sempre, preocupado e de cara fechada, sua mãe preparando algo para os dois, que após a tão esperada refeição, iriam dormir cedo, às exatas 18:00 horas. A refeição pronta, ambos comiam, o garoto com uma expressão de alegria, pois ele tinha o que precisava, e seu pai, com a cara fechada, mastigando aquele pedaço de frango, como se o quisesse literalmente triturar. Ambos terminavam suas refeições e iam para seus quartos, enquanto a mãe na cozinha organizava a louça. O garoto em seu quarto, pronto para pegar no sono, ele adormecia lentamente, até que em sono profundo ele se encontrava. Não por muito tempo, sono que durou apenas 4 horas antes de ser interrompido pelo bater de uma porta. Parecia mais um arrombamento, o garoto assustado se levantava e ia em direção da porta, cuidadosamente. Com suas mãos na maçaneta, ele abria a porta, apenas para se deparar com a cena aterrorizante de seus pais sem vida no chão, enquanto um homem, de olhos frios e esbugalhados como os de alguém com insônia, e completamente mal cuidado, uma barba horrível e grande, empunhava um punhal, o garoto entrou em pânico. Quem era aquele homem? E por que ele fez isso? A questão poderia ser respondida em um rápido flashback. Que tomava o lugar da cena vagarosamente.

Agora um homem era mostrado no cenário, ele que já possuía uma certa instabilidade, problemas com controle de ansiedade, acabava de ser demitido de seu emprego, ao mesmo tempo que seu patrão reforçava sua inutilidade e suscetibilidade para fazer as coisas darem errado. Era o que ele ouvia constantemente em seus dias, não apenas de seu patrão, mas da maioria que o rodeou durante sua vida. Aquele homem que, sem emprego, voltava para a casa de sua mãe, que pouco tempo depois veio a falecer. Ele continuava naquela casa, em seu isolamento, sua mente vazia, o fazia lembrar do ódio que ele sentia da humanidade, que por não se adequar, o desprezava. Enquanto a cena voltava ao momento presente, onde em um ato de loucura completa, aquele homem fez um atentado, ele assassinou seus dois mais novos vizinhos e agora, após cometer o pior dos piores atos contra a vida de uma criança, seguia para fazer a mesma coisa com seu já idoso vizinho mais velho, que nunca sequer o incomodou. Enquanto ele saía da casa daquela família, após sua terrível ação, o domador que, como sempre, por ali estava, olhava o caminhar daquele homem, já dizendo ao seu corvo:

- O pacto está feito.

Mas que pacto era esse?

Sem nos dar as pistas, apenas escutávamos os ruídos na casa daquele pobre idoso, que estava com certeza em um lugar melhor. O assassino, que agora planejava dar cabo de sua própria vida, após muito tempo de procura, encontrava a arma que o idoso, já incapaz de usar, guardava em seu quarto. O assassino apontava a arma para si mesmo, em um ato que definiria o fim de sua vida, ele então puxava o gatilho, mas se encontrando em frustração, pois a arma estava descarregada. Ele decide que o punhal que ele usou para matar suas vítimas seria a única forma, embora não a melhor. Ao virar para o lado e procurar pelo punhal, ele não o encontrava mais. Mas uma voz ele claramente ouvia:

- A sua morte foi decidida para ser de outra forma.

deixando aquele homem assustado, enquanto uma figura colocava as mãos em seus ombros. Ao sentir o toque daquela mão, o homem se virava rapidamente. Ele não sabia quem era aquele homem, ele simplesmente ia para cima dele, em seu ato instintivo de raiva e confusão mental. Ele não andou muito longe, antes de ter seu braço segurado pelo domador, que esmagava seu antebraço sem demais dificuldades. Em um gemido agonizante de dor, o homem se encontrava, a pensar o que tinha acontecido ali, e quem era aquele homem que o feria. Ao cair agonizando de dor, ele não falava nada. Em sua instabilidade mental, ele apenas sentia a raiva e o ódio que sempre estiveram com ele. Ele então olhava para o domador com uma expressão rangendo seus dentes pela dor que sentia, enquanto uma lágrima escorria pelos seus olhos. O domador, com aquele olhar vazio, olhava fixamente para o homem. Que, após olhar um certo tempo para o domador, agora começava a se sentir mais intimidado
do que antes. Ele se sentia intimidado da pior forma possível. Enquanto o domador, que colocava o corvo de seu ombro no chão, apenas dizia:

- Vá, meu amigo, e faça sua parte. Você é mais que suficiente aqui.

dizia ele com um total desprezo, maior do que o que ele teve com as outras vítimas de suas vinganças.

Enquanto víamos o corvo se aproximar lentamente do homem, olhando fixamente para ele, podemos ver o reflexo do homem pelo olhar do corvo. Naquele reflexo, você percebe para onde o corvo olha, os "olhos" daquele homem. Enquanto a cena passa para o lado de fora daquela casa, onde apenas ouvimos um grito estridente de dor e agonia...

The crows who cryOnde histórias criam vida. Descubra agora