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Alguns dias antes....

Estevão solta uma forte gargalhada quando o amigo e novo braço direito volta da missão frustrado, a operação sequestro foi um verdadeiro fracasso:
- Damn it! Vamos reunir todos, inclusive os aliados e voltar lá, vamos...
O jeito delicado misturado com a ira mafiosa do amigo diverte Estevão, o rapaz delicado é bem sucedido por passar essa áurea frágil, quando na verdade é mortal, Estevão o obriga a sentar lhe enche a taça de vinho se senta a sua frente:
- Se acalma meu amigo! Não vamos começar uma guerra, desconfio que a família do Demétrio nem está lá, seja o que for é algo valioso então eu mesmo vou buscar!
- What?!!!
- Isso mesmo, raríssimas pessoas me conhecem, antigamente era o Rômulo que fazia as transações e agora é você então será fácil me infiltrar, enquanto isso está tudo em suas mãos.

Chegou a cidade interiorana de manhãzinha, com suas roupas surradas, na fantasia de aventureiro, decide dá início ao seu planejamento assim que pisa na cidade, passou a manhã conhecendo tudo, pessoas do interior são dadas, amistosas e a acolhedoras, antes do sol se por já tinha conseguido uma vaga de emprego na vinha dos Magnus.

Dias correndo... Sol está judiando da pele do jovem mafioso, bronzeado chama a atenção das jovenzinhas fez questão de cortar as esperanças delas mentindo que era comprometido a esposa o esperava em seu país natal, mesmo assim algumas atrevidas ainda se jogavam ora cima dele.
Estevão não é assexuado só tem um plano em mente e vai conclui-lo sem distrações.
Estranhamente está gostando da nova experiência, com delicadeza corta o cacho de uva Cabernet Sauvignon famosa entre os vinicultores, escuta uma conversa que lhe chama a atenção, umas senhoras cochichavam, se aproxima discretamente para escutar
- Será que é a amante do senhorio?
- Não sei mulher, para todo esses seguranças a mulher deve ser no mínimo importante e...
- Deve ser por causa de ser negra, deve ser uma vergonha ser descoberta.
- Suas velhas fofoqueiras parem de inventar histórias, a jovem é cunhada do senhor Magnus, meu filho faz parte da segurança, parece que o caçula da família a tratava muito mau então o senhorio lhe deu proteção.
- Mais uma mulher de cor na família, eles gostam mesmo de uma preta!
- Misericórdia Sonete, volta ao trabalho e você Lourdes não vai na onda dessa aí não porque viu o que aconteceu com a Cecília, demissão na certa e a bonita que fez a fofoca tá aí de boa! Agora bora trabalhar porque se não vou ser obrigada a reportar as duas.
Sorri satisfeito, como imaginou não era a família dele, a cunhada não lhe interessa então decidiu que logo de manhã partiria, voltaria pra casa.

De tardezinha o sino anuncia que mais um dias árduo de expediente se encerra Roger (Estevão) como disse que se chama vai até o encarregado receber, está em período de experiência por isso recebe por dia, assina comprovante pagamento e decide não pegar o transporte, vai
caminhando pela estrada de terra, rente a cerca da vinha, decidiu caminhar para se despedir do local, distraído tem sua atenção chamada por uma pequena e colorida bola que rola até seus pés, uma voz doce o faz fechar os olhos e relaxar por um instante - Por favor moço, pode pegar essa bola para esse rapazinho!
Se abaixa e quando se vira o mundo para, a criatura mais linda que ele julgou já ter encontrado está na sua frente, olhos amendoados, cachos ao vento, labios carnudos e o toque do por do sol na pele escura a deixa dourada, no colo uma mini copia de olhinhos claros, ele sorri quase banguela e estende as mãozinhas, pelo vão do arame da cerca com cuidado Estevão passa a bolinha, menininho quase não consegue segurar, a mãe ajuda com um sorriso largo, as mãos pequenas dela o toca causando choque, ele olha atrás dela dezenas de seguranças, lhe encaram com caras fechadas, está de uniforme da roça só por isso escapou dos lobos sedentos.
- Agradece o moço filho!
O bebê lhe encara e fala na lingaugem dele, arranca sorriso de Estevão, a jovem que ainda não sabe o nome sorri e agradece, coloca o bebê no chão que anda desajeitado tentando chutar a bola cai algumas vezes a mãe sempre o ajudando se levantar sorrindo dizendo que não foi nada, o menininho sorri e continua as tentativas, dá pra notar que aprendeu a andar recentemente deve ter um ano no máximo, os seguranças fecham o cerco em volta dos dois, deixa espaço o suficiente para não serem sufocados, Estevão os observam até sumirem em direção ao casarão, sorri pega o celular antiquado, tem que passar despercebido, não pode chegar pedindo emprego com um celular de última geração que custa o preço de um carro popular nas mãos, disca e logo a voz conhecida do amigo se faz presente
- Estevão graças ao santo protetor das causas perdidas est...
- Vou ser breve, não me interrompe porque não posso ficar dando bandeira, compre me uma casa, quero tons pastéis entre rosê, marrom, móveis planejados em madeira, em um dos quartos decoração de futebol, a cama deve ter guarda é para uma criança mais ou menos de um a dois anos, quero uma estufa e um lindo jardim, precisa ter um lago, muito verde...
- Uma casa na praia?
- Não! Uma casa rodeada de verde e conforto... - Para de falar ao notar uma carroça passando, depois de certificar que está sozinho continua - Capricha meu amigo, essa casa em breve vai receber minha família.
- Estevão que papo é esse?!
- Só faz o que estou pedindo, entro em contato assim que traçar um plano perfeito!

Estevão passou a se dedicar ao trabalho, conseguiu se sobressair e virou supervisor, andava pela vinha observando os trabalhadores, nessa ele conseguia chegar mais perto do casarão, ela sempre está pelo jardim, embaixo de uma árvore lendo ou passeando pelos arredores da vinha, muito educada com os empregados, simpática, gentil, sua beleza chama a atenção!

Se segura no dia que o que pareceu ser o marido dela aparece na fazenda, tentou agredi-la e a levar de volta para o que ele chamou nossa casa, era visível o pavor que ela tem dele, o forte esquema de segurança os protegeu da furia do caçula, mais tarde Demétrio em pessoa apareceu e levou o irmão todo fudido embora, Estevão observa tudo de longe na sua mente "em breve meu amor, nós e nosso filho estaremos juntos"

César
Demétrio nunca me subestimou, não escondeu minha mulher só a blindou, colocou os melhores, desgraçados estou possesso, não consigo raciocinar direito, preciso dela se ele quiser ficar com o garoto não me importo, só preciso da minha mulher ao meu lado, ela é minha.

Consegui matar uns três mas não foi o suficiente, conseguiram me imobilizar, os puto me prenderam até meu irmão chegar, o mais angustiante é que ela está a poucos metros de mim não posso toca-la, quero fuder ela e a mente dela, castiga-la por está acabando comigo, só quero beber e te-la em meus braços, ela é minha, minha...

Acabo cochilando e acordo com um ponta pé na costela, dói pra cacete encontro o olhar frio de Demétrio
- Levanta vamos resolver essa sua raivinha uma vez por todas.
Me joga atas, significa que vamos lutar, os seguranças fazem um círculo em volta de nós dois - Tá cheio de marra, você não aprende? Enquanto for um merda não vai encostar um dedo naquela criatura amendrontada.
- ELA É MINHA! - Recebo um soco na cara fico tonto mais alguns segundos é suficiente pra eu revidar, o foda é que ele foi um dos principais treinadores, me ensinou praticamente tudo que sei, até pensei que meu físico e idade jovem eram vantagens mas no fim experiência ganha, mesmo no chão ele quebra meu fêmur, joelho e tornozelo direito, três costelas e desloca meu ombro, fora que meu rosto está todo fudido
- Leva ele até o isolamento e chame o doutor!
Sou jogado feito saco de batatas nas costa do armário que é segurança do meu irmão a anos, cresceram juntos, dentro do carro grito e choro ao ser jogado, praguejo e falo todos os palavrões existentes na face da terra e ele apenas sorri maligno e dá um soco me fazendo apagar de vez.

Não sei quanto tempo, dias, horas passou, acordo já no quarto, mamãe chora ao perceber que acordei, ela não fala mais, devido a um trauma causado pela tentativa de degolamento vindo da parte de meu pai, como castigo Demétrio mandou lhe cortar quase todos os dedos das mãos, sobraram apenas quatro, dois em cada, o mindinho e o anelar.
Receber carinho de mãe é muito bom, assim que ela vai embora papai aparece, tenho mil motivos para o odiar só que eu não posso odiar a mim mesmo, sou tudo que ele idealizou e gosto disso - Ainda tenho influência meu filho, essa é a gota vamos retomar o que é nosso e...
- A única coisa que quero retomar é a minha mulher, meus problemas não tem nada a ver com os seus, não vou cair nessa, a nossas situação é totalmente diferente.
- Pensamento errôneo, Demétrio é uma víbora, tirar o que você mais ama é assim que ele consegue tudo o que quer, ele sabia que tirando sua mulher o desestabilizaria, você estava se tornando uma lenda, um monstro e ele não tinha poder sobre você mas agora olha pra nós dois, perdidos, deslocados nas mãos dele.
- Vá embora, não tenho tempo para suas teorias da conspiração.
Ele pode ter um pouco de razão meu irmão não dá um passo sem ter calculado os mínimos detalhes só que agora estou nas mãos dele, se for preciso rastejar e latir pra conseguir minha família de volta eu o faço pro resto da vida.

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