Por dias a fio, Alastor teve a sensação de que estava à espera de alguma coisa. Muitas coisas haviam mudado, a energia do hotel estava diferente e Lúcifer estava... Esquisito. Mais esquisito do que o normal em sua opinião, afinal, um anão já é esquisito por si só. De qualquer forma, a sensação de que era constantemente observado por todos do hotel, como se o peso de uma grande responsabilidade fosse depositada em seus ombros, era desconcertante.
O que diabos estava acontecendo com todos naquele hotel, afinal!?
Havia algo que apenas Alastor não sabia?
Lúcifer havia se tornado um completo paradoxo para si. Ora o pequeno o agarrava, ora o loirinho o ignorava. Sem mencionar que às vezes (sempre), ocorriam brigas e discussões sem motivos aparentes, tais como a de agora:
- Alastor, eu já mandei você ir tomar a MERDA desse banho, AGORA! - Berrava o Rei do Inferno em plenos pulmões enquanto caminhava, à passos pesados, à procura de Alastor - E NÃO ME FAÇA TE ARRASTAR DE NOVO!
Pouco se importando com as risadas mal contidas de Husk, Alastor praticamente corria para longe dos berros de seu homem. Parecia uma brincadeira de esconde-esconde onde o pegador gritava ameaças de morte, e o corredor procurava esconderijos improváveis para que não fosse pego.
- Eu vou tomar banho quando, e SE, eu quiser! - Se atreveu a responder enquanto subia as escadas em direção aos dormitórios, não sem antes mandar o dedo médio para Husk, que já nem tentava disfarçar suas risadas acerca da situação.
- Se depender de VOCÊ, o chuveiro MORRE te esperando, Alastor! - Gritou, aproximando-se cada vez mais da voz de seu namorado.
- Ele foi por ali, chefe. - Dedurou Husk, apontando para as escadas.
Com um aceno de cabeça em concordância, Lúcifer seguiu para o local indicado.
- AZRAEL! - Chamou.
- Sim, majestade? - Os passos rápidos do ex-anjo, seguiam-se aflitos em direção à voz demoníaca de seu rei.
Foi um mero deslize ter ceifado o Demônio do Rádio ao invés do Rei Infernal quando teve a chance. Mas, após tal evento fatídico, onde teve sua alma acorrentada e tomada à força pelo Rei do Inferno, Azrael não teve outra opção senão submeter-se aos caprichos e punições de Lúcifer, consequentemente, virando seu serviçal.
Obviamente, não estava em seu planos ser o servo subjugado de Lúcifer para sempre. Azrael estava determinado em se libertar, e quando conseguisse, o coração de Lúcifer seria perfurado por seu cajado.
Ah, doce vingança...
Mas, não seria uma morte rápida. Primeiro Azrael faria com que Lúcifer se arrependesse de tirar sua dignidade, seus status e suas asas!
- Prepare uma banheira. - Pediu o loiro cordial, totalmente alheio sobre o olhar de morte que recebia de Azrael atrás de si.
- Oh, Alastor vai tomar banho? - Perguntou o ex-anjo, verdadeiramente surpreso - Mas ele já não tomou semana passada?
- Não é o suficiente! - Replicava Lúcifer indignado - Qual é, Azrael!? Não me diga que seus hábitos higiênicos também são decadentes, assim?
- Considerando que estamos falando do Alastor, é um evento surpreendente quando ele toma banho mais de uma vez no mês. - Pontuou Azrael, seguindo até o lavabo principal do hotel para que pudesse preparar a banheira.
Em um suspiro irritado, Lúcifer retornava a sua busca árdua por Alastor.
Se esgueirando por entre corredores, cômodos e salas, Lúcifer espiou o sétimo cômodo daquele dia; quarto de Charlie. E não foi nenhuma surpresa quando encontrou a silhueta demoníaca bebericando uma xícara de café atrás da vidraça na varanda do quarto de Charlie.
Os esconderijos de Alastor estavam acabando.
- Uh! - Grunhiu o demônio quando teve as unhas de Lúcifer agressivamente fincadas em seu ombro.
- Banho. Agora. - Mandou o loiro, arrastando o demônio para fora do quarto.
Sem mais alternativas, Alastor se deixou ser arrastado, pelas orelhas, até a pior sala de tortura inventada no inferno; O banheiro.
Quando Lúcifer abriu a porta daquela "sala de tortura", Alastor quase se esperneou com esperanças de que Lúcifer desistisse daquela ideia tosca de banhá-lo, todavia, o loirinho se manteve firme segurando o demônio rebelde em seus braços.
A luz cálida e aconchegante conciliava com o aroma leve e perfumado do lugar.
O desespero de Alastor só piorou quando teve o vislumbre da extensa banheira branca coberta de espuma o esperando.
- Ei, ei! Sem pânico. - Tranquilizava o loiro, depositando uma das mãos na face tensa do demônio - Quanto mais cedo começarmos, mais cedo acabaremos, sim?
- Se não começarmos, não precisaremos acabar, sim? - Refutou o demônio.
Até acharia graça da expressão de tacho do seu loirinho, se o mesmo não tivesse, literalmente, chutado a porta de forma violenta, trancando-a logo em seguida.
- Com você as coisas têm que ser na marra mesmo. - Ditou Lúcifer aproximando-se perigosamente de si.
~
- Viu? Nem foi tão ruim assim. - Dizia Lúcifer secando, freneticamente, o cabelo e as orelhas de Alastor com uma toalha.- Foi horrível. - Murmurou Alastor em resposta. Seu olho direito apresentava tiques nervosos, como se estivesse traumatizado.
O demônio não notava, mas, os olhos de Lúcifer estavam vidrados nas cicatrizes de suas costas, imaginando como conseguiu cada uma delas.
- Que drama, Al! - Terminada sua tarefa em secar o demônio, agora limpo, o loiro ligava a torneira da banheira novamente - Bem, minha vez!
Alastor não demorou para se vestir, cobrindo todas suas cicatrizes rapidamente.
Antes que pudesse apreciar o momento, espiando Lúcifer despir-se, o som da campainha do Hazbin Hotel ecoou de forma repentina pelo mesmo.
Tsc! Alastor estava ocupado naquele momento. Que outro alguém se preocupasse com a recepção!
- Você pode atender, querido? - Perguntou o loiro, desabotoando suas vestes - Preciso mesmo de um banho.
- Dessa vez, deixarei para Charlie. Aposto que ela ficará feliz em receber alguém nesse hotel desértico. - Discursou Alastor - Afinal, faz muito tempo que essa campainha não é tocada!
- Charlie não está. - Esclareceu Lúcifer desabotoando a calça, visto que seu tronco já se encontrava desnudo - Ela precisou sair com a Vaggie para fazer acordos e negociações sobre o hotel com Carmilla.
- Husk, como bartender, está mais perto da porta.
- Acha mesmo que Husk vai se dar ao trabalho de recepcionar alguém? Essa não é a função dele. - Contrapôs Lúcifer.
- Angel é muito bom em recepções. - Contestou o demônio.
- Angel Dust é um hóspede, não um funcionário. - Replicou o loiro, descalçando as botas.
Merda. Alastor não tinha mais desculpas.
Mas, ainda faltava apenas a calça!
Se conseguisse enrolar só mais um pouco...
- Alastor, ainda terão muitos outros momentos para você me ver nu.
Alastor rolou os olhos ao ser pego.
- Anão irritante. - Balbuciou, desistindo de achar mais desculpas e saindo do banheiro.
E seja quem for o idiota que o fez perder a oportunidade de ver ser homem nu, iria pagar e caro por isso!

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AppleRadio 2
Humor- Que porra é essa? - Questionava Husk. - Ah, ele é até que... Meio fofo! - Elogiou Charlie. - Ele é um pouco... "Zoiudo". - Corrigia Vaggie. - Ele parece do tipo que te assassinaria durante o sono. - Teorizava Angel. - Ele é um gato, não pode matar...