Freen Sarocha
Acordei com uns barulhos na cozinha, fui até lá e vi Lexa ajoelhada no chão com um rolo de papel toalha em sua mão e metade dele estava no chão.
- Você não podia ter feito no jornal que eu coloquei pra você? – ela perguntou a cadela ao seu lado, e eu finalmente percebi meu chão molhado. Mel latiu em minha direção como um cumprimento. – Mãe? A senhora já acordou? – ficou de pé e me olhou com um sorriso amarelo. Colocou o rolou de papel toalha atrás do seu corpo.
- Vá tomar um banho pra ir pra escola, eu limpo isso. – falei e ela olhou pra trás.
- Oh, não. Mama disse que Mel é responsabilidade minha. Essa era a condição pra que eu ficasse com ela. Eu vou terminar rápido. Tô com fome, o que vamos ter no café da manhã? – perguntou já voltando a se ajoelhar.
- Café da manhã? – perguntei coçando a nuca sabendo que provavelmente só teria pizza congelada na geladeira. – Vou comprar alguma coisa na padaria aqui da esquina. – falei e ela assentiu.
Saí de casa sem me importar de estar com uma calça de moletom e uma camiseta regata preta. Depois de comprar alguns pães, leite e uma caixa de cereal eu voltei pra casa. O chão já estava limpo e Mel comia sua ração.
- Mãe, como a senhora sobrevive com duas lasanhas e uma pizza congelada e água na geladeira? Tinha iogurte, mas estava fora da validade e eu joguei fora. – ela disse e eu acabei rindo da sua careta.
- Normalmente eu como no hospital, ou peço comida quando estou em casa, sempre estou quase dormindo. – falei e ela assentiu. Logo se servindo.
- Quando vai falar com a tia Taylor? – perguntou procurando uma tigela no armário.
- Vou falar com sua mama hoje, peço pra ela já falar com a Taylor sobre o assunto e ver se ela pode ajudar. – falei e ela assentiu.
- A senhora vai lá em casa hoje? – ela perguntou e eu assenti. – Mãe, o que tá rolando? Eu vi vocês se beijando na cozinha, e foi estranho. Mama namora a tia Taylor. – ela disse e engoli em seco.
- Foi coisa de momento, uma demonstração de carinho. – falei e ela me olhou rapidamente, colocando o cereal em sua tigela.
- Não podia ser com um abraço? – perguntou pegando o leite.
- Lexa, não complica mais as coisas. Eu não vou conseguir te explicar mesmo. – falei e ela deu de ombros e começou a comer. – Vou tomar banho. – peguei um pãozinho e levei até minha boca. – Arruma suas coisas, daqui a pouco vamos sair. – ela assentiu e eu fui até meu quarto, não queria e nem sabia como explicar pra minha filha por que eu beijei a mama dela. Nem eu sei por que nos beijamos, só parecia tão certo. Depois do meu banho voltei para a cozinha e Lexa só estava me esperando, saímos do apartamento e seguimos até sua escola. – Vou levar a Mel pra sua casa. – falei e a cadela deu um latido. Lexa se aproximou e deu um beijo em meu rosto.
- Valeu, mãe. Por ter cuidado de mim, noite passada. – ela ficou levemente corada e eu ri. Me aproximei e beijei sua testa.
- Te amo. – ela sorriu e saiu do carro com sua mochila, deixando a outra com seus pertences pra que eu levasse até sua casa.
Assim que estacionei o carro eu vi a porta se abrindo. Becky saiu de sua casa com uma camisa grande e um short minúsculo, acompanhada de uma xícara de onde eu via fumaça sair. Mel foi logo em direção a minha Bebec, a mulher fez um carinho no pelo dourado e a cadela entrou. Peguei a mochila e fechei a porta. Caminhei em direção a casa enquanto Becky me olhava atentamente.
- Quer café? - ela perguntou e eu assenti. Entramos em sua casa e ela preparou uma xícara pra mim.
- Obrigada. - agradeci e ela deu um leve sorriso.
- Como foi a noite? E a cólica dela? - perguntou com doçura na voz.
- Foi bem legal, a gente conversou, vimos filmes, jantamos comida japonesa e eu fiz o que você disse sobre a bolsa de água quente. Fiquei segurando a bolsa a noite toda. - falei e Becky deu uma risadinha.
- Ela se aproveitou de você então. - disse e eu dei de ombros.
- Tudo bem. - falei e ela negou com a cabeça. - Bebec. - chamei e a mulher olhou com doçura nos olhos. - Você poderia falar com a Taylor, ver se ela pode me ajudar com a adoção do Allan? - perguntei insegura.
- Vou ver o que ela pode fazer, e se ela não puder peço pra indicar alguém. - ela disse e eu assenti aliviada.
- Vou visitá-lo hoje, no horário de almoço. - falei e ela me encarava sem dizer nada. - Por que ta me olhando assim? - desviei os olhos dela.
- Você está diferente. – falou e continuou a me analisar.
- Como assim, diferente? Um diferente bom ou ruim? – perguntei sem graça terminando meu café.
- Um diferente bom. – ela disse e pegou minha xícara e a sua pra levar até a pia.
Observei ela lavar as duas e logo depois secar. Becky ainda tinha graciosidade em cada centímetro do seu corpo. Lembro que quando nos conhecemos, Becky era levemente desastrada, mas eu vi ela se transformar em delicadeza e leveza que ela tem hoje, a fazendo ficar ainda mais atrativa aos olhos dos que a rodeiam.
- Isso não foi muito explicativo, pode me explicar novamente? – perguntei vendo ela levar as xícaras até o armário mais alto e ficar nas pontas dos pés para guarda-las.
Ela aprendeu fazer todas as coisas que precisa sozinha e agora não precisa de mim pra fazer tais coisas, o pior é saber que eu reneguei tudo isso. O quão idiota eu pude ser pra perder essa mulher? Vê-la acordar todos os dias deveria ter sido o suficiente pra me fazer querer ficar. Becky fechou a porta e veio em direção a mesa, se sentando a minha frente e me encarando. Eu tinha a sensação que ela até podia ler meus pensamentos só com os olhos de cor avelã, tratei logo de pensar em campos floridos, mera precaução.
- Você parece outra pessoa. – ela disse correndo seus olhos pelo meu corpo ou o que ela podia ver dele.
- Talvez por que agora eu seja uma nova mulher, tô tentando mudar, ser uma boa mãe. – falei e ela negou com a cabeça.
- Eu acho que não é isso. – falou e eu sustentei seu olhar, a anos ela desviava os olhos dos meus e agora eu tento segurar os meus para encara-la da mesma forma, o jogo virou.
- E o que você acha que é? – indaguei e vi um sorriso nascer em seus lábios.
- Eu acho que é exatamente o contrário. – ela disse e eu arqueei uma sobrancelha. – Você não é uma nova mulher, você é a velha Freen. – ela disse e eu me perguntei se ela tinha razão. – Você tá retornando a ser quem era aos poucos.
- Espero que tenha razão. – falei, até por que Becky amava a antiga Freen, não isso que me transformei.
- Eu também.
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Agora é a vez de atualizar essa belezinha aqui ❤❤
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My Mistakes - Freenbecky
RomansUm casamento que durou poucos anos, uma separação de quatorze anos. Não existe mais sentimentos? O problema é quando o passado insisti em voltar. Com a doença da única filha os caminhos se cruzam mais uma vez. E se tais caminhos quiserem se entrelaç...