XVIII

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Já fazia dois meses desde que Rodolffo partiu.

Ele liga-me quase todos os dias.   Tem dias que falamos pouco porque as chamadas ficam ruins.

Ontem foi um desses dias.  Ele ligou e não conseguimos falar.

Eu tenho-me esforçado muito para administrar a empresa.  Com a ajuda do Samuel as coisas vão-se organizando.

Contratei o Rúben.  Licenciado em gestão,  tem sido uma peça fundamental no processo.

Loiro, musculado, um autêntico armário de duas portas.  Que ninguém me oiça, mas se eu não amasse tanto o meu moreno, tirava uma lasquinha.  E atencioso?  O homem é um gentlemen.   Hoje quando cheguei tinha uma jarra com rosas brancas na minha secretária.

- Para alegrar o seu dia, disse-me ele.

Hoje tinha muito trabalho.  Todos saíram para almoçar incluindo Bela.
Eu sempre almoçava com ela, mas hoje pedi para ela me trazer alguma coisa no regresso.

Quis fazê-la minha acessora, mas Bela adora o design e recusou.  Disse que me ajudava no que fosse preciso mas preferia ficar no posto dela.

Rúben regressou do almoço e ocupou a sua secretária no gabinete contíguo ao meu.

Nesse instante bateram à porta.

Deve ser Bela, falei.  Deixa estar Rúben.   Eu abro.

Abri a porta e na minha frente estava a visão mais maravilhosa do Universo.  O meu moreno.

- Ouvi dizer que precisavas de companhia para almoçar.

- Meu amor, que felicidade te ver.  Abracei-o beijei-o esquecendo que não estávamos sózinhos.

- Juliette,  quer que saia?

- Pode ficar.  Eu vou levar A MINHA MULHER, para almoçar, falei eu enfatizando "a minha mulher".

- Fiz as apresentações e saímos.

Saímos e no elevador matámos um pouco das saudades.

Fomos para o restaurante e Rodolffo explicou-me que assim que iniciaram a viagem, sabia que não queria ficar longe.  Reviu os termos do contrato e só precisava ficar dois meses para a rescisão.  Assim que atracaram em Milão,  pegou o primeiro voo para o Brasil.  Só a Bela sabia. Queria surpreender Juliette.

- Eu estava tão triste que ontem não falei contigo, direito.

- Foi de propósito para pensares que eu ainda estava em alto mar, mas tem uma coisa que eu não gostei.

- O quê,  amor meu.

- Aquele fulano lá junto contigo.  Não gostei mesmo nada.  Tem cara de safado.

- O Rúben?  É boa pessoa e óptimo profissional.

- Naaaaaann!  O meu santo não bateu com o dele.  E as flores na tua secretária,  aposto que é coisa dele.

- Foi mesmo, mas não tem nada.  Ele só quis ser gentil.

- Não quero falar mais dele, mas vou ficar de olho, viu?  Como tem sido tudo por aqui?

- Muito trabalho, mas muita recompensa também.

Conversaram durante muitas horas.

Juliette não regressou ao escritório.  Foram a casa dos pais de Rodolffo buscar umas roupas e foram ficar num hotel.  Queriam uns momentos a sós.  Tinham muito que falar, mas muita saudade para matar.

Fuga DuplaOnde histórias criam vida. Descubra agora