05 - Nadege

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A adolescente raquítica anda pelos escombros do que um dia foi seu inferno particular, Orfanato Iris, não sabe se é uma benção ou desgraça ser a única sobrevivente porque agora está faminta e deseja a única refeição servida no orfanato um prato de mingau de aveia, raramente em datas especiais recebiam doações tinham uma refeição diferente, o antigo diretor embolsava qualquer doação significativa, além de vender crianças a ricassos perversos, morreu no instante que abusaria da pobre adolescente que agora anda sem destino. Para todo lado só destruição, os outros internos estavam se preparando para as tarefas diárias depois da escola quando a terra tremeu, ela na sala do asqueroso a ponto de perder sua virgindade foi questão de segundos as paredes frágeis veio ao chão tudo parecia ser o fim.

Pés feridos não a impede de andar desorientada, nunca saiu dos portões do orfanato mas agora não faz diferença está sozinha no mundo novamente, se acha amaldiçoada, seus pais não a quiseram, as famílias nunca se interessaram em adota-la, sofria nas mãos das monitoras, castigos e surras sem fim, a acusavam de imprestável quando na verdade ela estava com fome, dor, no orfanato tinham direito uma única refeição um prato de mingau na hora do almoço, a comida não tinha tempero, sabor era como mastigar água mas acalmava o estômago, cansada se senta segurando o estômago seco, olha para o céu tão limpo, calmo e pede ajuda aos céus.
Suas esperanças se reavivam com o aroma de carne assada, olha pra cima mais uma vez e vê a fumaça, a segue dá em um pequeno vilarejo destruído, tem muitos homens armados, carregam caixas, a fome é tanta que a garota perde noção do perigo, está diante de criminosos contrabandistas que vieram saquear o que sobrou do pais devastado, comprar filhos de famílias desesperadas a preço bem abaixo do normal, a desgraça é o momento certo para lucrar.

Silenciosa vai em direção ao fogão improvisado, pega um prato se serve com a mão mesmo, chora enquanto sente o sabor da carne de cabra, os legumes assados, a sopa picante com peixe, banana frita, está tão empenhada que não percebe que está sendo observada por um homem nas sombras, Lazar coça a barba e sorri com os dentes podres, deixa a criança comer até esgotar, a menina acaba cochilando de barriga cheia, o indivíduo pega o telefone sofisticado por satélite fala em um idioma diferente para os que estavam ao redor, ele negociava a criança, mais alguns milhões para seu bolso não vai fazer mau pensou.
O parceiro questiona, afinal nunca traficaram crianças tão novas, discutem e no fim o rapaz contrariado recebe uma bala no peito, irado o homem grita se alguém mais quer o questionar ninguém ousa, nessa hora a adolescente acorda assustada, tenta correr mas os pés feridos a impedem de ir longe.

Captura recebe uma coronhada e apaga, um dia depois desperta dentro de um lugar fechado, tem mais mulheres, e jovens dentro, umas vem de outros países e acabam não aguentando e falecem, o cheiro é horrível, dividindo espaço com cadáveres, o chacoalhar faz seu estômago embrulhar vomita, se encolhe uma moça lhe dá um sorriso amarelo, fraco e diz que tudo vai ficar bem as outras brigam com ela gritando que nada vai ficar bem, que vão todas morrer, durante a viagem o container é aberto varias vezes, o capitão, os outros homens no barco se esbaldam com as jovens debilitadas as usam, também pegam os corpos sem vida jogam ao mar, dão banho de mangueira nas meninas, e as tratam como porcos lhes dando os restos de comida da tripulação, muitas vezes estupram as meninas diante das outras, gritam que é pra elas terem noção o que vai acontecer, nessa a jovem doce que tentava proteger a adolescente franzina sofreu violências tão brutais que não aguentou e sucumbiu, com horror a viu ser lançada ao mar como fosse nada, até chegar o destino final poucas restaram.

O frio faz a adolescente tremer, seus pés queimam no chão gelado do container, quando é aberto percebe que estão atracados, é jogada sobre os ombros de um homem, a leva até uma van e a joga com outras três, foi mais ou menos uns quarenta minutos de viagem.
A van é aberta e a jovem é jogada em um novo inferno, virou brinquedinho sexual de pessoas sádicas com muita grana, sua virgindade leiloada, foi usada por um magnata candidato a governador, judiou da menina, no fim foram duas semanas de internação, a pobre garota então caiu na real que o mundo poderia ser mais cruel do que pensava.
A mais nova do prostíbulo a que atraía os nojentos pedófilos, apesar de tudo isso ela deseja viver, se apega ao resquício de fé que ainda existe, depois de mais um dia de trabalho, se deita no porão que serve de dormitório a todas, olha para o teto cheio de estrelinhas neon que brilham no escuro, ela as ganhou de um cliente menos cruel, as meninas ganham muitos presentes, as vezes é permitido elas sairem para ser acompanhantes, todas trabalham até o fim de suas vidas, quando estão velhas servem de cozinheiras, camareiras, nunca mais veem a família, quando adoecem são mortas e cremadas.

Mesmo diante de toda essa crueldade a garota que jamais conheceu amor, cuidado, respeito ainda sonha com um futuro feliz.
Sem falar o idioma local, se comunica como dá, são jovens e mulheres de todo canto da terra, olham com tristeza para a garotinha que alimenta sonhos impossíveis, torcem que um dia um cliente possa a tirar do prostíbulo e pelo menos lhe dá uma vida descente, algumas são compradas e se tornam esposas exemplares, isso é o único sonho que as alimentam.

Sem falar o idioma local, se comunica como dá, são jovens e mulheres de todo canto da terra, olham com tristeza para a garotinha que alimenta sonhos impossíveis, torcem que um dia um cliente possa a tirar do prostíbulo e pelo menos lhe dá uma vida...

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