O diário de um embriagado

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No interrogatório policial, uma sala fechada onde apenas o interrogador e o interrogado eram vistos,  Inocentado, com a premissa de que seria impossível um homem sozinho fazer um massacre como aquele, Enquanto a polícia liberava o jovem soldado Layne, que sairia das forças armadas após o ocorrido. A policia tentando encontrar uma explicação plausível para o acontecimento sem alarmar a população local sobre o ocorrido, se perdia em suas discussões com o objetivo de entender o caso. Ao mesmo tempo em que vagarosamente em meio a sua discussão, nossa atenção é desviada para um lugar distante dali. Em um outro continente, em terras que à primeira vista não parecem ter ligação alguma com os fatos anteriores, mas nos seriam explicados mais tarde. Encontramos uma loja de comida.

Uma loja, uma loja aleatória? Mais precisamente uma loja de comida chinesa, é de onde podemos ver um homem embriagado sendo expulso, enquanto é puxado pelas mangas de suas vestes:

"Esse cara está causando problemas por aqui de novo"

dizia o dono daquele local, com a expressão de quem já perdeu sua paciência há tempos atrás.

O homem que se via jogado no chão do lado de fora da loja, se levantava aos poucos, e caminhava, ou melhor, cambaleava entre as pessoas que ao seu lado passavam, e assim foi até chegar em seu dormitório, sua casa, o papelão que cobria o chão em uma das ruas daquele vilarejo. Ele não se importava mais de dormir ali, seu corpo se acostumou com a companhia dos ratos e demais problemas que o rodeavam, ele se deitou naquele papelão, seu objetivo era ter um sono tranquilo, não demorou muito para que ele apagasse completamente, nos dando visão apenas, das memórias que em sua cabeça vinham:

Uma garota, uma garotinha de cabelos pretos como a noite, cabelos longos que quase tampavam seus olhos, dizia com uma voz que começando baixa, foi se tornando mais alta conforme ouvida:

"Papai, Papai Acorda! Mamãe falou que você vai trabalhar cedo hoje, já se esqueceu?'

"Sim querida, Papai vai se levantar, pode ir e diga a sua mãe que não vou me atrasar."

Dizia ele para aquela que a imagem nos sugeria ser sua filha.

Ele acordava lentamente de seu sonho em forma de flashback murmurando sem perceber:

"Pequena Yang Guang. Onde você está agora? Como você está? Papai sente saudades."

Ele logo percebia que falava sozinho enquanto acordava de seu sonho, um flashback de seu passado. Enquanto ele se levantava lentamente, e recobrava parte de sua lucidez, duas horas haviam se passado desde que ele pegou no sono. Ele novamente se levantava, seguindo pela mesma rua, poucas pessoas passavam ao seu lado, sinal do anoitecer que estava próximo, ele enquanto caminhava tinha como único objetivo, chegar até aquele mesmo restaurante novamente. Não muito distante de onde adormeceu, não poderia ir tão longe em seu estado de ressaca pós embriaguez, enquanto em sua pequena caminhada, o homem sentia uma leve tontura, ao mesmo tempo que se apoiava em uma parede, um outro flashback vinha em sua mente, tomando conta de suas memórias:

"Sinto muito mas acabou. Você não consegue mais nem sequer cuidar de nós duas, ela merece uma vida melhor. Infelizmente, acabou."

Dizia uma mulher de cabelos pretos longos divididos pelo meio, aquela era sua esposa. 'Era'

Enquanto a cena voltando ao momento presente, nos mostrava o homem murmurando:

"Filha, Querida, vocês realmente me abandonaram, espero que estejam ao menos felizes, e em uma vida melhor."

Ele continuava caminhando por aquela rua, ainda apoiado com seu braço naquele muro, caminhando devagar, ele já podia ver o restaurante, Uma pequena loja de macarrão, um restaurante popular pela massa, de onde ele sempre era retirado à força. Mas ele não podia parar de ir àquele lugar, Pois foi ali, o lugar onde ele conheceu sua mulher. Sua boa lembrança antes de sua vida desmoronar. Agora desempregado, despejado e sem sua mulher, aquele homem era completamente repudiado pela população local, sem ânimo, sem vontade. Embora não conseguisse um bom lar para viver novamente, um emprego para se sustentar, ele sempre ia ao restaurante, onde do lado de fora, pedia comida. Sendo bem tratado por poucos, humilhado e ignorado por muitos. Nada que ele não tivesse se acostumado. Ele se assentou do lado de fora do local, via algumas horas se passando, até que um homem saindo da porta com uma expressão franzida e indignada, gritava para ele sair daquele lugar naquele momento. Era o dono daquele estabelecimento, o homem já tinha perdido a conta de quantas vezes isso aconteceu, enquanto aquele homem era expulso, ele então se levantava e ia embora, com o pouco de comida que tinha conseguido, já com o pensamento em sua mente, que no dia seguinte, se quisesse comer, ele deveria ao mesmo local retornar, com ou sem consequências. Fazendo o mesmo percurso pelo qual ele veio, ele ia tranquilamente de volta para o lugar de onde veio, porém agora já de noite, aquele restaurante se mantinha movimentado, porém conforme seu curto caminho seguia, ele notava a diminuição dos passos das pessoas, as pessoas que passavam ao seu lado. Ele então chegava em seus simplórios aposentos, deitando-se novamente, sabendo que no próximo dia, a mesma monotonia poderia ocupar seu dia. Olhos lentamente se fecham, silêncio, e a respiração de um homem tremendamente cansado, assim a noite termina, de forma tranquila.

Quando os olhos daquele homem se abrem novamente com a iluminação do sol, o dia para ele parece como qualquer outro dia de sua vida, monótono, e miserável. Enquanto ele se levantava lentamente, o mesmo objetivo do dia anterior, ele iria novamente àquele restaurante. Porém ao se levantar, a rua naquele momento se encontrava realmente pouco movimentada, um garoto caminhava sozinho, ele parecia procurar algo, olhava para os lados simultaneamente, procurando por algo, ou alguém. Ele então prestava atenção naquele garoto, não sabia ele, mas aquele garoto, seria querendo ou não, um impacto em seu destino...

The crows who cryOnde histórias criam vida. Descubra agora