"Abra essa porta! Abra essa porta agora!" - gritava um homem pelo lado de fora de um açougue. Ele era um cobrador e tinha vindo em nome do "Comerciante". O idoso, que era dono daquele estabelecimento, com medo, não abria a porta. Mas o homem, que batia com insistência, começou a esmurrar e chutar a porta. Com vários golpes, a porta cedeu. Do lado de fora, uma multidão via espantada a cena, sem coragem para interferir. A vontade do comerciante era uma hegemonia naquele lugar. Em alguns minutos, um homem é arrastado para fora de seu estabelecimento. Em um ato de completa falta de amor por aquele infeliz senhor, ele, chorando, pedia perdão. Um perdão inaudível para o cobrador, que, ao sacar um revólver cheio de pólvora, disparava 3 tiros, enquanto olhava de volta para a multidão, dizendo:
"Isso é mais um aviso. Não é a vida do 'Comerciante' que depende de vocês, mas sim a vida de vocês que depende dele." - dizia com orgulho e intimidação para a multidão, que, espantada, não fazia nada, além de seguir sua vida.
O homem, que agora ia embora em seu cavalo, era visto por um olhar de longe, o olhar do domador, juntamente com um corvo em seu ombro, dizia em tom baixo:
"É impressionante como um único ser tem poder sobre tantos outros." - dizia ele, olhando para seu corvo, que lacrimejava. Encerrando a cena aos poucos, que nos levava agora para um homem que corria em seu cavalo. Em uma cena que, ao fundo, víamos o passar de muros em velocidade, e casas, para várias árvores com galhos cheios de vida e folhas. Aquele homem era o mesmo que, há pouco, havia matado o idoso, sem piedade, com 3 disparos de seu revólver. Ele, que galopava em alta velocidade, passou por todas as ruas movimentadas daquela cidade. Aos poucos, saía da zona comercial, entrando em uma estrada de terra tranquila e pouco movimentada que levava para uma cidade ao sul dali, ainda no Estado de Lustershire. Ele ia, com orgulho, buscar seu mérito nas mãos do "Comerciante". Ao menos era seu desejo. Porém, seu cavalo, que começava a teimar, não seguia suas ordens. Passando por uma estreita ponte, o cavalo, que ia em alta velocidade, fazia movimentos como um zig-zague. O homem não sabia o que acontecia, mas gritava com raiva:
"Fica quieto, cavalo imprestável!" - outra ordem não obedecida pelo cavalo, que, em seu ato de teimosia, no meio da ponte, virava sua direção completamente para o lado esquerdo, saltando naquele lago, com o homem que estava consigo, que, para seu azar, não sabia nadar. Ele, ao cair na água, desesperado, pedia por ajuda:
"Alguém, Por favor me ajude!!! não consigo sair! Não quero morrer!!!" - se revirando e em uma luta constante contra a água, o homem via uma figura caminhando tranquila chegar à beirada da ponte. Um homem possuía um corvo em seu ombro. Ele clamava pela ajuda daquele homem:
"Por favor, cara! Eu te imploro! Me tire daqui!" - continuava ele.
Enquanto o jovem, que não dizia nada, olhava a cena com um olhar vazio, apenas observando a lenta forma que o homem afundava. Entre gritos de desespero, ele ia cada vez mais fundo, implorando pela ajuda de alguém que nunca o ajudaria. Até que sua cabeça estava coberta pela água. Não se via mais sinal nem dele, nem de seu cavalo, que, infelizmente, teve o mesmo destino de quem era realmente culpado.
O domador, que, após andar alguns metros para fora daquela ponte, passava a mão na água com delicadeza, enquanto soltava aquele corvo no chão. Que, após um gole de água, voava para sua liberdade. Enquanto a cena congelava com a imagem do corvo com suas belas asas negras no céu.
Um breve momento depois, víamos o "comerciante" em seu quarto, acabando de jogar um cigarro na lixeira. Ele conversava com um de seus guardas:
"Então, ele ainda não voltou?" - perguntava ele, se referindo ao cobrador enviado 10 horas atrás para o vilarejo.
"Não senhor, nem sinal. Os rapazes estão assumindo que ele foi morto em uma revolta do vilarejo. Enfim, acho que não foi uma boa ideia enviá-lo sozinho." - respondia o guarda.
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The crows who cry
Misterio / SuspensoEm meados do século XVIII, Um homem vaga, se vingando pela dor daqueles que involuntariamente fizeram o pacto, simbolizado pelos corvos e mistérios que o rodeiam. A cada vingança realizada, um corvo é liberto.