A mercê

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Esthela
Não consigo parar de tremer, Janaina esposa do Rômulo está cuidando meu menino, estou com tanto medo só de pensar e reviver todo terror é inexplicável mas não posso deixar aquele monstro machucar mais ninguém, Estevão está calado, sério com a postura de gangster é estranho o ver assim, mesmo ele pedindo pra eu confiar nele não consigo controlar o pavor.
A troca vai ocorrer em uma antiga fábrica de grãos, foi a falência a 15 anos atrás e devido a propriedade ser muito grande o valor de leilão não interessa os futuros compradores, é distante não corre o risco de sermos flagrados pela polícia.
Estevão aperta minha mão, só então percebo que estou tremendo a ponto de fazer barulho, me puxa e coloca em seu colo de frente passo a perna em cada lado de sua cintura, escondo o rosto seu pescoço, seu perfume natural misturado a fragrância cara me acalma um pouquinho, me abraça como se eu fosse uma criança, sinto carinho nas minhas costas acabo cochilando.
Esgotada, desde que soube da troca não consegui dormir, hoje é o terceiro dia em claro, o cochilo não me impede de escutar ele ao telefone, consigo compreender algumas coisas "...em meia hora chegamos... Não precisa fazer isso, serviço sujo geralmente tem pessoas certas para fazer o serviço... Tudo bem, ela? Arrasada se não fosse pra dá fim a essa história de terror jamais a deixaria passar por isso...Nos vemos em breve"

César
Meu pai pode não valer nada mas é perspicaz, traiçoeiro e tem muita ambição, nunca engoliu perder sua posição para o primogênito, usei disso para conseguir ajuda, prometi que se ele me ajudasse a recuperar minha mulher mataria Demétrio, até o amava mas depois de deixar claro que irmandade não tem valor algum pra ele "occhio per occhio, dente per dente"
Estamos a caminho da antiga fábrica, um lugar perfeito se chegar a ocorrer conflito não vai chamar a atenção de ninguém, encaro a gazela a minha frente, não acredito que possa comandar uma máfia, sorri e manda beijo, ele é irritante queria mata-lo, lhe dou chute o fazendo sorrir, esse cara é louco.

Chegamos ao local adiantados, vasculhamos e não é uma emboscada, esperamos, meu pai aperta meu ombro:
- Se controla, está parecendo um maldito cachorro, só falta abanar o rabo.
- Vá se fuder!
- Sou seu pai moleque e...
Aponto a arma na cara dele - Se não fechar a porra da boca acabo com a tua raça agora mesmo.
O tal Charles volta a rir, atiro na direção dele só de raspão e ele não cala a boca
- Que isso manolo podes fazer melhor, acha que um tiro me intimida? Fui definido na crueldade é preciso mais criatividade da sua parte.
- CALA A BOCA! SE NÃO PRECISASSE DE VOCÊ GARANTO QUE SERIA BEM CRIATIVO.
- Ui que meda! - Tento partir pra cima dele meu pai impede, me dá um tapão na cara.
- Se controla figlio di puttana!
Controlo minha respiração e obrigo ele a me soltar, durou pouco quase esqueço como é respirar quando vejo os carros na estrada vindo em nossa direção, enfim ela vai voltar para os meus braços.

Esthela
Acordo com a voz suave do Estevão, assim que percebo que o carro parou o choro é instantâneo, ele segura meu rosto
- Fui até aquela fazenda atrás de encrenca, queria atenção do capo italiano, estava preparado para ir embora quando vocês cruzaram meu caminho, te amei a primeira vista, sabia que era a mulher da minha vida, disse a mim mesmo que jamais alguém te machucaria, nunca vou permitir ele encostar em você novamente, hoje seu pesadelo vai chegar ao fim, te amo!
Entre soluços também digo que o amo, saio do carro com ajuda dele e dou de cara com ele, o monstro que aterrorizou minha vida ele sorri, apesar da distância considerável só o fato dele está tão perto o ar fica intragável.

Devagar começo a caminhar na direção do embuste vagarosa porque as pernas estão mole, Charles é empurrado e mesmo machucado não perde a elegância, nos encontramos no meio do caminho, ele pisca pra mim
- Fecha os olhinhos gatinha!
Não entendo continuo andando, sinto um ventinho perto do meu rosto e antes que o César consiga me tocar uma bala atravessa sua testa, o pai dele grita e aponta a arma pra mim e é atingido também, um por um dos homens que levou é atingido, fico paralizada, o sangue dele espirrou em mim não sei se posso comemorar, se é um sonho e quando voltar em mim estarei nas garras dele novamente, estou em choque, escuto a voz do Estevão - Oras, oras a temporada no exército serviu pra alguma coisas, já existiam rifles de precisão naquela época.
Me viro e vejo Demétrio descendo de um cilo, encara Estevão e o imita - Nao sou tão velho assim rapaz, me respeita!
Demétrio sempre cuidadoso verifica se não estou ferida, Estevão também os dois são superprotetores demais.
Estou trêmula vejo os homens de Demétrio pegando os corpos, sinto arrepio os olhos do César mesmo sem vida me dão arrepios, sou carregada, encosto a cabeça no peito do meu homem e descanso, muita emoção para um dia só, quero pegar meu bebê ir pra casa e dormir sentindo o cheirinho bom dele, enquanto ele meche no meus cachinhos, mania que tem. Mesmo dentro do carro continua comigo no colo, gosto de ser mimada é tão bom, enfim sinto a paz que sempre desejei.

Demétrio
O último tiro e pronto todas as pedras do caminho são tiradas, a tempos tudo estava planejado, só precisávamos de uma oportunidade como ela não chegava tive que criar uma, a decisão veio depois que descobri os planos do papai, estava conseguindo persuadi pessoas influentes que poderiam me dá uma grande dor de cabeça, a princípio Estevão ficaria com o peso de matar os dois mas decidi que teria de ser eu, era um problema pessoal que só eu poderia resolver, meu fardo.
Depois do cabeça morto era hora de fazer uma limpeza na mesa do conselho, se não estão ao meu lado estão contra mim, mais leve e contente agora só faltava fazer amor com a minha bela ragazza.

*Fim da primeira temporada, agora vem uma temporada mais leve e descontraída, também terá um bônus bacana no final.
A segunda temporada será dada continuidade nesse livro mesmo, valeu pelos feedback, e o apoio galera 🥰🥰