A mercê

8

- Fez o que eu te pedi my dear?
Charles suspira, coloca as mãos na cintura e encara o amigo sério
- Estevão Killian o que pretendes fazer? Estou confuso, você acabou de sequestrar a menina e o garoto mo fim os libertou e agora está indo a uma reunião com Demétrio Vicenzo? Me preocupo, antes de tudo somos amigos, irmãos, você é muito descuidado, chega a ser ridículo mas as vezes parece ingênuo demais, desculpa meu senhor, desculpa só estou muito preocupado.
Estevão sorri, segura o rosto do amigo e lhe dá um beijo estalado na buchecha, os homens Killian nunca tiveram a masculinidade frágil, demonstrar afeto não é vergonha para eles - Meu amigo, irmão, conselheiro, não se preocupe, quanto a ingenuidade as vezes é necessário para não se perder a humanidade, sei perfeitamente o que estou fazendo.
- Deus é testemunha que gosto muito daqueles dois, Esthela é uma mulher fantástica e o garotinho é um anjo mas arriscar tudo assim é certo? Estou confuso, com todo respeito você não combina com essa vida, tem sonhos clichê de família, quer amar, fuck! É um romântico incorrigível, se apaixonou a primeira por uma estranha, fez a loucura de rapta-la, o garotinho o chama de "dad" está rastejando pela "ebony queen" parece uma novela latina, estou enlouquecendo e a culpa é sua!
- Já entrei em contato com papai, expliquei toda a situação e ele soltou uma gargalhada alta, chamou meus irmãos minha mãe, todos já imaginavam que tal situação viria acontecer, está tudo sobre controle irmão, aqui...
Entrega o anel símbolo de poder e lugar dentro da hierarquia Killian, Charles se retrai não quer o anel - Não! Isso é... Inadmissível senhor, não posso aceitar!
- Claro que pode, te escolhemos meu amigo, é inteligente, racional, belo e sagaz, este rostinho perfeito esconde a fera que realmente é, tem bagagem e estudo, tem energia e ama o que faz, mais importante é fiel, nasceu para o mundo dos negócios é burocrático mas não exita se precisar puxar o gatilho é perfeito, já foi anunciado.
Estevão coloca o anel no dedo do amigo
- Vou resolver minha situação e após tirar o único impecilho do meu caminho estou caindo fora - Charles ri da maneira engraçada que o amigo fala, as gírias brasileiras é um tanto complexas e sem sentido mas gostosas de ser ditas.
- Sabe que vai trazer a nós o que tanto evita né? A guerra!
- Rômulo achava que sou obcecado pelo capo italiano, eu o estudei, e criei uma certa admiração, papai me contou que ele acabou com a principal máfia de tráfico humano na Rússia por amor, o homem mais temido entre os criminosos é um romântico incorrigível, ele enfrentou o seus por amor, ele mais que qualquer um vai entender minha postura não se preocupe.
- Sempre vou me preocupar com você my dear, é meu irmão, quando o mundo me deu dor, os homens violentaram meu corpo, minha alma você me deu amor, você me resgatou, devolveu a dignidade, respeito, tudo que tiraram de mim, você é a minha família, isso é o realmente quer?
- Sim meu querido! A minha breve carreira chegou ao fim porque encontrei propósito maior.
Charles segura os ombros do amigo, o encara - Então vou está ao seu lado, te apoiando.

Estevão dispensa os seguranças, apenas leva Charles, para em frente ao imponente prédio central da máfia italiana, a fachada de disfarce é vinhos, a maior produtora de vinhos do país, Estevão tem presença e um ar de badboy, grande, ar sério atravessa o saguão do prédio com seu fiel amigo, que tem tanta presença quanto ele, dois homens elegantes, cheirosos, que atraí a atenção, Charles deixa a cesta com os produtos de contrabando da máfia Irlandesa na recepção cortesia, pisca para o jovem engomadinho atrás do balcão que fica tímido e vermelho, Estevão balança a cabeça em negação, o amigo faz a egípcia.
A secretária de Demétrio já os esperavam, a seguem até o elevador, antes de entrarem no escritório do senhor Magnus, foi preciso deixar as armas, revista após confirmados e desarmados entram.
Demétrio está contemplando a paisagem, vira a cadeira e encara os dois homens a sua frente, sorri se levanta e os cumprimenta, a secretária os deixam a sós, fica uns segundos os observando, nenhum dos dois se intimidam, sorri
- Molto bene, benvenuto! (Sejam bem vindos)
- È un piacere, signore! ( É um prazer senhor)
- Speak Italian? (Fala italiano?)
- Un po', volevo fare bella figura (Um pouco, queria causar uma boa impressão)
Demétrio sorri - Está indo bem, vamos conversar afinal temos algumas divergências em questão, aceito uma bebida, água?!
- Água por favor!
Demétrio pede a secretária para providenciar, Charles não quis nada, após se hidratar o assunto em questão é jogado a mesa.
- A amo e jamais a devolverei até mesmo porque ela não é prisioneira, não é minha propriedade e está livre, jamais a obrigaria a fazer nada que não queira, jamais a tocaria sem sua permissão, a amo por isso estou preparado para a rejeição mas não suportaria a ver machucada, amendrontada, estou disposto a puxar o gatilho e não importa se for para o psicopata do seu irmão ou até mesmo o senhor.
Demétrio gosta do atrevimento do rapaz, nota se que é jovem, tem uma determinação notável, sonhador.
- É uma ameaça Estevão Killian?
- Jamais senhor Demétrio Vicenzo Magnus, só estou declarando meu amor, o senhor e meu amigo aqui são testemunhas, diga-me o que faria para manter sua amada segura, seus filhos?
- O impossível!
- É assim que me sinto, posso mover o impossível por ela e o pequeno.
- O que quer meu caro, me chame apenas de Demétrio, sem diplomacias, estamos em um papo amigável, conheço a Killian máfia, reis do contrabando, donos dos melhores destilados e charutos, fiquei meio chateado esperava receber alguns charutos de cortesia.
Estevão sorri encara Charles que abre a boca enfim - Senhor deixamos a cesta na portaria, espero que saboreie nosso novo licor de acerola, particularmente achei divino, é cítrico, ácido e refrescante ao mesmo tempo, perfeito para os dias de verão e esse calor do Saara que faz aqui nesse país.
Revira os olhos e se abana, Demétrio pede a secretária que traga a cesta, parece uma criancinha recebendo uma cesta de doces, pega o charuto, corta a ponta faz todo ritual, vai até a janela e acende, oferece apenas Charles aceita, Estevão cruza as pernas e dá continuidade.
- Vim aqui fazer uma proposta que não envolve Esthela, minhas rotas estão visadas, encheram de piratas e saqueadores, os federais querem me extorquir com um valor absurdo, preciso de uma rota de escape uma das rotas italiana seria perfeita.
- Adoro negociar, diga me qual argumentos e propostas vai jogar a mesa?
- Ultimamente compramos armas dos croatas, podemos virar seus compradores, toda a mafia Killian, também podemos importar além de armas seus preciosos vinhos para Irlanda e qualquer pais que tenha uma filial Irlandesa, seremos fiéis ao seu clã, não somos um grupo sanguinário Demétrio mas se necessário nos tornamos mortais, temos snipers treinados pela guarda real britânica, membros treinandos pela Asfarc, procuramos ser metódicos sem ser desleixados, muitos na nossa posição fazem pouco da Killian nos julgam fracos digo a esses podem vir estamos preparados.
- Está propondo uma aliança meu jovem?
- Sim senhor!
Demétrio fica em silêncio por alguns minutos só apreciando seu charuto, o celular do Estevão toca, o sorriso dele se abre largo e radiante, é uma chamada de vídeo, Demétrio reconhece a voz de Esthela - Desculpa! É que esse garotinho aqui pergunta toda hora de você, quer te ver, se estiver ocupado posso ligar outra hora.
- De maneira nenhuma my ebony, cadê meu garoto!
- Dad!? Sadade... Cadê voche? Não ama maise o Natan?
Nessa hora o senhor mafioso desaba, Demétrio observa o homem de dois metros, parecendo uma muralha ficar com os olhos marejados, limpa a garganta
- My beloved son! Dad jamais vai deixar de te amar, papai está trabalhando bastante para depois pôde ficar todos os dias com você!
- Vai binca de bola com Natan e na picina e leva o Natan pa toma solvete econdido da mama?
- Rapazinho que história é essa? Esthela grita ao fundo, Estevão faz sinal de segredo o menininho coloca a mãozinha em frente a boca e sorri sapeca, Estevão sussurra
- Papai vai te levar pra tomar um monte de sorvete mas é nosso segredo.
Menino manhoso volta a choramingar
- Dad volta logo, Natan tá sentido muita falta seu.
- Prometo que logo, logo papai vai está ai com vocês, agora passa para sua mãe por favor!
Enquanto voltam a se falar Charles encara Demétrio com ar de deboche
- Um mini projeto de homem consegue desbancar esse brutamontes em segundos, Gosh me defenderay mais quem me dera!
- Entendo seu amigo, tenho filhos e eles consegue me desbancar fácil também.
Demétrio fica bem pensativo, nota como Estevão está amando verdadeiramente Esthela coisa que seu irmão nunca será capaz de fazer.
Os dias estão passando super rápido, nesse tempo Esthela não admite mas também está sentindo falta do grandão
- Você vai voltar?
- Está sentindo minha falta my queen?
- Eu, eu... Para! Você mima muito o Natan ele está sentindo muito sua falta...
- Sinto falta do seu cheiro, das suas broncas, da sua comida, da sua doce voz brigando com nós dois, sinto tanto a falta de vocês dois.
- Volta logo, por favor! - Sussurra mesmo assim deu para entender perfeitamente
- Estamos com saudades!
- Amo vocês
- Pelo amor de Deus senhor Killian, estamos aqui, se continuar vamos morrer diabéticos com tanta melação.
- Oi Charles! - Esthela cumprimenta, saltitante o garotinho grita.
- Padinhoooo! - Acaba desbancando o homem até então cheio de marra, após encerrar a ligação os dois voltam no modo gangsters
- Desculpa! Achei melhor omitir sua presença.
- Entendo, vamos conversar sério agora, temos muitos inimigos os piores são os próximos, dentro da família da organização, preciso de dois favores, um para selar a parceria e outro para selar a liberdade da Esthela.
- Estou a ouvidos!