Juliette, jovem advogada, recém licenciada vivia um dos dias mais aguardados da sua vida.
Casada aos 17 anos por imposição dos pais e por não ter tido coragem de ir contra a sua vontade, vivia retida em casa, só lhe sendo permitida a saída para a faculdade.
Até mesmo o casamento foi realizado em casa perante apenas 2 testemunhas e o escrivão.
Os seus passos eram controlados ao pormenor e ela sabia que se não obedecesse nem à faculdade poderia ir.
Vivia assim dentro de casa, apenas estudando e pouco mais. Apenas saía com o marido.
Alfredo, o marido, era um homem bastante mais velho que ela. Homem de negócios, vivia exibindo a sua esposa junto aos seus aliados.
Em casa dormiam desde sempre em quartos separados. Juliette nunca teve intimidade com o marido e a princípio não entendeu o casamento.
Soube depois que foi moeda de troca num negócio com o pai.
Alfredo precisava de uma mulher bonita que pudesse apresentar como esposa.
Apesar das restrições em sair, Juliette nunca foi maltratada, muito pelo contrário. Sempre foi presenteada com jóias caras e roupas finas.
Em conversa com o pai, numa das vezes que pode visitá-lo, este disse que tinha feito um contrato com Alfredo. Nesse contrato ela deveria estar casada com ele pelo menos durante 8 anos ou ele iria preso.
Quis saber porquê e o pai apenas disse que envolvia um roubo. Não deu mais explicações nem ela as pediu. Apenas quis saber quando terminava o contrato.
Saiu dali dizendo para a esquecerem e a partir daquele dia nunca mais os viu.Dos negócios de Alfredo também não sabia nada nem procurava saber.
Juliette vivia dia após dia à espera que chegasse o dia da sua libertação.
Ansiava sair, conhecer pessoas novas, frequentar espaços de gente jovem e amar. Queria achar um amor, um namorado, um companheiro.
Alfredo chegou a casa ao final do dia como era habitual e foi confrontado por Juliette.
- Quando o contrato que fizeste com o meu pai terminar, o que vai acontecer? - Juliette sabia que tinha terminado há alguns dias.
- Que contrato? Eu não fiz contrato nenhum.
- O meu pai diz que há um contrato válido por oito anos.
- Eu comprei-te ao teu pai. Não há contrato nenhum. Tu és minha.
- Eu quero divorciar-me.
- Nunca. Sabes o que acontece ao teu pai?
- Não me interessa. Eu quero a minha liberdade. Nunca entendi o nosso "casamento".
- Eu preciso de ti como minha esposa. É vantajoso para os negócios.
- Em mim ninguém pensa. Alguma vez perguntaste se eu estava feliz aqui.
- Tens tudo. Jóias, roupas, sapatos, perfumes...
- Mas não tenho liberdade. Sinto-me prisioneira.
- Há tantas mulheres que dariam tudo para ter o que tu tens.
- Então dá a elas. Eu dispenso. Pede o divórcio ou pedirei eu.
- Eu nunca toquei em ti Juliette. Nunca fui violento contigo, então não me dês motivos para começar a ser.
- Agora que me formei eu quero começar a trabalhar.
- Eu arranjo-te um lugar no escritório da empresa.
- Eu aceito. - resolvi não prolongar a conversa. Havia de descobrir uma maneira de sair desta situação. Eu só precisava de uma oportunidade de sair de casa.