Freen Sarocha
- Eu vou falar com a mulher responsável pelo local, e você pode ir falar com o garoto. – Taylor disse assim que chegamos no orfanato. Era estranho ter ela comigo, mas não posso negar que é uma ótima advogada. Taylor segurava sua pasta junto a uma roupa social, lhe dando o ar mais sério. Nossa entrada foi liberada e eu fui até a mulher responsável junto a Taylor.
- Senhora Mary é um prazer revê-la. – cumprimentei educadamente e apertei sua mão. – Essa é minha advogada, senhora Swift, ela que vai resolver todos os tramites da adoção. – a mulher sorriu grande pra mim, talvez por agora ter total certeza que eu realmente vá adotar Allan. – Posso vê-lo enquanto conversam?
- Claro querida, ele está no quarto. Está meio doentinho e não foi a aula com as outras crianças. – ela disse e eu me preocupei instantaneamente.
- É algo grave? Eu trabalho em um hospital, posso leva-lo se a senhora liberar. – falei e a mulher deu um leve sorriso apenas com seus lábios.
- É só uma gripe. Vai vê-lo, tenho certeza que ele vai melhorar. – a mulher sempre tinha um sorriso em seus lábios, eu devolvi seu sorriso e fui em direção aos quartos, tive que pedir informação a um funcionário pra encontrar o quarto certo. Assim que entrei pude ver cerca de dez camas no grande quarto, todas as camas devidamente arrumadas, menos por uma que tinha um pequeno volume sobre ela.
- Atim. – eu ouvi e acabei rindo. Me aproximei da cama e vi o garoto envolto de sua coberta.
- Você não acha que ta tarde demais pra ficar dormindo não? – perguntei e o garoto virou seu corpo ao ouvir minha voz.
- Freen. – ele chamou com um grande sorriso, os olhinhos mostrando cansaço. Acariciei seus cabelos e ele fechou os olhos.
- Como você está se sentindo? – perguntei e ele espirrou mais uma vez.
- Com sono. – como que pra comprovar o que ele havia dito, bocejou. – Mas não consigo dormir. – nem eu tinha dormido essa noite, além de ter tido um plantão, eu ainda estava ansiosa demais pra conseguir dormir.
- Poderia ceder um pouco da sua cama pra mim? – pedi e ele afastou o pequeno corpo. Me sentei ao seu lado depois de tirar meus calçados. – Você gosta de historinhas? – perguntei e ele assentiu. – Okay, vou te contar uma história. – ele abriu os olhos e me olhou com curiosidade.
- Vamos ver se você é boa com histórias. – ele disse em forma de desafio. Aproveitei que estava encostada na cabeceira da cama e ele deitado e comecei a acariciar seus cabelos.
- Era uma vez o sol, o sol tinha um sonho, que era brincar incansavelmente com a lua... – comecei a contar a única história que eu sabia de verdade, meu pai me contava quando eu era pequena, por ser a única história que ele também sabia. Observei o garoto de cabelos castanhos claros, deitado de olhos fechados, assim sendo impossível ver seus olhos de cor azul. Os óculos de grau estavam ao lado da sua cama, num pequeno criado mudo. Continuei a contar a história enquanto acariciava seu cabelo. O garoto continuou de olhos fechados até eu terminar a história. O silêncio reinou no quarto, senti que estava sendo observada e olhei em direção a porta, pra ver Taylor e a senhora Mary nos observando. Allan respirou fundo e eu percebi que ele estava dormindo, mas eu não sentia vontade de sair do lado dele. O cobri direito e me aproximei beijando seu rosto corado. Não me importo em estar sendo observada, eu só queria o levar pra casa.
- Freen, precisamos ir. – ouvi a voz da Taylor, mas continuei a observar o garoto, o que esse pequeno garoto já teria passado em sua vida? Como uma criança pode ter tanto a me ensinar?
- Eu vou voltar pra te buscar, okay? – perguntei sem obter resposta. Me levantei da cama e o ajeite confortavelmente, fui até seu criado mudo e achei um pequeno caderno e um lápis de escrever. Tirei a última página ainda em branco e apoiei no caderno.
"Volto quando estiver melhor pra gente brincar. Freen."
Terminei de assinar e deixei ali em cima do criado mudo. Beijei mais uma vez o garoto, agora em sua testa. Caminhei em direção a porta e Taylor começou a andar na frente, a velha senhora me parou e segurou em meu braço.
- Obrigada, obrigada por gostar tanto assim do Allan. – ela disse e eu sorri, sentindo meu peito cheio, completamente cheio de amor, pelos meus dois filhos.
- Eu que agradeço por ele ter me deixado conhece-lo. – falei e a mulher me olhou com os olhos brilhando. Lhe sorri e ela me acompanhou até a saída. Quando cheguei até lá vi Taylor encostada em seu carro. Me aproximei e vi o grande portão do orfanato ser fechado.
- Nós vamos conseguir o garoto. – ela disse e eu sorri com sinceridade pra ela, a primeira vez que eu o fazia desde que a conheci.
- Quanto tempo? – perguntei com expectativas.
- Você deu sorte. – ela disse e eu arqueei uma sobrancelha.
- Como assim? – pergunte e ela sorriu sem mostrar os dentes,
- A senhora Mary e eu conhecemos a juíza da vara de família de Miami. E concordamos que você será uma boa mãe pra Allan, em um mês você terá o garoto com seu sobrenome na certidão dele. – a mulher disse e instintivamente eu a abracei. Logo depois percebendo a estranheza do meu ato e me arrependendo amargamente.
- Desculpa, não era a intenção. – Taylor olhava para o lado, menos pra mim e eu tratei de desviar os olhos.
- Tudo bem, eu entro em contato com você se precisar resolver algo. – ela disse e entrou em seu carro logo saindo dali.
Caminhei até meu carro e fui em direção a minha casa, precisando dormir pelo menos algumas horas antes de ir ver Bea e contar a novidade. Assim que cheguei em casa e tomei um banho, caí na cama. Meu celular tocou e eu me perguntei se as pessoas esperam que eu me deite pra poder me ligar. Vi o nome da Lauren e fiquei animada em contar a novidade pra ela.
- E ai, Sarocha. Sumiu, ta viva ainda? – perguntou assim que eu atendi com toda sua ironia, provavelmente chateada por eu ter sumido nos últimos dias, mas é compreensível. Eu estava tentando conquistar minha filha.
- E ai Laur. Tô bem . – falei e ela fez um som nasal concordando. – Tenho novidades pra te contar. – falei com um grande sorriso.
- Nada melhor que uma boa novidade. – ela disse.
- Eu vou adotar o Allan, já está tudo encaminhado. Talvez eu seja oficialmente mãe dele em um mês. – falei não contendo minha própria felicidade.
- VOCÊ O QUÊ, FREEN? – ela gritou e eu percebi que ela não gostou tanto assim da idéia.
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Daqui a pouco posto mas amores! Vou por meu celular pra carregar.
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My Mistakes - Freenbecky
RomantikUm casamento que durou poucos anos, uma separação de quatorze anos. Não existe mais sentimentos? O problema é quando o passado insisti em voltar. Com a doença da única filha os caminhos se cruzam mais uma vez. E se tais caminhos quiserem se entrelaç...