Freen Sarocha
Dulce saiu da sala com um pequeno sorriso.
- Ela vai ficar bem, precisamos de alguns dias pra ter certeza, mas eu sinto que deu certo. – ela disse e Anahí a abraçou. – Doze horas de uma cirurgia bem sucedida. – arregalei os olhos assim que ela disse, olhei o relógio de parede e vi que já eram sete da noite.
- O tempo lá dentro passa rápido. – comentei. – Vou levar vocês dois pra comer alguma coisa e descansar. – falei pra Becky e Allan. – Dulce, quantas horas pra Lexa acordar?
- Provavelmente só amanhã. – ela respondeu e eu percebi que Anahí e Becky nos olhavam assustadas. Assenti e peguei Allan no colo. Entrelacei meus dedos aos de Becky, eu sei que não temos nada de verdade, mas eu não vou abandona-la de novo.
- Acho que é melhor todo mundo ir pra casa agora. – falei e vi todos assentirem. Taylor parecia meio perdida. – Taylor, se quiser ir com a gente...
- Oh, não. Obrigada. – ela disse. – Quando Lexa puder receber visitas eu volto. – ela disse com um pequeno sorriso e se despediu logo saindo do hospital.
- Tô nem ai se ela não pode receber visitas, amanhã eu venho de qualquer jeito. – Clarke disse bufando alto e indo em direção a saída do hospital com passos largos.
- O que tá acontecendo aqui? – Lauren leu minha mente e perguntou.
- Ai amor, você é tão burrinha e eu te amo tanto. – Camila disse e deu um rápido selinho em Lauren que tinha uma sobrancelha arqueada encarando a esposa com um bico nos lábios.
- Eu devo ser burrinha também, por que não entendi nada. – afirmei e logo nós nos direcionamos a saída. Dulce nos ofereceu uma carona a casa da Becky, já que havíamos ido de ambulância e eu logo aceitei, aumentando ainda mais a dúvida de Anahí e Becky. Assim que chegamos eu me despedi das duas e entramos na casa, Mel apareceu desesperada procurando sua dona e eu me lembrei que a noite anterior a parada respiratória da Lexa ela tentou me impedir de ir, como se já soubesse o que viria. – Você deve tá com fome. – acariciei seus pelos dourados e encarreguei Allan de dar a ração e água pra cadela. Fui em direção a Becky e a vi olhando alguns porta-retratos. Acariciei seus braços. – Tá tudo bem agora. – ela acariciava uma foto onde Lexa estava apenas biquíni, com um grande sorriso, e atrás eu podia ver a praia.
- Eu sei, tive tanto medo, Freen. – confessou e me olhou com os olhinhos marejados. Eu tenho medo de beija-la e ela achar que estou me aproveitando de seu momento de fraqueza. Então o que fiz foi beijar sua testa e abraçar seu corpo. – Obrigada, por ter ficado com ela. – disse contra meu peito.
- Era o mínimo que eu podia fazer. – a apertei em meus braços.
- Mãe, tô com fome. – Allan apareceu na sala e eu acabei rindo vendo seu cabelo bagunçado.
- Se importa se a gente ficar com você essa noite? – perguntei a Becky que negou. – Então vou pedir o jantar. Allan, tenho que ir buscar uma muda de roupa pra você. – falei.
- Tem roupa dele aqui, que ele esqueceu. – Becky disse e eu suspirei em alivio.
- Então vai tomar banho, eu vou logo levar sua roupa. – o garoto assentiu e subiu as escadas, meio desanimado por ter que tomar banho. – O que você quer para o jantar, Bebec? – perguntei a ela ainda agarrada ao meu corpo.
- Eu só quero tomar um banho quente. – disse. – Vamos comigo? – ela pediu e eu beijei seus cabelos.
- Vamos. – falei e a guiei escada a cima. Becky mesmo ligou pedindo o jantar enquanto eu levava a roupa para o Allan, o avisando que quando terminasse era pra nos esperar e se alguém batesse na porta pra pedir que aguardasse. Voltei ao quarto da Becky, ouvi o chuveiro e vi a porta do banheiro aberta me esperando. Engoli em seco. Eu sei que tanto ela como eu precisamos de carinho, mas não vou mentir e dizer que é fácil tomar banho com ela, não que eu vá a agarrar ou coisa parecida, mas ela ainda é minha ex-mulher, a qual eu amo e que eu disse isso hoje pela manhã. Entrei no banheiro e tirei minha roupa, entrei no box e ela tinhas os cabelos soltos indicando que os lavaria. Me aproximei e levei minha mão a sua nuca massageando-a. Becky gemeu em satisfação, sem malicia alguma, apenas relaxando seus músculos. Peguei o sabonete líquido e derramei um pouco em minha mão antes de leva-lo as suas costas e começar a massagear cada parte que eu tinha acesso. Becky se virou de supetão e me abraçou, ela me puxou pra debaixo do chuveiro quente e ali ficamos. Apenas a sensação do calor de nossos corpos junto a sensação da água quente. Não dissemos nenhuma palavra. Não havia nada que precisava ser dito. Era apenas nossos gestos e olhares, entendíamos o que a outra queria dizer dessa forma. Depois de alguns minutos Becky se separou do meu corpo em alguns centímetros e beijou meu rosto, fechei meus olhos pra aproveitar melhor o contato. Voltamos ao banho de verdade e esse não demorou quase nada, saímos do banheiro enroladas em toalhas brancas e Becky foi logo buscar uma roupa pra que eu vestisse. Quando estava na metade do processo ouvimos a campainha ser tocada. – Deve ser nosso jantar. – falei e ela assentiu. Saí do quarto terminando de vestir minha blusa e cheguei na sala, sorri para o meu filho que estava assistindo TV ao lado da Mel. Paguei o jantar e peguei as embalagens vendo que é de comida caseira. Becky desceu amarrando seu cabelo em um coque alto que eu acho tão bonito quando ela o faz. São coisas tão pequenas que fazem dela a mulher mais bonita do mundo, talvez seja por isso que ela não entenda quando eu digo isso. Por que eu não falo só da beleza exterior da minha bela Becky. Eu falo de seus pequenos detalhes. A forma como ela segura a xícara com as duas mãos, ou como morde a tampa da caneta com a testa franzida quando tem que escrever um artigo, como toca seu velho violão graciosamente, como sempre se abaixa pra ajeitar o tapete, ou como adora assistir TV no escuro, como segura o seu livro com o dedo indicador entre as páginas o usando como marcador, a forma que ela sempre respira fundo ao deitar em sua cama, ou a forma que ela sorri pra qualquer pessoa na rua e deseja um bom dia. Os pequenos pedaços da Becky é que fazem dela a mulher mais linda do mundo. Se não é amor, eu não sei o que é. Jantamos em meio a histórias contadas por Allan, o pequeno garoto não entendia todo o terror que havíamos passado naquele dia, ele só sabia que a irmã estava bem e isso bastava pra ele.
- Acho que tá na hora de você dormir, mocinho. – Becky disse apertando o nariz do menino que já havia bocejado três vezes.
- Também acho, vou escovar os dentes. Vou dormir na cama da Lexa pra sentir ela perto de mim. – o garoto anunciou e se pôs de pé, a cadela o seguiu e sumiram da sala de jantar.
- Eu ainda queria ter a inocência dele. – Becky anunciou e eu a encarei.
- Se serve de alguma coisa, eu queria que você ainda tivesse essa inocência. – falei e ela suspirou.
- Acho que também vou dormir, meu corpo ta cansado e meu emocional também. – disse e eu assenti. Ela sumiu da minha vista e eu fui fechar as janelas da casa e trancar as portas, desliguei as luzes e fui constatar que Allan já estava dormindo. Desci as escadas e me acomodei no sofá. Não sei quanto tempo fiquei assistindo um filme em preto e branco quando senti a Becky acariciar meus pés. Olhei pra ela e vi seus olhinhos pidões. Deitei de barriga pra cima e a chamei, ela se deitou em cima de mim e ficamos ali, assistindo o filme. – Temos que conversar sobre nós, você sabe disso, não é? – perguntou enquanto eu acariciava suas costas.
- Eu sei, mas vamos deixar como está por enquanto. Lexa é nossa prioridade agora e além do mais, tá tão gostoso assim, eu não quero que acabe. – confessei e ela assentiu escondendo seu rosto no meu pescoço.
Estiquei o lençol que tinha ali ao meu lado sobre nós duas e comecei a acariciar seus cabelos castanhos até a ouvir suspirar uma vez, e dessa forma eu sabia que ela havia dormido. Desliguei a TV e fiquei observando a pequena escuridão até que o sono me carregou pra ele.
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My Mistakes - Freenbecky
RomanceUm casamento que durou poucos anos, uma separação de quatorze anos. Não existe mais sentimentos? O problema é quando o passado insisti em voltar. Com a doença da única filha os caminhos se cruzam mais uma vez. E se tais caminhos quiserem se entrelaç...