21 - capítulo

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    Freen Sarocha


Assim que ouvi a porta sendo fechada, avisando que as duas tinham saído, eu me dirigi a janela, Rebecca havia trancado a porta, então a janela foi o que sobrou pra mim. Tive que esperar um táxi e agradeci por não ter gastado todo o meu dinheiro em bebidas. Seguir até meu apartamento pra tomar mais um banho e vestir roupas brancas, além do meu jaleco. Comprei dois cafés grandes na esperança de não dormir sobre nenhuma grávida. Entrei no hospital e cumprimentei algumas pessoas apenas por educação. Entrei no meu escritório e pude lembrar de toda a madrugada, mas minha paz foi interrompida por Dulce María.

- Posso saber o que você quer com a Rebecca e a Lexa? - ela perguntou com os braços cruzados.

- Primeiro, doutora Savinon, tá mais do que na hora de aprender pra que serve uma porta, experimenta bater nela antes de entrar. E segundo, vai tomar no cu. - falei e ela se aproximou de mim segurando na gola da camiseta polo branca.

- Se você as magoar de alguma forma eu juro que te dou de novo aquele soco que dei a anos atrás, mas agora vou descontar toda minha raiva com ele. Então se vacilar eu espero que conheça um ótimo dentista. - peguei as duas mãos dela e tirei do meu corpo.

- Savinon, vai para o inferno. O que acontece entre Rebecca, Lexa e eu é assunto nosso. Rebecca é adulta e Llexa é minha filha. Quer mandar em algo, mande em sua esposa e seu filho. Me deixa em paz. - falei tudo com a mandíbula travada.

- É só um aviso, idiota. -  disse se dirigindo a porta.

- Imbecil. - falei antes dela fechar a porta com força. Meu celular tocou e eu fui procura-lo, o achei dentro da minha maleta. Atendi rapidamente ao ver o nome do Dylan na tela.

- Senhora Sarocha? - ele disse assim que atendi.

- Sim, pode falar Dylan. - falei tentando ser mansa e não lembrar que eu queria bater na mãe dele a alguns segundos.

- Hm, hoje tem treino de futebol e a Lexa ta triste por que o campeonato vai começar no final de semana, a senhora podia aparecer ocasionalmente aqui e buscá-la pra almoçar, tirá-la daqui. - o garoto disse e eu ri.

- Ótima ideia, Dylan. Você pode vir conosco? - perguntei e o garoto ponderou.

- Claro, só vou ligar pra minha mãe. Agora tenho que desligar, tenho que voltar pra aula. Tchau senhora Sarocha. - ele disse animado.

- Tchau Dylan, obrigada. - falei tendo certeza que esse menino tem o coração da Anahí.

- De nada. - o garoto desligou e eu levantei da minha cadeira de couro indo até a recepção.

- Oi, Emma. – cumprimentei a mulher que sempre organizava meus compromissos no hospital. – Pode olhar o que eu tenho pra fazer essa tarde? – perguntei e a senhora sorriu docemente indo até seu computador e digitando algo.

- Uma consulta que ainda não foi confirmada. A senhora quer que eu remarque? – perguntou já pegando seu telefone.

- Muito obrigada, se alguma das minhas grávidas resolverem ganhar bebê, você me liga. – falei voltando para o meu consultório. Ainda tinha algumas mulheres pra atender antes de poder sair.

(...)

Cheguei na grande escola depois de ter comprado uma bola de futebol, quem disse que minha menina não pode jogar? Encontrei Dylan na saída, ele me avisou que Lexa já estava na arquibancada e eu me dirigi até lá.

- Sempre tive curiosidade sobre esse jogo. – falei me sentando ao lado dela. Lexa me encarou com espanto. – Não entendo sobre impedimentos e nem como os jogadores conseguem fazer embaixadinhas. – falei e a garota ainda me encarava com dúvida. – Vem, vou te levar pra almoçar e depois quero umas aulas sobre esse esporte. – me levantei e estendi a mão pra ela. Lexa ponderou durante alguns segundos e não segurou em minha mão. Me agachei a sua frente e olhei em seus olhos, ela me devolveu o olhar esperando que eu me explicasse, seus olhos são tão esclarecedores como os de sua mãe. – Você ia ficar aqui se remoendo o resto da tarde por não poder jogar. Almoçar comigo não é tão ruim e eu realmente tô curiosa pra saber por que você gosta tanto disso. Você tem que treinar suas habilidades, ano que vem vai competir, se ficar parada demais vai acabar ficando pra trás. – falei e a garota olhou para o campo.

- Você acredita mesmo que eu posso voltar a jogar? – ela perguntou com a voz sussurrada.

- Tenho tanta fé em você que quero fazer uma aposta. – ela me olhou curiosa. – Ano que vem, quando você chegar a final da estadual e fazer pelo menos um ponto, eu te dou o carro que quiser com dezesseis anos e vou sair com você nas primeiras vezes.

- É gol, mãe. – ela disse e acho que nem percebeu. – Mas e se eu perder essa aposta? – perguntou interessada e eu sorri sabendo que já havia ganhado essa.

- Eu escolho o carro e sua mama que vai te dar aulas. – falei com um sorriso brincalhão sabendo que Rebecca não conseguiria ensinar nem uma pedra a cair no chão sem dar alguns gritos histéricos. Lexa se colocou de pé e apertou minha mão que estava estendida pra ela.

- Fechado, e é bom você guardar dinheiro. Além de programar folgas, eu vou ganhar isso. – ela disse firmemente, mostrando que ainda tem traços meus, mesmo em sua personalidade.

- Eu vou adorar isso. – falei e abracei seu ombro, logo pegando sua mochila. Lexa ficou tensa no começo, mas relaxou quando eu a incentivei com um sorriso. Andamos até meu carro e Dylan já nos esperava. – Vamos almoçar com a gente, Dylan? – perguntei e pisquei para o garoto.

- Oh, almoçar? Estou surpreso. Não sei, tenho tantos compromissos essa tarde. – ele disse com a mão no queixo e fingindo pensar. Ele me lembra Dulce de anos atrás.

- Vamos logo Dylan, você só vai coçar o saco o dia todo. – Lexa disse pegando a chave do carro da minha mão. – Podíamos começar essas aulas hoje? Ei, Dylan. Tá sabendo que vou ganhar o carro que eu escolher ano que vem? – perguntou de forma esnobe tentando jogar pra mim que ganharia de qualquer forma.

- Nem pensar, você ainda tem quatorze anos. E tem que ganhar primeiro. – peguei a chave da sua mão e destravei o carro.

 Os adolescentes logo entraram no carro e dessa vez Lexa foi na frente ao meu lado. Assim que chegamos ao restaurante, eu liguei pra Rebecca avisando que os dois estavam comigo e que eu os levaria pra casa. Ela estranhou no começo, acredito que estranhou mais ainda eu ligar depois de transarmos ou pelo fato de não ter mencionado nada. Ela concordou e pediu que eu cuidasse de Lexa e desse o remédio dela na hora certa. Ela me deu tantas instruções que eu me perguntei se ela é assim o tempo todo ou só por que Lexa está comigo. Resolvi deixar isso de lado e aproveitar meu dia com minha filha, aproveitar a chance que ela está me dando.

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Uma relação sendo reconstruídareconstruída,  mãe e filha ❤❤

My Mistakes - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora